Papa conclui Jubileu indicando perdão e caridade
Cidade do
Vaticano (RV) – “Misericórdia e mísera” é o título da Carta Apostólica do Papa
Francisco publicada ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
A carta, disponível em português, é dividida em 22 pontos e
começa com a explicação do título: misericórdia e mísera são as duas palavras
que Santo Agostinho utiliza para descrever o encontro de Jesus com a adúltera.
Papa fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro |
Perdão e
caridade: estes são os dois eixos centrais da Carta Apostólica. O Papa recorda
que ninguém pode pôr condições à misericórdia; “esta permanece sempre um ato de
gratuidade do Pai celeste”. Agora, concluído este Jubileu, é tempo de olhar
para frente e compreender como se pode continuar experimentando a riqueza da
misericórdia divina.
Celebração
eucarística
Em primeiro
lugar, Francisco aponta a celebração da misericórdia através da missa.
Dirigindo-se aos sacerdotes de modo especial, o Papa recomenda a preparação da
homilia e o cuidado na sua proclamação. “Comunicar a certeza de que Deus nos
ama não é um exercício de retórica, mas condição de credibilidade do próprio
sacerdócio”, adverte o Pontífice. O Papa faz algumas sugestões, como de um
domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus, em prol de sua difusão,
conhecimento e aprofundamento.
Perdão
O Pontífice
dedica amplo espaço na Carta Apostólica para falar do sacramento da
Reconciliação, “que precisa voltar a ter o seu lugar central na vida cristã”.
Francisco agradece aos “missionários da misericórdia”, que ele instituiu no
início deste Jubileu para aproximar os fiéis da confissão. De fato, determinou
que este ministério não termine com o fechamento da Porta Santa, mas permaneça
até novas ordens. Aos confessores, o Papa pediu acolhimento, disponibilidade,
generosidade e clarividência. “Não há lei nem preceito que possa impedir a Deus
de reabraçar o filho. Deter-se apenas na lei equivale a invalidar a fé e a misericórdia
divina”, escreve, pedindo que seja reforçada nas dioceses a celebração da
iniciativa “24 horas para o Senhor”, nas proximidades do IV domingo para a
Quaresma.
Absolvição do
aborto
Neste contexto,
se encontra a grande novidade da Carta Apostólica. A partir de agora, o
Pontífice concede a todos os sacerdotes a faculdade de absolver a todas as
pessoas que incorreram no pecado do aborto. “Aquilo que eu concedera de forma
limitada ao período jubilar fica agora alargado no tempo, não obstante qualquer
disposição em contrário. Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto
é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força,
posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não
possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para
se reconciliar com o Pai. Portanto, cada sacerdote faça-se guia, apoio e
conforto no acompanhamento dos penitentes neste caminho de especial
reconciliação.”
Fraternidade de
S. Pio X
Na mesma linha,
o Papa estende a absolvição sacramental dos pecados aos fiéis que frequentam as
igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X, instituída no
Ano Santo. “Para o bem pastoral destes fiéis e confiando na boa vontade dos
seus sacerdotes para que se possa recuperar a plena comunhão na Igreja
Católica, estabeleço por minha própria decisão de estender esta faculdade para
além do período jubilar, até novas disposições sobre o assunto, a fim de que a
ninguém falte jamais o sinal sacramental da reconciliação através do perdão da
Igreja.”
Caridade
Francisco fala
ainda da importância da consolação, principalmente na família e no momento da
morte, mas é à caridade que dedica outra grande parte da Carta Apostólica:
“Termina o Jubileu e fecha-se a Porta Santa. Mas a porta da misericórdia do
nosso coração permanece sempre aberta. (...) Por sua natureza, a misericórdia
se torna visível e palpável numa ação concreta e dinâmica”.
Francisco fecha a Porta Santa da Basílica de São Pedro |
“O caráter
social da misericórdia exige que não permaneçamos inertes mas afugentemos a
indiferença e a hipocrisia para que os planos e os projetos não fiquem letra
morta.” Para Francisco, com as obras de misericórdia se pode criar uma
verdadeira revolução cultural.
Dia Mundial dos
Pobres
No final da
Carta Apostólica, como mais um sinal concreto deste Ano Santo Extraordinário o
Pontífice institui para toda a Igreja o Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado
no XXXIII Domingo do Tempo Comum. “Será a mais digna preparação para bem viver
a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou
com os mais pequenos e os pobres. Será um Dia que vai ajudar as comunidades e
cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar
consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro
jazer à porta da nossa casa. Além disso este Dia constituirá uma forma genuína
de nova evangelização.
Leia AQUI a íntegra da Carta Apostólica
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Papa Francisco institui “Dia Mundial dos Pobres”
Cidade do
Vaticano (RV) – O Papa decidiu instituir o “Dia Mundial dos Pobres” na Igreja
Católica, que vai ser celebrado no penúltimo domingo do ano litúrgico: é o que
está contido na sua Carta Apostólica ‘Misericórdia e mísera’, apresentada nesta
segunda-feira no Vaticano.
A celebração é
inspirada no Ano Santo da Misericórdia, que se concluiu neste domingo (20) e,
particularmente, no ‘Jubileu das Pessoas Socialmente Excluídas’, que se
realizou no Vaticano no último dia 13 de novembro, dia em que se fecharam as
Portas Santas em todas as catedrais e santuários do mundo.
