Perdoar
Perdoar não
significa deixar o outro no erro. É preciso corrigir, penalizar como meio de
ajudar o semelhante a superar seus erros.
Torna-se mais
difícil perdoar para quem não é capaz de ver os próprios erros e limites. A
humildade é fundamental para se saber perdoar. É a atitude de quem reconhece a
verdade de si, dos outros e de Deus. A verdade de si leva a pessoa a reconhecer
sua pequenez e de agradecer os próprios dons como dádiva divina e não como
valores inteiramente adquiridos por si mesma. A realidade, os talentos e
limites dos outros são vistos na perspectiva da realidade humana também
limitada. A contemplação e a certeza do absoluto de Deus são vistas por quem é
humilde e reconhece o amor, a bondade e a misericórdia dele. Por isso, a pessoa
que sabe perdoar é capaz de perceber que todos somos filhos dele. Se Ele nos
perdoa, também nós devemos ter compaixão para com o semelhante. O próprio Jesus
nos ensina isso no Pai Nosso.
Perdoar não
significa deixar o outro no erro. É preciso corrigir, penalizar como meio de
ajudar o semelhante a superar seus erros. É meio de correção para o bem dele.
Não se deve corrigir como vingança, ódio ou rancor. “Quem se vingar encontrará
a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados” (Eclesiástico
27, 28.1).
Quem perdoa não
fica remoendo a falta ou culpa do outro. Procura sempre lembrar-se de que Deus
não vai nos castigar, uma vez que demos sinal de revisão de nossos erros e nos
esforçamos para realizar sua vontade. Em relação ao semelhante, mesmo que não
vemos sua mudança total de conduta, somos levados a perdoar por causa de Deus.
Até lhe pedimos pela pessoa que erra e tentamos auxiliá-la, mostrando nossa boa
vontade em ajudá-la, dentro do possível.
Para facilitar a
prática do perdão ao próximo é preciso exercitação gradativa. Para isso, é
preciso haver análise e revisão do próprio comportamento, sabendo corrigir-se
das falhas em relação a isso, como num aprendizado contínuo. A oração de pedido
e doação do perdão vai nos ajudando a desarmar-nos em nossas mágoas e
chateações por causa dos erros e ofensas nossas e dos outros.
O perdão não é
atitude de aceitar qualquer erro nosso e do semelhante, a ponto de sermos
indiferentes em relação às falhas e ofensas. É sim a de analisarmos tudo na
perspectiva de fazer o possível para a correção de modo justo, solidário e
fraterno para o bem de todos. É saber reconhecer as faltas e abrir o coração para
ajudar de modo fraterno a realização da mudança de si e dos outros. Isso nos
leva à atitude desarmada para uma convivência de querer o bem de todos, com o
modo positivo e aberto da compaixão e da vontade de buscar o melhor para todos.
À pergunta de Pedro
sobre quantas vezes se deve perdoar, Jesus respondeu que não basta fazê-lo
algumas vezes e sim sempre (Cf. Mateus 18,22). Se pensarmos que Deus nos perdoa
sempre, quando mostramos arrependimento, também devemos praticar sempre o
perdão.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br
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