terça-feira, 27 de março de 2018

As vozes dos jovens autores da Via Sacra no Coliseu:

“Eu vejo Jesus”:
Entramos na escola Albertelli de Roma, onde estudam alguns dos jovens que o Papa Francisco pediu para escrever as meditações da Via Sacra deste ano. Greta, 18 anos: em Jesus sem roupa, vejo os migrantes que perdem tudo e depois são despojados também de sua dignidade. Andrea Monda, professor de religião: eles precisam de adultos críveis, que saibam escutá-los, mas também que lhes permitam se exprimir”.
Cidade do Vaticano Na Sexta-feira Santa, o Papa Francisco, os fiéis reunidos no Coliseu, e milhões de telespectadores conectados em todo o mundo reviverão a Paixão de Cristo ajudados pelas suas meditações nas 14 estações da Via Sacra: são jovens de 16 a 20 anos coordenados por Andrea Monda, professor de religião jornalista e escritor. Entramos na escola Albertelli de Roma e conversamos com quatro delas, quatro jovens que estão se preparando para a Universidade.
Nos textos da Via Sacra no Coliseu, a interioridade da juventude de hoje
Cecilia Nardini, que escreveu a meditação da sexta estação, “Verônica enxuga o rosto de Jesus”, nos diz que a mulher no Gólgota não presta atenção ao rosto deformado de Cristo, mas o ajuda, enquanto no mundo de hoje as aparências são o que nos fazem julgar uma pessoa. Sofia Russo, a colega que meditou sobre o encontro de Jesus com as mulheres, da oitava estação, conta que não gosta da falta de clareza que existe também entre “nós jovens, enquanto me chama a atenção  - disse - como Jesus adverte as mulheres não para julgá-las, mas para trazê-las de volta ao caminho certo”.
Conversamos depois com Greta Giglio, que refletiu sobre a décima estação e sobre Jesus, que é despojado de suas vestes antes da crucificação. Em Jesus privado de tudo, até da roupa, - diz a jovem -, vejo as pessoas que vêm até nós, “muitas vezes privadas de suas casas e de todos os seus bens, e quando chegam aqui, também da dignidade”. Enfim, para Greta Sandri, que meditou sobre Jesus pregado na Cruz, a décima primeira estação, perguntamos o que ela teria feito se realmente estivesse em Jerusalém naquele dia. “Condicionada pela multidão - ela confidencia - acho que também eu o teria condenado, e depois me arrependeria. Talvez não teria a força para ver imediatamente a verdade”.
Na conclusão, falamos também com Andrea Monda, que coordenou o trabalho dos 15 autores, doze moços e três moças. “Eles estão sozinhos em um mundo que os bombardeia com mensagens e imagens - nos diz - e precisam de adultos críveis, que saibam escutá-los, mas também que lhes permitam de se exprimir”.
...........................................................................................................................................................
De Buenos Aires a Roma no livro:
“Francisco, o Papa americano”
Apresentado em Milão o livro “Francisco, o Papa americano” de Silvina Pérez e Lucetta Scaraffia. No ágil volume o perfil de Bergoglio e os primeiros cinco anos do pontificado de Francisco, com o acréscimo de seus escrito “História de uma vocação”
Cidade do VaticanoO Papa Francisco é o primeiro Papa americano na história da Igreja e é o primeiro a escolher o nome de Francisco. Dois elementos que abrem um horizonte sem precedentes no qual encontram palavras de explicação e gestos, às vezes desorientadores, desses primeiros cinco anos de seu pontificado.
As raízes de Francisco na Argentina
Mas Francisco não se improvisa, afunda as raízes naquele Jorge Mario Bergoglio, sacerdote, jesuíta, bispo e finalmente cardeal em sua Buenos Aires. Precisamos olhar para aquela cidade argentina, longe de Roma, para entender plenamente a sua atenção, desde o começo, aos pobres, a insistência sobre a “misericórdia”, a escolha das primeiras viagens, a residência na Casa Santa Marta.

