Sacerdotes, levem a Eucaristia aos doentes de coronavírus
Nesta terça-feira
(10), o Pontífice presidiu a segunda missa ao vivo, via streaming, direto da
Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano. Além do novo encorajamento aos agentes
sanitários que lutam contra o Covid-19 e das orações aos infectados, o Papa exortou
os padres a levarem a comunhão a quem precisa permanecer em casa.
Andressa Collet –
Cidade do Vaticano - As imagens da missa celebrada na Capela da Casa Santa
Marta, no Vaticano, que diariamente estão levando o encorajamento do Papa via
streaming para o mundo, iniciaram nesta terça-feira (10) com um lento zoom da
câmera sobre o crucifixo que se sobrepõe ao altar. Em seguida, aparece a figura
de Francisco que sai da Sacristia.
Começa num
silêncio total do local a cerimônia presidida pelo Pontífice. Um silêncio que o
próprio Papa quebra logo ao recordar, como na missa desta segunda-feira (9),
que a celebração é oferecida a quem sofre por causa do coronavírus, para quem
cuida deles:
“Rezemos ao Senhor
também pelos nossos sacerdotes para que tenham a coragem de sair e ir ao
encontro dos doentes, levando a força da Palavra de Deus e a Eucaristia, e de
acompanhar os profissionais de saúde, os voluntários, nesse trabalho que estão
fazendo.”
A vaidade é
venenosa e nunca cura
A homilia é
inspirada no Evangelho, no qual os escribas e fariseus da época faziam exibição
hipócrita da sua superioridade diante das pessoas, chamando-se de mestres, mas
recusando de se comportar com coerência. A seguir, o texto da homilia, com uma
transcrição do Vatican News, quando o Papa iniciou comentando:
“Ontem a Palavra
de Deus nos ensinava a reconhecer os nossos pecados e a confessá-los, mas não
somente com a mente, também com o coração, com um espírito de vergonha; a
vergonha como uma postura mais nobre diante de Deus pelos nossos pecados. E,
hoje, o Senhor chama todos, pecadores, a dialogar com Ele, porque o pecado nos
fecha em nós mesmos, nos faz nos escondermos ou esconde a nossa verdade,
dentro.
É isso que
aconteceu com Adão, com Eva: depois do pecado, se esconderam porque tinham
vergonha; estavam nus. E o pecador, quando sente a vergonha, depois tem a
tentação de se esconder. E o Senhor chama: ‘Vamos, venham, vamos discutir’, diz
o Senhor, ‘vamos falar do teu pecado, da tua situação. Não tenham medo.
Não...’. E continua: ‘Mesmo se os pecados de vocês fossem como a cor de
escarlate, vão se tornar brancos como a neve. Se fossem vermelhos como a
púrpura, vão se tornar como lã’. ‘Venham, porque eu sou capaz de mudar tudo’,
diz o Senhor, ‘não tenham medo de vir falar, sejam corajosos mesmo com as
misérias de vocês’.
Me faz lembrar
aquele santo, que tão penitente, rezava muito. E procurava sempre dar ao Senhor
tudo aquilo que o Senhor lhe pedia. Mas o Senhor não estava feliz. E, um dia,
ele estava um pouco irritado com o Senhor, porque tinha um certo temperamento,
aquele santo. E disse ao Senhor: ‘Mas, Senhor, eu não te entendo. Eu te dou
tudo, tudo, e tu sempre está tão insatisfeito, como se faltasse alguma coisa. O
que falta?’. [E o Senhor responde]: ‘Me dê os teus pecados: é isso que falta’.
Ter a coragem de
ir falar com o Senhor com as nossas misérias: ‘Vamos, venham! Vamos discutir!
Não tenham medo. Mesmo se os pecados de vocês fossem como escarlate, vão se
tornar brancos como a neve. Se fossem vermelhos como a púrpura, vão se tornar
como lã’.
Esse é o convite
do Senhor. Mas sempre há um engano: ao invés de ir falar com o Senhor, fingir
de não ser pecadores. É aquilo que o Senhor repreende aos doutores da lei.
Essas pessoas fazem as obras ‘para serem admiradas pelas pessoas: ampliam os
seus filactérios e alongam as franjas; estão satisfeitos pelos lugares de honra
nos banquetes, dos primeiros lugares nas sinagogas, das saudações nas praças,
como também de serem chamados Rabbi das pessoas’.
A aparência, a vaidade.
Encobertar a verdade do nosso coração com a vaidade. A vaidade nunca
cura! A vaidade nunca cura. Além disso, é venenosa, continua trazendo a
doença do coração, trazendo aquela dureza de coração que te diz: ‘Não, não vá
ao Senhor, não vá. Você fica.’
A vaidade é apenas
o lugar para se fechar ao chamado do Senhor. Em vez disso, o convite do Senhor
é aquele de um pai, de um irmão: ‘Venham! Vamos conversar, falar. Ao final, Eu
sou capaz de mudar a tua vida do vermelho ao branco’.
“Que essa Palavra
do Senhor nos encoraje; que a nossa oração seja uma oração real. Da nossa
realidade, dos nossos pecados, das nossas misérias. Fale com o Senhor. Ele
sabe, Ele sabe o que somos. Sabemos disso, mas a vaidade nos convida sempre a
encobertar. Que o Senhor nos ajude.”
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Fonte: vaticannews.va
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