Respeito pelos trabalhadores deve marcar processo produtivo
Cidade do Vaticano (RV) - “Que São José dê aos jovens a capacidade de sonhar, de se arriscar por grandes coisas, as coisas que Deus sonha para nós”. Com este tweet, o Papa Francisco dirige-se neste Dia de São José Operário e Dia do Trabalhador aos jovens do mundo inteiro, justamente eles que seguidamente sofrem com o desemprego.
Um convite, portanto, a não se desencorajarem diante das dificuldades, mas em renovarem a confiança e unirem-se em iniciativas e projetos criativos, como um novo estilo, o da fraternidade.
São José Operário |
A crise no trabalho afeta todo o mundo. O Papa Francisco propõe portanto, uma receita antiga, mas sempre nova, a fraternidade. O faz em uma mensagem dirigida à Pontifícia Academia das Ciências Sociais, que até a terça-feira, 2 de maio, realiza no Vaticano sua Assembleia Plenária. O organismo da Santa Sé é presidido por Margaret Archer.
O Santo Padre defendeu a necessidade de uma reflexão global sobre o “trabalho justo” e o respeito pela dignidade humana, a começar no “processo produtivo”.
“O trabalho justo é aquele que não só assegura uma remuneração com equidade, mas também o que corresponde à vocação da pessoa e, por isso, é capaz de desenvolver as suas capacidades”, refere o Pontífice na mensagem.
O Papa observa que o trabalho transforma a pessoa e, por isso, tem uma dimensão moral.
“O trabalho não é um mero fator da produção que, como tal, deva adequar-se às exigências do processo produtivo, para lhe aumentar a eficiência. Pelo contrário, é o processo produtivo que tem de ser organizado de forma a permitir o crescimento humano das pessoas, a harmonia dos tempos de vida familiar e laboral”, escreve.
Francisco propõe o alargamento da noção de “justiça” para além do “momento distributivo da riqueza”, para que esta possa chegar ao momento da “produção”.
“É preciso também perguntar se o processo produtivo se desenvolve ou não no respeito pela dignidade do trabalho humano, se respeita os direitos humanos fundamentais, se é compatível com a norma moral”, acrescenta.
Comemora-se, neste 1º de maio, o Dia Mundial do Trabalhador |
O Papa recorda a Doutrina Social da Igreja e o ensinamento dos seus predecessores para apresentar a fraternidade como “princípio regulador da ordem econômica”.
“É preciso remediar o erro da cultura contemporânea, que fez crer que uma sociedade democrática pode progredir mantendo separados o código da eficiência e o código da solidariedade”, sublinha.
Francisco refere que é necessário procurar um “caminho de saída da sufocante alternativa” entre teses do neoliberalismo e do neoestatismo.
“É urgente intervir sobre as causas do mau funcionamento, sobretudo no campo financeiro, em vez de limitar-se a corrigir os seus efeitos.”
O Papa diz que as guerras, as mudanças climáticas e as desigualdades são as causas da “maior migração forçada” da história da humanidade, que atinge hoje “mais de 65 milhões de pessoas”.
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Fonte: radiovaticana.va (MJ/Agência Ecclesia) 1ª Ilustração: freifrancisco.com.br
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Mensagem da CNBB aos trabalhadores (as) do Brasil Fonte: radiovaticana.va (MJ/Agência Ecclesia) 1ª Ilustração: freifrancisco.com.br
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“Encorajamos
a organização democrática e mobilizações pacíficas”
AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL
MENSAGEM DA CNBB
“Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho” (Jo 5,17)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – SP, em sua 55ª Assembleia Geral Ordinária, se une aos trabalhadores e às trabalhadoras, da cidade e do campo, por ocasião do dia 1º de maio. Brota do nosso coração de pastores um grito de solidariedade em defesa de seus direitos, particularmente dos 13 milhões de desempregados.
O trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa, constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna.
Ao longo da nossa história, as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras pela conquista de direitos contribuíram para a construção de uma nação com ideais republicanos e democráticos. O dia do trabalhador e da trabalhadora é celebrado, neste ano de 2017, em meio a um ataque sistemático e ostensivo aos direitos conquistados, precarizando as condições de vida, enfraquecendo o Estado e absolutizando o Mercado. Diante disso, dizemos não ao “conceito economicista da sociedade, que procura o lucro egoísta, fora dos parâmetros da justiça social” (Papa Francisco, Audiência Geral, 1º. de maio de 2013).
Nessa lógica perversa do mercado, os Poderes Executivo e Legislativo reduzem o dever do Estado de mediar a relação entre capital e trabalho, e de garantir a proteção social. Exemplos disso são os Projetos de Lei 4302/98 (Lei das Terceirizações) e 6787/16 (Reforma Trabalhista), bem como a Proposta de Emenda à Constituição 287/16 (Reforma da Previdência). É inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade.
Irmãos e irmãs, trabalhadores e trabalhadoras, diante da precarização, flexibilização das leis do trabalho e demais perdas oriundas das “reformas”, nossa palavra é de esperança e de fé: nenhum trabalhador sem direitos! Juntamente com a Terra e o Teto, o Trabalho é um direito sagrado, pelo qual vale a pena lutar (Cf. Papa Francisco, Discurso aos Movimentos Populares, 9 de julho de 2015).
Encorajamos a organização democrática e mobilizações pacíficas, em defesa da dignidade e dos direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras, com especial atenção aos mais pobres.
Por intercessão de São José Operário, invocamos a benção de Deus para cada trabalhador e trabalhadora e suas famílias.
Aparecida, 27 de abril de 2017
Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de Brasília-DF - Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger - Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA - Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília-DF - Secretário-Geral da CNBB
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Fonte: cnbb.org.br
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