e o ato de confiança nos jornalistas
Nesta
quarta-feira na Praça São Pedro, um coro de fiéis para o seu bispo foi
transformado em um ato de protesto contra o Papa Francisco. Uma fake news que
girou o mundo.
Cidade do
Vaticano - A cena é a habitual da quarta-feira na Praça São Pedro. O Papa conclui
a sua catequese, concede a sua bênção e cumprimenta algumas pessoas que foram
admitidas no chamado "beija mão". Da praça ergue-se um coro, são
fiéis que festejam alguém querido a eles, que pessoalmente está saudando o
Santo Padre. Na manhã desta quarta-feira, ocorreu que os crismandos da diocese
de Lucca entoaram um coro cantando o nome "Italo", nome de seu bispo,
Dom Italo Castellano, que estava cumprimentando o Papa Francisco.
Tudo normal se
não fosse que alguém se disse convicto de ter ouvido um coro que exaltava
Viganò, o ex-núncio nos EUA, autor do conhecido documento de acusação contra o
Papa. A notícia é daquelas que fazem clamor, de primeira página. Pena que seja
falsa. Para notar isso seria basicamente suficiente ouvir atentamente o vídeo
do Vatican News no Youtube, portanto acessível a todos, para perceber que,
apesar de não saber que era para "Italo", certamente aquele coro não
era para "Viganò". O fato é que em poucos minutos a
"notícia" se tornou viral nas mídias sociais e a partir daí – como
cada vez mais acontece - passa à informação main stream.
Aparentemente sem filtros.
Em alguns sites
de jornais, portanto, lemos que o Papa foi contestado pelos fiéis na Praça São
Pedro, que exaltavam o "grande acusador" Carlo Maria Viganò. A
verdadeira notícia surge em breve, graças ao profissionalismo daqueles que se
dão ao trabalho de ouvir novamente o áudio e "descobrir" a presença
na Praça São Pedro do grupo de fiéis da cidade de Lucca que, durante algumas
horas, graças a esta fake news se tornaram "famosas" mesmo
sem querer. A história, que tem alguns aspectos surrealistas e para alguns
aspectos até mesmo cômicos, é na verdade o sintoma perturbador de um sistema
midiático que, na busca exasperada do scoop da notícia, não analisa
os fatos, mas os dobra para o que parece ser a expectativa do seu
público.
Precisamente o
Papa Francisco, na sua última Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações
Sociais, explicou eloquentemente quais são as dinâmicas que levam à propagação
de falsas notícias como esta. A eficácia das fake news, observa o Papa,
"é devido principalmente à sua natureza mimética, isto é, à
capacidade de parecer plausível. Em segundo lugar, essas notícias falsas,
falsas mas prováveis, são cativantes, no sentido de que são capazes de capturar
a atenção dos destinatários ". O Papa observa em seguida um "uso
manipulador das redes sociais," as notícias falsas "ganham uma tal
visibilidade que até mesmo as desmentidas das com autoridade dificilmente
conseguem conter os danos." O que está em jogo? O que preocupa o Papa?
Para Francisco, as "razões econômicas e oportunistas da desinformação
estão enraizadas na sede de poder” que "nos faz vítimas de um imbróglio
muito mais trágico de cada singular manifestação: o do mal, que se move de falsidade
em falsidade para nos roubar a liberdade do coração".
Desde o início
de seu Pontificado, Francisco manifestou uma grande confiança nos operadores da
informação. Uma confiança reafirmada ano após ano, concedendo numerosas
entrevistas também a meios de comunicação que não têm nenhum poder - como a
revisita dos sem-casa de Milão ou à rádio de uma favela argentina - e nunca
evitando as perguntas dos jornalistas, mesmo as mais desconfortáveis. Um ato de
confiança (e de responsabilidade) que renovou aos jornalistas precisamente no
documento de Viganò. "Vocês têm a capacidade jornalística suficiente para
tirar as conclusões", disse o Papa no voo de volta da Irlanda, "é um
ato de confiança". Uma confiança que recorda a essência da profissão
jornalística que busca a verdade e não a fabrica.
