a porta da misericórdia que é o Coração de Cristo
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu, neste domingo (20/11), Solenidade de
Cristo Rei, a missa de encerramento do Jubileu da Misericórdia e fechamento da
Porta Santa da Basílica de São Pedro.
“A solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo coroa o ano litúrgico e este Ano
Santo da Misericórdia. O Evangelho apresenta a realeza de Jesus no auge de sua
obra salvadora e o faz de maneira surpreendente. «O Messias de Deus, o Eleito,
(…) o Rei» aparece sem poder nem glória: está na cruz, onde parece mais um
vencido do que um vencedor. A sua realeza é paradoxal: o seu trono é a cruz; a
sua coroa é de espinhos; não tem um cetro e não usa vestidos suntuosos, mas é
privado da própria túnica; não tem anéis brilhantes nos dedos, mas as mãos
transpassadas pelos pregos; não possui um tesouro, mas é vendido por trinta
moedas.”
Amor humilde
Papa fechando a Porta Santa da Basílica de São Pedro |
“Não é deste
mundo o reino de Jesus, mas Nele – como nos diz o Apóstolo Paulo na segunda
leitura, encontramos a redenção e o perdão, pois a grandeza do seu reino não
está na força segundo o mundo, mas no amor de Deus, um amor capaz de alcançar e
restaurar todas as coisas. Por este amor, Cristo abaixou-se até nós, viveu a
nossa miséria humana, provou a nossa condição mais ínfima: a injustiça, a
traição, o abandono; experimentou a morte, o sepulcro, a morada dos mortos.
Assim, se aventurou o nosso Rei até os confins do universo, para abraçar e
salvar todo o vivente. Não nos condenou, nem sequer nos conquistou, nunca
violou a nossa liberdade, mas abriu caminho com o amor humilde, que tudo
desculpa, tudo espera, tudo suporta. Somente este amor venceu e continua vencendo
os nossos grandes adversários: o pecado, a morte e o medo.”
“Seria demasiado
pouco crer que Jesus é Rei do universo e centro da história, sem fazê-lo
tornar-se Senhor de nossa vida”. E o Papa citou três personagens presentes no
Evangelho deste domingo.
Distância
O primeiro
personagem, o povo, que “permanece longe, a ver o que sucedia. É o mesmo povo
que, levado pelas próprias necessidades, se aglomerava em torno de Jesus e,
agora, se mantém à distância. Diante das circunstâncias da vida ou de nossas
expectativas não realizada, podemos também nós ser tentados a manter distância
da realeza de Jesus, não aceitando completamente o escândalo do seu amor
humilde, que interpela o nosso eu e o desassossega. Prefere-se ficar à janela,
afastado, em vez de se aproximar e fazer-se próximo. Mas o povo santo, que tem
Jesus como Rei, é chamado a seguir o seu caminho de amor concreto; a
interrogar-se, diariamente, cada um para si: «O que o amor me pede, para onde
me impele? Que resposta dou a Jesus com a minha vida?»
Zombaria
O segundo grupo,
vários personagens: os chefes do povo, os soldados e um dos malfeitores. Todos
eles zombam de Jesus, dirigindo-Lhe a mesma provocação: «Que salve a si mesmo».
É uma tentação pior que a do povo. Aqui tentam Jesus, como fez o diabo ao
início do Evangelho para que renuncie a reinar à maneira de Deus e o faça
segundo a lógica do mundo: desça da cruz e derrote os inimigos! Se é Deus,
demonstre força e superioridade! Esta tentação é um ataque contra o amor:
«Salve a si mesmo» (Lc 23, 37.39); não os outros, mas a si mesmo. Prevaleça o
eu com a sua força, a sua glória, o seu sucesso. É a tentação mais terrível; a
primeira e a última do Evangelho. Entretanto Jesus, diante desse ataque ao seu
próprio modo de ser, não fala, não reage. Não se defende, não tenta convencer,
não há uma apologética da sua realeza, mas continua a amar, perdoa, vive o
momento da prova segundo a vontade do Pai, certo de que o amor dará fruto.”
Papa fecha a Porta Santa da Misericórdia |
Abertura
O outro
personagem, mais perto de Jesus, é o malfeitor que o invoca dizendo: «Jesus,
lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino». “Com a simples contemplação
de Jesus, ele acreditou no seu Reino. E não se fechou em si mesmo, mas, com os
seus erros, os seus pecados e os seus problemas, dirigiu-se a Jesus. Pediu para
ser lembrado, e saboreou a misericórdia de Deus: «Hoje estarás comigo no
Paraíso». Deus, quando lhe damos tal possibilidade, se lembra de nós. Está
pronto a apagar completamente e para sempre o pecado, porque a sua memória não
é como a nossa: não registra o mal feito, nem continua a ter em conta as
ofensas sofridas. Deus não tem memória do pecado, mas de nós, de cada um de
nós, seus filhos amados. E crê que é sempre possível recomeçar, levantar-se”,
disse o Papa.
Cristo, porta da
misericórdia
Francisco nos
convidou a pedir “o dom desta memória aberta e viva”. “Peçamos a graça de não
fechar nunca as portas da reconciliação e do perdão, mas saber ir além do mal e
das divergências, abrindo todas as vias possíveis de esperança. Assim como Deus
acredita em nós, infinitamente para além de nossos méritos, também nós somos
chamados a infundir esperança e a dar uma oportunidade aos outros. Com efeito,
embora se feche a Porta Santa, continua sempre escancarada para nós a
verdadeira porta da misericórdia que é o Coração de Cristo. Do lado
transpassado do Ressuscitado jorram até o fim dos tempos a misericórdia, a
consolação e a esperança”, frisou o Pontífice.
“Muitos
peregrinos atravessaram as Portas Santas e, longe do fragor dos noticiários,
saborearam a grande bondade do Senhor. Agradeçamos ao Senhor por isso e
recordemo-nos de que fomos investidos em misericórdia para nos revestir de
sentimentos de misericórdia, para nos tornarmos instrumentos de misericórdia.
Prossigamos, juntos, este nosso caminho. Acompanhe-nos Nossa Senhora! Ela
também estava junto da cruz; lá nos deu à luz enquanto terna Mãe da Igreja, que
a todos deseja abrigar sob o seu manto. Ao pé da cruz, Ela viu o bom ladrão
receber o perdão e tomou o discípulo de Jesus como seu filho. É a Mãe de
misericórdia, a quem nos confiamos: toda situação nossa, toda oração nossa,
dirigida aos seus olhos misericordiosos, não ficará sem resposta.” (MJ)
Assista:
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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