Viver a Quaresma sem idolatrias
Na oração
mariana deste domingo, o Papa Francisco repetiu as palavras de Jesus no templo:
Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!
Cidade do
Vaticano - No Angelus deste domingo, rezado com milhares de peregrinos na
Praça S. Pedro, o Papa Francisco comentou o Evangelho deste III domingo da
Quaresma. Eis as palavras do Pontífice:
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho
de hoje apresenta, na versão de João, o episódio em que Jesus expulsa os
mercantes do templo de Jerusalém (cfr Jo2,13-25). Ele fez este gesto com a
ajuda de um chicote de cordas, derrubou as mesas e disse: « Não façais da casa
de meu Pai uma casa de comércio!» (v. 16). Esta ação firme, realizada perto da
Páscoa, impressionou a multidão e suscitou a hostilidade das autoridades
religiosas e das pessoas que se sentiram ameaçadas em seus interesses
econômicos.
Mas como
devemos interpretá-la? Certamente não era uma ação violenta, tanto é verdade
que não provocou a intervenção dos responsáveis pela ordem pública. Foi
interpretada como uma ação típica dos profetas, os quais com frequência
denunciavam, em nome de Deus, abusos e excessos. A questão que se colocou foi a
da autoridade. De fato, os judeus perguntaram a Jesus: «Que sinal nos mostras
para agir assim?» (v. 18), como que pedindo a demonstração de que Ele agia
realmente em nome de Deus.
Para
interpretar o gesto de Jesus de purificar a casa de Deus, os seus discípulos se
serviram de um texto bíblico extraído do salmo 69: «O zelo por tua casa me
consumirá» (v. 17). Este salmo é uma invocação de ajuda numa situação de
extremo perigo por causa do ódio dos inimigos: a situação que Jesus viverá na
sua paixão. O zelo pelo Pai e por sua casa o levará até a cruz: o seu é o zelo
do amor que leva ao sacrifício de si, não aquele falso que pensa de servir Deus
mediante a violência. De fato, o “sinal” que Jesus dará como prova da sua
autoridade será justamente a sua morte e ressurreição: «Destruí este templo –
diz – e em três dias eu o levantarei » (v. 19). E o evangelista comenta: «Mas
Jesus estava falando do templo do seu corpo» (v. 21). Com a Páscoa de Jesus,
tem início um novo culto, o culto do amor, e um novo templo que é Ele próprio.
A atitude de
Jesus narrada na página de hoje do Evangelho nos exorta a viver a nossa vida
não em busca de vantagens e interesses, mas pela glória de Deus que é o amor.
Somos chamados a ter sempre presentes aquelas palavras fortes de Jesus « Não
façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!» (v. 16). Elas nos ajudam a
refutar o perigo de fazer da nossa alma, que é morada de Deus, um lugar de
comércio, vivendo na busca contínua da nossa recompensa, ao invés que no amor
generoso e solidário. Este ensinamento de Jesus é sempre atual, não somente
para as comunidades eclesiais, mas também para os indivíduos, para as
comunidades civis e para as sociedades.
De fato, é
comum a tentação de aproveitar de atividades benéficas, às vezes obrigatórias,
para cultivar interesses privados, se não até mesmo ilícitos É um grave perigo,
especialmente quando instrumentaliza o próprio Deus e o culto a Ele devido, ou
o serviço ao homem, sua imagem. Por isso, Jesus naquela vez usou modos firmes
para nos alertar deste perigo mortal.
Que a Virgem
Maria nos ampare no esforço de fazer da Quaresma uma boa ocasião para
reconhecer Deus como único Senhor da nossa vida, tirando de nosso coração e de
nossas obras toda forma de idolatria.
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Fonte: www.vaticannews.va
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