Muito útil, nesse sentido, a primeira parte do livro publicado por “Vita e Pensiero”: “Francisco, um Papa americano”, escrito por Silvina Perez, jornalista ítalo-argentina do “Osservatore Romano”. Páginas densas repercorrem os anos da ditadura na Argentina e a escolha de seu pai Bergoglio “de agir às sombras para salvar o maior número de pessoas possível”.

Os anos da crise e da pobreza
E depois os anos da grande crise política, social e econômica no início dos anos 2000, que jogou um povo na pobreza. Descreve-se a sua proximidade concreta às pessoas, as visitas aos bairros mais miseráveis, mas não para levar Jesus mas para encontrá-lo nos pobres.

“Muitos notaram que o Pontífice é o primeiro Papa a ter sido bispo de uma grande metrópole contemporânea, uma cidade atravessada por contradições marcantes, como Buenos Aires, onde convivem riqueza e pobreza extremas - diz Gian Maria Vian, diretor do “Osservatore Romano” que assina a introdução do livro - e se sabe que o arcebispo costumava visitar regularmente as “villas miseria”. Uma atenção aos pobres, que lhe é recordada, como disse o próprio Papa, por um seu co-irmão cardeal que estava ao seu lado no momento da eleição, e que lhe disse: “recorde-se dos pobres”.

Os marginalizados de Buenos Aires
Assim, lê-se no texto de Pérez, é precisamente nas “áreas perdidas de Buenos Aires, que o arcebispo Bergoglio forjou a sua pastoral da misericórdia”. E é no documento de Aparecida, que reúne os trabalhos da 5ª Conferência Geral do episcopado latino-americano em 2007, que esclarece sua ideia de Igreja, definida repetidamente depois, como Papa, como “hospital de campo”. Perez escreve que o documento de Aparecida é “uma espécie de manifesto das ideias do futuro papa: a primazia da graça, da misericórdia, a coragem apostólica, a visão de uma Igreja que não regulamenta a fé, mas a facilita e se oferece a todos”.
Os primeiros 5 anos pelo papa
De Bergoglio a Papa Francisco: é uma reconstrução que faz Lucetta Scaraffia, escritora e historiadora, na segunda parte do livro “Francisco, o Papa americano” dos 5 anos de Pontifício apenas celebrado, e que se desenvolve a partir da escolha do nome. Pobreza e pobres as palavras mais pronunciadas:

“Usar o termo 'pobres' significava chamar a atenção do mundo sobre pessoas em carne e osso que estão sofrendo aqui e hoje” - escreve Scaraffia - que continua: “Teve um certo efeito, na Praça São Pedro lotada para o anúncio, ouvir novamente falar sobre os pobres. Parecia uma coisa antiga, e todos pensavam nas grandes periferias das cidades da América Latina, onde talvez o papa, tivesse visto os pobres, face a face.

As viagens, os diálogos
Em seguida, passa-se à análise das viagens internacionais, à atenção às famílias feridas, às reflexões sobre o papel da mulher na Igreja, ao diálogo com outras religiões e às diversas confissões e igrejas cristãs. Finalmente, a reforma da Cúria, “um canteiro de obras aberto”. Sem esquecer o grande consenso, mas também as críticas feitas ao Papa Francisco.
Francisco, um Papa missionário
“Tendo que escolher uma palavra para sintetizar Papa Bergoglio, eu diria apenas que o Papa é um “missionário”- afirma Vian - ele tem apenas uma intenção: levar todos a Jesus. Ele disse isso com extrema clareza em 9 de março de 2013, quando aos cardeais reunidos no Conclave, ele descreveu o novo Papa que devia ser eleito, e que, quatro dias depois, teria sido ele. Um homem que ajude a Igreja a 'sair', sair para anunciar o Evangelho. Então, provavelmente - conclui o diretor do jornal do Vaticano - é também o homem que, como São João Paulo II ajudou a derrubar o muro entre o Oriente e o Ocidente, talvez esteja ajudando a derrubar as barreiras entre o Norte e o Sul do mundo.
..................................................................................................................................................
                                                                                                        Fonte: www.vaticannews.va

Nenhum comentário:

Postar um comentário