Divina Misericórdia
Nesse tempo da celebração da Páscoa de Jesus, só podemos compreendê-la pelo ato
misericordioso de Deus. Ele, o Filho, poderia ter mandado seus anjos liquidarem
com seus opositores que o queriam prender e matar. Mas, qual manso cordeiro,
não agrediu nem se vingou. Ao contrário, do alto da cruz até pediu perdão ao
Pai por quem o fazia agonizar e morrer. Ele veio nos provar que todo tipo de
agressão e vingança só faz mal a quem as causa, qual feitiço que cai
sobre o feiticeiro. Só vence quem também é misericordioso, perdoa, faz o bem a
quem lhe faz o mal... dá a vida para quem a perde, cuida dos mais necessitados,
não faz nada para aparecer, não dá banquete só para os amigos, não trai a
consciência do bem, da ética, da moralidade, da fidelidade e da dignidade da
família...
Os primeiros
cristãos mostraram exemplarmente sua vida misericordiosa. Viviam unidos,
repartiam seus bens com os mais necessitados, viviam na simplicidade,
frequentavam assiduamente a comunidade, reunindo-se para a oração e a comunhão
fraterna... (Cf. Atos 2.21-47).
Pedro enaltece a
Deus por Ele ser imensamente misericordioso, pois, através da ressurreição do
Filho nos deu o direito de viver uma vida completamente nova aqui na terra e,
depois desta, ter a vida eterna feliz. Mas isso requer, de nossa parte, a fé
nele, tendo a certeza de que Ele, como Deus, nos garante o prêmio depois de uma
vida de seguimento à sua pessoa e de seus ensinamentos. Afinal, não
estamos acreditando somente em palavras de um homem. Ele ressuscitou e provou,
assim, ter o poder e ser realmente Deus (Cf. 1 Pedro1,3-9).
O fato da
ressurreição do Filho de Deus mostra sua grande misericórdia para conosco,
pois, nada merecemos e nada acrescentamos em benefício dele. No entanto, como
fonte do amor, Ele só quer o nosso bem. Ele fez o que fez para nos mostrar
também que devemos fazer o mesmo para com o semelhante, tendo os efeitos de
benefício para nós mesmos. É o amar por amar e não para obter vantagens. Isso
caracteriza a misericórdia. É isso que precisamos para cuidar e promover a vida
neste planeta.
Jesus tinha
compaixão do povo, por ser como ovelhas sem pastor. Ele resolveu ser o Pastor
para dar vida a todos. Se aprendermos com Ele, seremos também doadores de vida
ao planeta e a tudo o que ele contém, principalmente o ser humano. Precisamos
aprender com a divina misericórdia a preservarmos e promover vida digna para
todos... dentro do lar, nas profissões, na política e em todo o tipo de
convivência humana. Assim teremos mais vida de qualidade para todos nós.
Os sinais das
chagas, ou estigmas nas mãos, nos pés e no lado esquerdo do peito de Jesus
mostram sua grande misericórdia para conosco. Tomé, mesmo depois de duvidado da
ressurreição de Jesus, vendo seus estigmas se converteu e se colocou junto aos
demais apóstolos para anunciar sua misericórdia divina para todos! (Cf. João
20,19-31)
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
...........................................................................................................................................
Fonte: cnbbleste2.org.br Ilustração: saopedroesaopaulo.com.br
............................................................................................................................................................
............................................................................................................................................................
O Domingo da Divina Misericórdia
No segundo
domingo da Páscoa, conhecido também como “Domingo Branco”, muitas pessoas
recordam o dia da sua Primeira Comunhão, ou da sua Comunhão Solene. Isso
porque, em anos idos, era neste dia que se celebrava, preferencialmente, a
primeira comunhão das crianças. Era uma bonita forma ligar a Eucaristia à
Páscoa, completando, desta forma a alegria pela ressurreição de Jesus.
Também no
segundo domingo da Páscoa a Igreja celebra a Divina Misericórdia,
convidando-nos a nos aproximarmos de Deus sem medo de sermos menosprezados ou
rejeitados. É um ensino bastante diferente daquilo que muitos de nós aprendemos
na infância, quando éramos alertados a ter medo de Deus porque Ele nos iria
castigar pelos pecados cometidos. Aliás, ainda hoje é comum escutar a afirmação
de que “Deus não mata, mas castiga”.
A motivação para
colocar o segundo domingo da Páscoa como o Domingo da Divina Misericórdia,
encontra amparo na consciência de que “foi na ressurreição que o Filho de Deus
experimentou de modo radical a misericórdia do Pai, que é mais forte do que a
morte” (João Paulo II, Carta Encíclica Dives in Misericordia). Depois
de ter passado pela dor do abandono e pela morte na cruz, “Cristo revelou o
Deus do amor misericordioso, precisamente porque aceitou a Cruz como caminho
para a ressurreição”. A experiência que o próprio Cristo fez da misericórdia do
Pai, levou-o a nos ensinar que Deus é Pai de Misericórdia, que vai ao encontro
do filho que o havia abandonado cobrindo-o de beijos, conforme nos ensina a
parábola do Pai de Misericórdia, também conhecida como Parábola do Filho
Pródigo (Lc 15,11-32).
Enquanto nos debruçamos
sobre a misericórdia divina, somos também desafiados a fazermos da misericórdia
uma das nossas virtudes cotidianas. João Paulo II dizia que “a
mentalidade contemporânea tende a tirar do coração humano a idéia da
misericórdia”. Em seu lugar, prefere a palavra “justiça”, que muitas vezes é
usada como sinônimo de “vingança”. É o que se percebe em algumas manifestações
populares onde a racionalidade cede lugar ao ódio.
João Paulo II
prega que “o amor se transforma em misericórdia quando vai além da norma exata
da justiça; norma precisa e, muitas vezes, por demais restrita”. É o que Jesus
propõe ao dizer que são “felizes os misericordiosos” porque também eles
“encontrarão misericórdia” (Mt 5,7).
Faço votos que
nos abramos à misericórdia de Deus e acolhamos o dom da paz que nos é almejado
pelo Ressuscitado. Ao mesmo tempo convido a nos empenharmos a também sermos
misericordiosos e promotores da paz.
Dom Canísio
Klaus - Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
.................................................................................................................................
Fonte: cnbb.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário