Papa agradece a Nossa Senhora bom êxito da viagem
Cidade do
Vaticano (RV) - Concluída a viagem apostólica do Papa Francisco à Colômbia. O
Boeing 787 da companhia aérea Avianca, que trouxe o Santo Padre de retorno para
Roma, aterrissou no aeroporto militar de Ciampino às 12h55 locais, concluindo
assim a 20ª viagem apostólica internacional de seu Pontificado.
Basílica de Santa Maria Maior |
No país andino
desde quarta-feira, dia 6, o Papa Francisco deixou a Colômbia na noite deste
domingo (hora local) após cinco dias de vista apostólica na qual esteve em
Bogotá, Villavicencio, Medellín e Cartagena, onde deixou uma mensagem em favor
da reconciliação para favorecer o processo de paz após o acordo do governo com
as Farc (Forças armadas revolucionárias da Colômbia).
Francisco falou
de reconciliação como meio a fim de contribuir para a paz num pais que, apesar
de ter assinado um acordo com as Farc, ainda vive profundas divisões políticas
internas. (RL)
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Assista:
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Cidade do
Vaticano (RV) - Um “povo nobre que não tem medo de expressar-se e de mostrar
aquilo que sente.” Quatro dias completos são suficientes para falar com afeto
sincero de um povo que lhe quis demonstrar que o ama realmente, quatro cidades
e sempre a mesma alegria pelas ruas, nas missas, em todos os lugares.
Impressionado
com a Colômbia
O Santo Padre
abriu desse modo a coletiva no voo de retorno da Colômbia. Sem uma pergunta,
mas com uma consideração espontânea que expressa muito do que trazia no
coração. No meio da conversação teve espaço o habitual leque de temas segundo
os interesses geopolíticos dos jornalistas a bordo.
A Venezuela e as
intenções do Presidente Maduro, os imigrados nos EUA e as intenções do
Presidente Trump. O inferno vivido pelos migrantes que partem da Líbia, com
apreço pela Itália e Grécia de portas abertas, e as responsabilidades dos
governos mundiais em relação a um clima que muitas vezes causa tragédias.
Se o povo quiser
a paz
Como se dá
habitualmente, as perguntas de início cabem aos jornalistas do país visitado e
os dois colegas que pegaram o microfone pediram a Francisco que se expressasse
sobre a Colômbia pós acordo de paz e sobre a questão da corrupção.
Papa Francisco fala aos jornalistas durante voo de retorno da Colômbia |
A guerrilha,
afirmou o Papa, foi “uma doença”, mas reconheceu a existência de “passos que
dão esperança”. “Agradeço muito” ao ELN, disse, referindo-se ao Exército de
libertação nacional que, diferentemente das Farc (forças armadas revolucionárias
da Colômbia), não fala de paz, mas somente de trégua.
O Santo Padre
acrescentou ter “percebido” que “a vontade de seguir adiante neste processo vai
além das negociações”, “é uma vontade espontânea”, e aí, assegurou, “existe a
força do povo”, que porém “deve ser ajudado com a proximidade e a oração” e
“com a compreensão”.
Os corruptos e o
“modelo Colômbia”
A questão da
corrupção é um dos temas fortes do Pontificado e Francisco recordou o livro
escrito sobre o tema e também as convicções já expressas sobre o corrupto,
pessoa – reiterou – que “se cansa de pedir o perdão e se esquece de pedi-lo” a
Deus que não lhe negaria e que, em todo caso, é o único que pode salvar uma
pessoa que se encontra nessa situação.
O tema do povo
protagonista de seu destino voltou na resposta aos jornalistas de língua
espanhola, que lhe perguntaram se era possível “replicar o modelo Colômbia”, ou
seja, de uma negociação com mais vozes participantes.
Certamente, já
aconteceu, confirmou o Papa, mas o fato é que mais do que a Onu, mais do que
políticos ou técnicos, “um processo de paz seguirá adiante se o povo o assume”.
