Campos de refugiados parecem campos de concentração
O Pontífice
presidiu à Liturgia da Palavra em memória dos novos mártires “assassinados
pelas insanas ideologias do século passado ou só porque discípulos de Jesus”,
como disse o Papa em sua homilia.
“A lembrança
dessas heroicas testemunhas antigas e recentes nos confirmam a consciência de
que a Igreja é Igreja de mártires. Tiveram a graça de confessar Jesus até o fim,
até a morte. Eles sofrem, dão a vida, e nós recebemos a bênção de Deus por seu
testemunho”, disse o Papa, citando ainda os muitos “mártires escondidos”:
homens e mulheres que na vida cotidiana tentam ajudar os irmãos e amar a Deus
sem reservas.
O ódio do
príncipe do mundo: a origem da perseguição
O Papa falou
ainda da causa de toda perseguição, isto é, o “ódio do príncipe deste mundo”. E
a origem do ódio é esta: porque fomos salvos por Jesus, ele nos odeia e suscita
a perseguição que, desde os tempos de Jesus, continua até o nossos dias.
Em momentos
difíceis da história, prosseguiu Francisco, se diz que a pátria necessita de
heróis. Já a Igreja necessita de mártires, de testemunhas, dos santos de todos
os dias que testemunham Jesus com a coerência de vida e daqueles que O
testemunham até a morte. “Todos eles são o sangue vivo Igreja.”
Campos de
refugiados: campos de concentração
Deixando o texto
de lado, o Papa afirmou que gostaria de acrescentar um ícone nesta Basílica: a
de uma mulher que ele não conhece o nome, mas de quem conheceu a história
quando visitou a ilha grega de Lesbos.
Papa durante a celebração |
“Não sei se
aquele homem conseguiu sair daquele campo de concentração”, assim definiu o
Papa o local devido à quantidade de pessoas. “Aprecio o empenho de acolhimento
de alguns povos generosos, mas parece que os acordos internacionais são mais
importantes do que os direitos humanos.”
O amor permite
lutar contra a prepotência
“A herança viva
dos mártires doa hoje a nós paz e unidade. Eles nos ensinam que, com a força do
amor, com a mansidão, se pode lutar contra a prepotência, a violência, a guerra
e se pode realizar a paz com paciência. E então podemos assim rezar: Ó Senhor,
torne-nos dignas testemunhas do Evangelho e do seu amor; efunde a sua
misericórdia sobre a humanidade; renove a sua Igreja, proteja os cristãos
perseguidos, conceda em breve a paz ao mundo inteiro.”
Testemunhos
Recordando os mártires |
Novos mártires
Depois de sua
homilia, o Papa prestou homenagem nas seis capelas laterais da Basílica que
mantêm as relíquias dos mártires da Europa, África, América, Ásia. Velas foram
acesas para acompanhar cada oração que foi pronunciada em memória das
testemunhas da fé do século XX até os nossos dias: foram lembrados os armênios,
os cristãos massacrados durante a I Guerra Mundial, mártires da paz e do
diálogo como os monges trapistas na Argélia, Pe. Andrea Santoro na Turquia,
vítimas da máfia, como Pe. Pino Puglisi. Uma lembrança que uniu nomes mais
conhecidos, como o de Dom Oscar Arnulfo Romero, ao de muitos missionários que,
no mundo, deram sua vida pelo Evangelho.
Refugiados
Ao final da
celebração, Francisco encontrou numa sala adjacente à Basílica um grupo de
refugiados que chegou à Itália graças aos corredores humanitários, além de
mulheres vítimas do tráfico humano e menores desacompanhados.
Ao cumprimentar
os fiéis que o aguardavam do lado de fora da Basílica, o Papa voltou a falar do
desafio migratório, recordando que fechar-se corresponde ao suicídio.
“Pensemos na
crueldade que se abate sobre tantas pessoas, em tantas pessoas que chegam em
embarcações e são acolhidos por países generosos, como Itália e Grécia, mas
depois os tratados não deixam... Se na Itália dois migrantes fossem acolhidos
por município, teria lugar para todos. Que a generosidade de Lampedusa,
Sicília, Lesbos, possam contagiar a todos. Somos uma civilização que não faz
filhos e mesmo assim fechamos as portas aos migrantes: isso se chama suicídio.”
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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