"Que lugar ocupa Cristo no universo?"
As meditações do
Advento deste ano têm como proposta recolocar a pessoa divina-humana de Cristo
no centro dos dois grandes componentes que, em conjunto, constituem "o
real", isto é: o cosmos e a história, o espaço e o tempo, a criação e o
homem. O objetivo final é colocar Cristo "no centro" de nossa vida
pessoal e de nossa visão de mundo, no centro das três virtudes teologais da fé,
da esperança e da caridade.
Cristo e o
cosmos, Criação e encarnação
Como primeira
meditação, Frei Cantalamessa sugeriu a reflexão sobre o relacionamento entre
Cristo e o cosmos. "No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra
estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava
sobre as águas" (Gn 1, 1-2). Segundo ele, esta relação, entre
criação e encarnação está bem expressa no Livro do Gênesis e na encíclica
Laudato si’.
Pregações de Advento se realizam na Capela Redemptoris Mater |
O Espírito Santo
é a força misteriosa que impele a criação para a sua realização. Ele que é “o
princípio da criação das coisas”, é também o princípio da sua evolução no
tempo. Na verdade, isso não é outra coisa senão a criação que continua. Em
outras palavras, o Espírito Santo é aquele que, por sua natureza, tende a fazer
a criação passar do caos ao cosmos, a fazer disso algo bonito, limpo: um "mundo"
precisamente, de acordo com o significado original desta palavra.
Como Cristo atua
na criação
O frei
capuchinho levantou ainda uma questão: Cristo tem algo a dizer sobre os
problemas práticos que o desafio ecológico coloca para a humanidade e para a
Igreja? Em que sentido podemos dizer que Cristo, trabalhando através do seu
Espírito, é o elemento-chave para um ecologismo cristão saudável e realista?
“Penso que sim”,
respondeu Frei Cantalamessa. “Cristo desempenha um papel decisivo também nos
problemas concretos da proteção da criação, mas o faz indiretamente,
trabalhando no homem e - através do homem - na criação”. Acontece como no
início da criação: Deus cria o mundo e confia a custódia e a salvaguarda ao
homem.
Como agir global
e localmente
Como todas
as coisas, também o cuidado da criação tem dois níveis: o nível global e o
nível local. Um slogan moderno convida a pensar globalmente, mas agir
localmente: Think globally, act locally. Isso quer dizer que a
conversão deve começar do indivíduo, isto é, de cada um de nós. Francisco de
Assis costumava dizer aos seus frades: "Nunca fui um ladrão de esmolas,
pedindo-as ou usando-as além da necessidade. Peguei sempre menos do que eu
precisava, para que os outros pobres não fossem privados de sua parte; porque, de
outra forma, seria roubar".(14)
Hoje esta regra
poderia ter uma aplicação muito útil para o futuro da Terra. Também nós devemos
propor-nos: não ser ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e
retirando-os, assim, daqueles que virão depois de nós. Em primeiro lugar, nós
que trabalhamos normalmente com o papel, poderíamos tentar não contribuir com o
desperdício enorme e desconsiderado que é feito desta matéria-prima, privando
assim a mãe terra de uma árvore menos.
Sobriedade e
parcimônia, para que todos tenham
O Natal é um
forte chamado a esta sobriedade e parcimônia no uso das coisas. Quem nos dá o
exemplo é o próprio Criador que, tornando-se homem, se satisfez com um estábulo
para nascer. ..”
Todos nós,
crentes e não-crentes, somos chamados a comprometer-nos com o ideal da
sobriedade e do respeito pela criação, mas nós, cristãos, devemos fazê-lo por
uma razão e com uma intenção a mais e diferente. Se o Pai Celestial fez tudo
"por meio de Cristo e em vista de Cristo", também nós devemos tentar
fazer tudo assim: "por meio de Cristo e em vista de Cristo", isto é,
com sua graça e para a sua glória. Também o que fazemos neste dia.
Tradução do
original italiano feita por Thácio Siqueira
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Fonte: radiovaticana.va news
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