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Conferências episcopais do mundo manifestam apoio ao Papa
Várias
Conferências episcopais do mundo escrevem ao Papa assegurando seu apoio, em
comunhão com o compromisso do magistério de Francisco no combate aos abusos.
Presidente dos bispos estadunidenses, cardeal Daniel DiNardo (©CATHOLICPRESSPHOTO) |
Cidade do
Vaticano - Comunhão,
colegialidade, apoio, fidelidade, proximidade, colaboração: são os termos mais
presentes nas cartas abertas que as Conferências episcopais do mundo enviaram e
estão enviando nestas horas ao Papa Francisco.
"Incansável
trabalho pastoral" do Papa Francisco
As missivas têm
lugar após a publicação do documento do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio
apostólico nos EUA, que acusa o Santo Padre e alguns purpurados de ter
acobertado o caso do cardeal Theodore McCarrick. Acusado de abusos contra
menores, em 27 de julho o Papa aceitou a renúncia do purpurado ao título de
cardeal e dispôs a suspensão do mesmo de qualquer ministério público.
Apreço pela
atuação do Papa
Os episcopados
expressam sua proximidade ao Papa: os bispos do Peru, por exemplo, ressaltam
seu “fraterno e episcopal apoio à lúcida, corajosa e firme modalidade” que o
Papa tem “de conduzir a barca de Pedro”. Trata-se de um apoio necessário
“diante da tentativa de desestabilizar a Igreja e seu ministério”.
Na mesma linha,
também o Conselho episcopal latino-americano – Celam – que, numa carta de 26 de
agosto, agradece ao Papa Francisco por seu “serviço repleto de abnegação pela
Igreja” e oferece ao Pontífice “fidelidade, proximidade e colaboração a fim de
que a verdade resplandeça acima de todo e qualquer pecado”.
Incansável
trabalho pastoral
Também os bispos
do Paraguai agradecem ao Santo Padre por sua guia e por dar continuidade “ao
trabalho dos predecessores com muita humildade e firmeza” no combate aos
abusos.
A conferência
Episcopal Espanhola, presidida pelo cardeal Ricardo Blázquez Pérez, faz a mesma
coisa ao manifestar proximidade a Francisco: “Santo Padre, o senhor não está
sozinho”, escreve o purpurado, que dá graças a Deus pelo “incansável trabalho
pastoral” levado adiante pelo Pontífice e por sua “dedicação ao ministério”
petrino.
Reação dos
bispos estadunidenses
“São dias
difíceis e expressamos ao Papa nosso afeto fraterno – afirma o presidente do
episcopado dos EUA, cardeal Daniel DiNardo –, ao tempo em que esta ferida
aberta dos abusos nos desafia a ser firmes e decididos na busca da verdade e da
justiça.”
O purpurado pede
uma audiência ao Papa para obter seu apoio ao plano de ação dos bispos
estadunidenses inspirado na recente carta de Francisco do Povo de Deus, em que
se incluem “propostas mais detalhadas” para simplificar a delação de abusos e
comportamentos incorretos por parte de bispos e para melhorar os procedimentos
para resolver as recriminações contra os bispos.
Outros prelados
estadunidenses, como o arcebispo de Philadelphia, Charles Chaput, e o bispo de
Phoenix, Thomas Olmsted, disseram não ter conhecimento direto dos fatos, mas
falam do ex-núncio em Washington de modo positivo.
Por sua vez, o
bispo de San Diego, Robert McElroy, disse que o testemunho de Dom Viganò é uma
distorção e que os ataques deste são inspirados por seu ódio ao Papa Francisco
e a tudo aquilo que ensina. “Juntos com o Papa Francisco estamos confiantes de
que a verificação das afirmações” de Dom Viganò “ajudará a estabelecer a
verdade”, destaca por fim.
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Fonte: vaticannews.va
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