Olhar o
crucifixo para superar os desertos da nossa vida
Na homilia da
missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco convidou os fiéis a
olharem para o crucifixo todas as vezes que sentirem cansados diante das
dificuldades da vida.
Cidade do
Vaticano – Olhar o Crucifixo nos momentos difíceis, quando o coração está
deprimido: este é o convite que o Papa Francisco fez na homilia da missa
celebrada na Casa Santa Marta (20/03).
O Pontífice
iniciou a sua reflexão a partir da Primeira Leitura (Nm 21,4-9), na qual se
narra a desolação vivida pelo povo de Israel no deserto e o episódio das
serpentes que mordem o povo. Tiveram fome e Deus respondeu com o maná e depois
com as codornas, tiveram sede e Deus lhes deu água. Depois, com o aproximar-se
da terra prometida, alguns deles manifestaram ceticismo porque os espiões
enviados por Moisés tinham dito que era uma terra rica de frutas e de animais,
mas habitada por um povo alto e forte, bem armado. E, portanto, expressavam as
razões do perigo de ir ali.
“Olhavam para a
própria força e tinham se esquecido da força do Senhor, que os havia libertado
da escravidão de 400 anos”, notou o Papa.
Memória doentia
Em síntese, “o
povo não suportou a viagem”, assim como as pessoas que “iniciam uma vida para
seguir o Senhor”, mas a um certo ponto as provações as superam. É aquele
momento da vida em que alguém diz: “Chega! Eu paro e volto para trás” e se
pensa com remorso sobre o passado: “quanta carne, quantas cebolas, quantas
coisas boas comiam ali”.
O Papa convidou,
porém, a ver a parcialidade desta “memória doentia”, desta saudade distorcida
porque aquela era a refeição da escravidão, quando eram escravos no Egito.
Essas são as
ilusões que o diabo traz: mostra o lado bom de algo que você deixou, do qual
você se converteu no momento da desolação do caminho, quando você ainda não
chegou à promessa do Senhor. É um pouco como o caminho da Quaresma. Sim,
podemos pensar assim; conceber a vida como uma Quaresma: sempre existem as
provações e as consolações do Senhor, tem o maná, a água, existem os pássaros
que nos dão de comer… mas aquela comida era melhor. Mas não se esqueça que
comia à mesa da escravidão!
Criticar Deus é
envenenar a alma
Esta experiência
– destacou o Papa – acontece com todos nós quando queremos seguir o Senhor, mas
nos cansamos. Mas o pior é que o povo criticou Deus e “criticar Deus é
envenenar a alma”. Talvez alguém pensa que Deus não o ajude ou que tem que
superar muitas provações. Sente o “coração deprimido, envenenado”. E as
serpentes, que mordiam o povo como narra a Primeira Leitura, são exatamente “o
símbolo do envenenamento”, da falta de constância em seguir o caminho do
Senhor.
Moisés, então,
intercede junto ao Senhor, que responde pedindo que faça uma serpente de bronze
e a coloque no alto de uma haste. Esta serpente curava todos os que haviam sido
atacados pelas serpentes por ter criticado Deus: “Esta serpente era profética:
era a figura de Cristo sobre a cruz”.
Está aqui a
chave da nossa salvação, a chave da nossa paciência no caminho da vida, a chave
para superar os nossos desertos: olhar o crucifixo. Olhar Cristo crucificado.
“E o que devo fazer, Padre?” – “Olhar. Olhar as Chagas. Entre nas Chagas”. Por
aquelas Chagas fomos curados. Você se sente envenenado, triste, sente que a sua
vida não tem sentido, está cheia de dificuldades e de doenças? Olhe para lá.
Olhar para o
crucifixo
Nesses momentos,
portanto Francisco convida a olhar “o crucifixo feio, isso é o real” porque “os
artistas fizeram crucifixos bonitos, artísticos”, alguns de ouro e pedras
preciosas. E isso - destaca – “nem sempre é mundanidade” porque quer significar
“a glória da cruz, a glória da ressurreição”. “Mas quando você se sente desse
jeito, veja isso: antes da glória”, ressalta o Papa.
Então Francisco
recorda de quando era criança e ia com a sua avó na Sexta-feira Santa: fazia-se
a procissão de velas na paróquia e vinha o Cristo deitado em mármore, em
dimensões naturais. E quando chega o Cristo deitado, a avó nos fazia ajoelhar:
“Olhe bem para ele” - dizia – “mas amanhã ele ressuscitará!”. De fato, naquela
época, antes da reforma litúrgica de Pio XII, a ressurreição se celebrava na
manhã de sábado, não no domingo. E então, a avó, na manhã de sábado, quando se
ouviam os sinos da ressurreição, nos fazia lavar os olhos com água, para ver a
glória de Cristo.
Ensinem seus filhos a olhar para o crucifixo e para a glória de Cristo. Mas
nós, nos maus momentos, em momentos difíceis, envenenados um pouco por ter dito
em nossos corações qualquer desilusão contra Deus, olhemos para as feridas.
Cristo elevado como a serpente: porque ele se fez serpente, ele se aniquilou
para vencer “a serpente do mal”. Que a Palavra de Deus hoje nos ensine este
caminho: olhar para o crucifixo. Acima de tudo, no momento em que, como povo de
Deus, nos cansamos da viagem da vida.
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Assista:
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Fonte: www.vaticannews.va
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