A pedagogia do presépio
Vivemos à
procura do melhor método para educar. Métodos que são oferecidos por muitas
ciências, principalmente pela Pedagogia e pela Psicologia. Necessitamos buscar
pois educar é, sem dúvida, a mais árdua e bela tarefa humana. As ciências têm
muito a nos oferecer. No entanto, diante do Presépio nossa busca chega ao
fim, pois nele contemplamos o mais eficaz e infalível método para aqueles que
pretendem educar e ser educado para a verdade e para a plenitude.
Tudo seria bem
melhor se o Natal não fosse um dia e se as mães fossem Maria e se os pais
fossem José e se os filhos parecessem com Jesus de Nazaré.
Na canção de
Padre Zezinho estão retratadas as consequências de uma educação que escolheu
como método a Pedagogia do Presépio. É a essência de tudo o que precisamos para
construir a sociedade do amor e fazer reinar a paz, o respeito e a justiça. Se
todos os dias fossem como o Natal, viveríamos plenamente os sentidos da vida.
Todos os dias, ao amanhecer, deveríamos dizer: é Natal!
Como seria uma
“Sociedade-Presépio”? Papa Bento XVI, na Audiência do dia 22/12/2010 nos ajuda
refletir:
Até a cena da
Gruta de Belém José e Maria fizeram uma longa e árdua caminhada:
sofrimento, dor, portas fechadas, perseguição, mas a certeza de que foram
escolhidos para que, através deles, Deus se fizesse um de nós. Eles caminharam
para “Aquele Lugar” para que o Salvador nascesse.
Na Homilia na
Basílica Vaticana, em 24/12/ 2016 Papa Francisco ensina sobre a importância de
contemplar o Presépio:
Deixemo-nos
tocar pela ternura que salva. Aproximemo-nos de Deus que Se faz próximo,
detenhamo-nos a olhar o presépio, imaginemos o nascimento de Jesus: a luz e a
paz, a pobreza extrema e a rejeição. Entremos no verdadeiro Natal com os pastores,
levemos a Jesus aquilo que somos, as nossas marginalizações, as nossas feridas
não curadas, os nossos pecados. Assim, em Jesus, saborearemos o verdadeiro
espírito do Natal: a beleza de ser amado por Deus. Com Maria e José, paremos
diante da manjedoura, diante de Jesus que nasce como pão para a minha vida.
Contemplando o seu amor humilde e infinito, digamos-Lhe pura e simplesmente
obrigado: Obrigado, porque fizestes tudo isto por mim.
Se cada dia
fosse como o Natal, filhas e filhos, honrariam os pais e teriam uma
relação intima com Deus, assim como Jesus o fez. “Honra pai e mãe, a fim de
prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar” (Ex 20,
12). O Catecismo da Igreja Católica ensina:
A observância do
quarto mandamento comporta a respectiva recompensa: «Honra pai e mãe, a fim de
prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar» (Ex 20, 12)
(3). O respeito por este mandamento proporciona, com os frutos espirituais, os
frutos temporais da paz e da prosperidade. Pelo contrário, a sua inobservância
acarreta grandes danos às comunidades e às pessoas humanas. (CatIC §2200)
Se cada dia
fosse como o Natal, os pais seriam como Maria e como José e cuidariam com
ternura, exemplo e autoridade dos filhos que a eles foram confiados:
Os pais devem
considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas.
Educar os filhos no cumprimento da Lei de Deus, mostrando-se eles mesmos
obedientes à vontade do Pai dos Céus. (CatIC §2222)
Se cada dia
fosse como o Natal, nossas casas seriam como os presépios e irradiariam a fé, a
esperança, a alegria e a união:
Os pais são os
primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Dão testemunho desta
responsabilidade em primeiro lugar pela criação de um lar no qual a ternura, o
perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são a regra. O lar
é um lugar apropriado para a educação das virtudes. Esta requer a aprendizagem
da abnegação, de um reto juízo, do domínio de si, condições de toda liberdade
verdadeira. Os pais ensinarão os filhos a subordinar "as dimensões físicas
e instintivas às dimensões interiores e espirituais." Dar bom exemplo aos
filhos é uma grave responsabilidade para os pais. (CatIC §2223)
Todos nós, que
direta ou indiretamente temos a responsabilidade de educar, não nos esqueçamos
jamais da Pedagogia do Presépio. Diante dele enchemo-nos de paz, de esperança,
de júbilo. Diante dele tornamo-nos sensíveis e até frágeis, pois ele nos
impulsiona à reflexão sobre nossas vidas e, consequentemente, sobre o que já
vivemos.
Diante do
Presépio lembramo-nos de todos os que já passaram por nós. Lembramo-nos
daqueles que deram sentido a nossa existência, mas também daqueles que nos
fizeram mal. Diante do Presépio desarmamo-nos de nossa soberba e enchemo-nos do
desejo de solidariedade e de justiça. Diante do Presépio, juramos fidelidade ao
projeto de Deus e renovamos nossa fé.
Diante do
Presépio entramos na cena e interagimos com os animais, com José, com Maria e
até pegamos o Menino Jesus no colo. Diante do Presépio conseguimos sentir
que nenhum bem material é mais confortável do que aquela manjedoura. Diante do
presépio temos a certeza de que a Família é o porto seguro, que Deus nos amou
ao extremo, que Jesus é o nosso Salvador e único Senhor e que a vida só faz sentido
se amarmos uns aos outros. Essa é a Pedagogia que nos permite educar sem medo e
sem erros.
Joana Darc Venancio
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