Do contrário, serão “compromissos” pouco resolutivos, acrescentou.
Desastres
ambientais e responsabilidade
A primeira
jornalista mulher a dirigir-se ao Papa foi também a primeira a manifestar
interesse por sua saúde após o incidente com a sobrancelha esquerda a bordo do
papamóvel. Francisco respondeu com uma brincadeira atendo-se em seguida a um
tema que tem a peito: a questão ambiental.
Os sucessivos
furacões em breve espaço de tempo que estão destruindo amplas áreas da América
Central são um drama que, reafirmou, chama cada um a suas “responsabilidades
morais”, inclusive os governantes. Basta consultar os cientistas, eles “são
muito claros”, indicou.
Imigrados,
reconhecimento à Itália e Grécia
Os jornalistas
italianos quiseram saber a posição do Papa em relação à falta de prontidão dos
governos no que diz respeito à imigração. Por que, perguntaram, não são
solícitos como se deveria, quando, ao invés, o são – por exemplo – sobre a
venda de armas?
Porque o homem
“é estúpido”, rebateu o Papa citando a Bíblia e quando decide não enxergar “não
vê”. Sobre a gestão dos migrantes que partem da Líbia, o Santo Padre disse não
ter tratado do tema durante o encontro com o premier italiano Gentiloni e,
sobretudo, sentir um “dever de gratidão” para com a Itália e a Grécia “porque
abriram o coração aos migrantes”.
Verdadeira
questão em jogo é a integração ou seu oposto
Abertura,
precisou, que não pode prescindir da capacidade de cada país singularmente
considerado. Todavia, insistiu o Pontífice, a verdadeira questão em jogo
é “a integração” ou o seu oposto.
“Coração sempre
aberto, paciência, integração e proximidade humanitária”, indicou, convidando a
humanidade a tomar “consciência” dos “lagers no deserto” onde se infringem os
sonhos de tantos migrantes e reconhecendo o fato de o governo italiano estar
“fazendo de tudo para resolver problemas humanitários, inclusive aqueles que
não pode resolver”.
Durante a
coletiva o Papa fez um aceno também à África, sobre o qual recai ainda uma
convicção radicada, ou seja, que se trata de um continente a ser explorado, ao
invés de ser ajudado a reerguer-se.
Trump e Maduro
Ainda sobre a
migração, Francisco foi interpelado também acerca da abolição da lei
estadunidense “Dreamers” (que elimina as proteções queridas por Obama para 800
mil menores imigrantes ilegalmente).
Embora
reconhecendo não conhecer profundamente os termos, o Pontífice espera uma
reconsideração do governo. “Sei que o presidente estadunidense”, observou “se
apresenta como homem pro-life. Se é um bom pro-life, entende, a família é o
berço da vida e sua unidade deve ser defendida”, vez que se tiram as raízes dos
jovens, observou, drogas, dependências e suicídios tornam-se as terríveis saídas
que eles encontram.
Sobre a questão
venezuelana, que tem muito a peito, Francisco ressaltou que a Santa Sé falou
forte e claramente” e que acerca das declarações do Presidente Maduro cabe a
ele explicá-las. O que é “mais doloroso” para Francisco é o “problema
humanitário” e sobre isso a Onu “deve fazer ouvir a sua voz” para dar uma
ajuda, frisou.
A Colômbia tem
futuro
Após cerca de 40
minutos de coletiva, uma momentânea turbulência induziu a interromper o diálogo
com os jornalistas. A esse ponto, Francisco escolheu despedir-se como havia
iniciado o encontro, falando sobre como a Colômbia o impressionou.
Impressionado em
particular com os pais e mães que levantavam seus filhos quando ele passava
para que fossem vistos e abençoados. Esse “é um símbolo de futuro, de
esperança”, concluiu. Um povo “capaz de fazer crianças e depois mostrá-las como
se fossem tesouro, esse é um povo que tem esperança e tem futuro”. (RL/ADC)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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