quinta-feira, 4 de maio de 2017

55ª Assembleia Geral da CNBB

Dom Jaime Spengler
preside missa e recorda os fieis e religiosos enfermos

No penúltimo dia da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a missa celebrada no Santuário Nacional da Aparecida (SP) foi presidida pelo arcebispo de Porto Alegre e presidente do Regional Sul 3, dom Jaime Spengler.
Na homilia, o arcebispo recordou os fieis doentes, em especial, os idosos, presbíteros e bispos eméritos que estão com a saúde debilitada. Dom Jaime fez referência ainda ao Evangelho de São João quando Filipe pergunta ao etíope se ele compreende o que está lendo.
Dom Jaime na homilia
“No processo da evangelização é determinante importante promover o contato com a palavra do Senhor, sua leitura e interpretação, especialmente, quando realizado em comunidade. Essa forma é primordial para recuperar a experiência vivificadora de Cristo ressuscitado. Verdadeiro alento de toda a comunidade cristã”.
O arcebispo de Porto Alegre destacou ainda que anunciar a verdade de Cristo é indicar o caminho da vida.
“Transmitir a fé, iniciar alguém na vida cristã implica a apresentação de um itinerário místico. Esse itinerário é graça que torna adolescentes, jovens e adultos capazes de ouvir o Pai alimentar-se com o pão da vida e atestar que Deus é visível já agora pela fé”.
Ao finalizar a homilia, dom Jaime falou que a tão desejada renovação de nossas comunidades chegará se levada por caminhos abertos pelo Espírito de Jesus e seu Evangelho como indica o processo da iniciação à vida cristã.
“A verdadeira conversão que a igreja necessita é decidida nas comunidades onde a Palavra e a Eucaristia encontram ressonância na vida de quem se sabe discípulo e, por isso, bem disposto pera os desafios do Reino”, e finalizou, pedido a Deus que ajude todos os fieis e religiosos a serem no mundo testemunhas críveis do Evangelho do ressuscitado, crucificado.
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Bispos fazem balanço e divulgam nota sobre momento nacional


O episcopado brasileiro, reunido em Assembleia Geral, em Aparecida (SP), emitiu Nota Oficial sobre o momento que o Brasil atravessa nos últimos tempos. Na véspera do encerramento do encontro anual dos bispos, a presidência da CNBB fez um balanço dos trabalhos e leu a Nota para os jornalistas.
Dom Murilo - Dom Sergio - Dom Leonardo
O Brasil é “um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”, afirmam os bispos. E advertem: “Urge retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais”.
Leia a Nota na íntegra:
O GRAVE MOMENTO NACIONAL
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, por ocasião de sua 55ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida-SP, de 26 de abril a 5 de maio de 2017, sente-se no dever de, mais uma vez, apresentar à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil. Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de “uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação” (Bento XVI – Caritas in Veritate, 9).
O que está acontecendo com o Brasil? Um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais (cf. Documentos da CNBB 50– Ética, Pessoa e Sociedade – n. 130)
O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro.
É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos.
Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital (cf. Evangelii Gaudium, 53-57). Em nome da retomada do desenvolvimento, não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar” (Evangelii Gaudium 58).
O desenvolvimento social, critério de legitimação de políticas econômicas, requer políticas públicas que atendam à população, especialmente a que se encontra em situação vulnerável. A insuficiência dessas políticas está entre as causas da exclusão e da violência, que atingem milhões de brasileiros. São catalisadores de violência: a impunidade; os crescentes conflitos na cidade e no campo; o desemprego; a desigualdade social; a desconstrução dos direitos de comunidades tradicionais; a falta de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; a degradação ambiental; a criminalização de movimentos sociais e populares; a situação deplorável do sistema carcerário. É preocupante, também, a falta de perspectivas de futuro para os jovens. Igualmente desafiador é o crime organizado, presente em diversos âmbitos da sociedade.
Nas cidades, atos de violência espalham terror, vitimam as pessoas e causam danos ao patrimônio público e privado. Ocorridos recentemente, o massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres. Essas ocorrências exigem imediatas providências das autoridades competentes na apuração e punição dos responsáveis.
No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade.
Não há futuro para uma sociedade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade. Por isso, urge a construção de um projeto viável de nação justa, solidária e fraterna. “É necessário procurar uma saída para a sufocante disputa entre a tese neoliberal e a neoestatista (…). A mera atualização de velhas categorias de pensamentos, ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisões coletivas, não é suficiente. É necessário buscar caminhos novos inspirados na mensagem de Cristo” (Papa Francisco – Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – 24 de abril de 2017).
O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada.
A CNBB está sempre à disposição para colaborar na busca de soluções para o grave momento que vivemos e conclama os católicos e as pessoas de boa vontade a participarem, consciente e ativamente, na construção do Brasil que queremos.
No Ano Nacional Mariano, confiamos o povo brasileiro, com suas angústias, anseios e esperanças, ao coração de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Deus nos abençoe!
Aparecida – SP, 3 de maio de 2017.
 Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de Brasília-DF - Presidente da CNBB                        
Dom Murilo S. R. Krieger - Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA - Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília-DF - Secretário-Geral da CNBB
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Encontro de gerações entre
o bispo mais idoso e o mais jovem na 55ª Assembleia Geral

52 anos. Esta é a diferença de idade entre o dom José Maria Pires, 98 anos, bispo emérito da Paraíba (PB) e dom Geovane Luís da Silva, 46 anos, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG). Em um encontro de gerações entre o mais idoso e o mais jovem bispo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil presentes na 55ª Assembleia Geral eles se saúdam e se acolhem, apontando os desafios de ser bispo na Igreja no Brasil.
Dom José Maria, cuja ordenação episcopal foi em 22 de setembro de 1957, acolhe dom Geovane Luís e todos novos bispos, desafiando-os a ser não os bispos que mandam, mas os que orientam e caminham junto ao povo. Segundo o mais idoso bispo emérito presente na 55ª Assembleia Geral, a Igreja e os bispos não podem estar separados do mundo. “É necessário caminhar e sofrer as dores do povo”, disse.
Dom Geovane Luís e Dom José Maria
A primeira palavra do bispo auxiliar de Belo Horizonte, ordenado 27 de maio de 2017, aos bispos eméritos do Brasil é de gratidão. “Muita gratidão aos irmãos bispos eméritos que nos precederam no anúncio da Boa Nova e na formação de comunidades cristãs”.
Estes, para o dom Geovane, ainda hoje mantém acesa no coração a chama da esperança e oferecem à Igreja o testemunho da fé e do amor aos mais sofridos. “Eles são as centelhas vivas do Evangelho”, disse o mais novo pastor.
Natural de Córregos (MG), dom José Maria foi ordenado padre em 20 de dezembro de 1941, em Diamantina (MG). Como bispo, foi presidente da Comissão Episcopal do Nordeste 2. Entre outros, é autor do livro “Do Centro para a Margem”, da editora Vozes, entre outros.
Dom Geovane Luis nasceu em Barbacena (MG), em 21 de junho de 1971. Entre outras funções, foi vigário paroquial da paróquia Santa Ifigênia, em Ouro Preto, professor de Teologia Sacramental, formador no seminário São José em Mariana (MG). Também participou da comissão do processo de beatificação de dom Antônio Ferreira Viçoso, Isabel Cristina Campos e de dom Luciano Mendes de Almeida.
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Assista:
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  Fontes: cnbb.net.br  a12.com    Fotos: Reprodução portal A12.com   Maurício Sant’ana

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