Atenção ao uso distorcido das biotecnologias
O Pontífice
agradeceu a comissão italiana pelo trabalho desempenhado na Presidência do
Conselho de Ministros nos vinte e cinco anos de sua criação. “Os temas e
questões que essa comissão aborda são importantes para o homem atual, seja como
indivíduo seja na dimensão relacional e social, começando da família até as
comunidades local, nacional e internacional, e o cuidado da criação”, disse
Francisco.
Papa com os membros da Comissão Nacional de Biotecnologia |
“Javé Deus tomou
o homem e o colocou no jardim de Éden, para que o cultivasse e guardasse”, diz
o Livro do Gênesis (2, 15). O Papa citou o livro bíblico para ressaltar que a
cultura à qual os membros da comissão “são representantes críveis no campo das
ciências e tecnologias da vida, traz consigo a ideia de cultivação”.
“Ela expressa
bem a tensão para fazer crescer, florir e frutificar, através do engenho
humano, o que Deus colocou no mundo. Não podemos nos esquecer que o texto
bíblico nos convida também a custodiar o jardim do mundo”, destacou.
“Conforme
escrevi na Encíclica ‘Laudato si’, enquanto cultivar significa
arar ou trabalhar um terreno, custodiar significa proteger, cuidar,
preservar, conservar e vigiar. Isso requer uma relação de reciprocidade
responsável entre ser humano e natureza. A tarefa dessa comissão não é somente
a de promover o desenvolvimento harmonioso e integral da pesquisa científica e
tecnológica relativa aos processos biológicos da vida vegetal, animal e humana; ela
tem também a tarefa de prever e prevenir as consequências negativas que o uso
distorcido dos conhecimentos e capacidades de manipulação da vida pode provocar.”
“O princípio
de responsabilidade é um pilar imprescindível da ação humana que deve
responder os próprios atos e omissões perante a si, aos outros e a Deus.
Corre-se o risco de que os cidadãos, seus representantes e governantes não
sintam plenamente a seriedade dos desafios que se apresentam, a complexidade
dos problemas a serem resolvidos, e o perigo de usar mal a potência que as
ciências e as tecnologias da vida colocam em nossas mãos.”
“Quando a
interação entre poder tecnológico e poder econômico se torna mais estreita, os
interesses podem condicionar os estilos de vida e as tendências sociais na
direção do lucro de certos grupos industriais e comerciais, em detrimento
das populações e nações mais pobres. Não é fácil alcançar uma composição
harmoniosa das diferentes instâncias científicas, produtivas, éticas, sociais,
econômicas e políticas, promovendo o desenvolvimento sustentável que respeite a
‘casa comum’. Esta composição harmoniosa requer humildade, coragem e abertura
ao confronto entre as diferentes posições, na certeza de que o testemunho dado
pelos homens de ciência em prol da verdade e do bem comum, contribui para o
amadurecimento da consciência social.”
O Papa finalizou
o seu discurso, recordando que “as ciências e as tecnologias são feitas para o
homem e não o homem e o mundo para as ciências e as tecnologias. Elas estão a
serviço de uma vida digna e saudável para todos, no presente e no futuro, e
tornam a nossa casa comum mais habitável e solidária, mais cuidada e
protegida”. (MJ)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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