Sinal concreto
deste Ano Santo extraordinário
“Intuí que, como
mais um sinal concreto deste Ano Santo extraordinário, se deve celebrar em toda
a Igreja, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Dia Mundial dos
Pobres”, escreve Francisco, na Carta Apostólica ‘Misericórdia e mísera’, com a
qual marca o final do Jubileu.
O Papa explica
que vê nesta nova celebração a “mais digna preparação para bem viver a
solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo”, que encerra o ano
litúrgico na Igreja Católica, evocando a sua identificação com os “mais
pequenos e os pobres”.
“Não podemos nos
esquecer dos pobres"
O “Dia Mundial
dos Pobres” quer ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a
pobreza está no âmago do Evangelho”. “Não podemos nos esquecer dos pobres:
trata-se de um convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua
evidência evangélica”, afirma.
Jovem pede esmola |
A iniciativa
pretende ainda “renovar o rosto da Igreja” na sua ação de conversão pastoral
para que seja “testemunha da misericórdia”.
O Papa faz votos
de que a Igreja Católica saiba dar vida a “muitas obras novas” que manifestem
essa misericórdia, indo ao encontro dos que padecem a fome e a sede, “sendo
grande a preocupação suscitada pelas imagens de crianças que não têm nada para
se alimentar”.
Campos que
exigem respostas concretas
Francisco elenca
vários campos que exigem respostas concretas, como as migrações, as doenças, as
prisões, o analfabetismo ou a ignorância religiosa.
A Carta
Apostólica elogia os “muitos sinais concretos de misericórdia” que foram
realizados durante o último Ano Santo, mas recorda que isso “não basta”,
perante “novas formas de pobreza espiritual e material, que comprometem a
dignidade das pessoas”.
O Papa recorda
os desempregados, os sem-abrigo e sem-terra, as crianças exploradas e todas as
situações que exigem uma “cultura de misericórdia” que combata a indiferença e
a desconfiança entre seres humanos.
Possibilidade de
criar uma verdadeira revolução cultural
“As obras de
misericórdia, tocam toda a vida de uma pessoa. Por isso, temos possibilidade de
criar uma verdadeira revolução cultural precisamente a partir da simplicidade
de gestos que podem alcançar o corpo e o espírito, isto é, a vida das pessoas”,
destaca.
A Carta
Apostólica conclui-se com a convicção de que se vive “o tempo da misericórdia”
para todos os que sofrem, das mais diversas formas. "Existem muitos sinais
concretos de bondade e ternura para com os mais humildes e indefesos, os que
vivem mais sozinhos e abandonados. Há verdadeiros protagonistas da caridade,
que não deixam faltar a solidariedade aos mais pobres e infelizes", afirma
o Papa. (SP)
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Fisichella:
Sobre o aborto nenhum laxismo, mas misericórdia
Cidade do
Vaticano (RV) – Cerca de 950 milhões de fiéis atravessaram a Porta Santa nas
dioceses e santuários de todo o mundo, uma percentual que pode ter
superado 80% dos católicos. Pela primeira vez na história dos jubileus as
Portas para o Ano Santo foram abertas não somente em Roma, mas ao redor do
mundo. A estimativa foi apresentada pelo Presidente do Pontifício Conselho para
a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, responsável pela
organização do Ano Santo.
Um Jubileu que
partiu sob ameaça de uma onda de violências na Europa, mas foi vivido com
tranquilidade. Na coletiva de imprensa de apresentação da Carta Apostólica do
Papa Francisco publicada ao final do Jubileu na manhã desta segunda-feira (21),
Dom Fisichella se manifestou sobre temas fortes do documento intitulado
“Misericórdia e mísera”.
Sacerdotes
poderão absolver o pecado do aborto, nenhum laxismo
Entre os temas
mais requisitados pelos jornalistas, a grande novidade da Carta Apostólica de
que Francisco tenha concedido a todos os sacerdotes a faculdade de absolver
quem incorreu no pecado do aborto. Dom Fisichella reitera que não se trata de
laxismo:
Momento em que Papa assina, publicamente,
a nova Carta Apostólica, 'Misericordia et Misera'
|
A Fraternidade
de São Pio X
Uma outra
questão retomada na coletiva de imprensa é que prossegue, inclusive depois do
Jubileu e até nova disposição à proposito, a absolvição sacramental dos pecados
aos fiéis que frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade
de São Pio X.
Dom Fisichella – O
Papa reitera o que escreveu na carta endereçada a mim em virtude do Jubileu.
Aqui, obviamente, usa uma expressão que é singularmente significativa. O Papa
diz explicitamente: ‘Estabeleço por minha própria decisão de estender essa
faculdade para além do período jubilar, até novas disposições sobre o assunto’.
Então, acredito que o ponto em questão seja aquele; seja mais uma vez a mão
estendida.
Os momentos
marcantes do Jubileu e outras novidades da Carta
Dom Fisichella
abordou, também, o Dia Mundial dos Pobres proposto na Carta Apostólica e sobre
o domingo dedicado inteiramente à Palavra de Deus. O Presidente do Pontifício
comentou ainda sobre momentos marcantes vividos durante as Sextas-Feiras da
Misericórdia em que o Papa fez as visitas privadas, como aquela às mulheres
libertadas da escravidão da prostituição e aquela à unidade hospitalar de
neonatos. Dom Fisichella fez menção ainda à colaboração dos 4 mil voluntários
do Jubileu: o mais velho de 84 anos e o mais jovem de 18.
Aumentar a
“cultura da misericórdia”
Dom Fisichella
foi inclusive no profundo da nova Carta Apostólica: aumentar a cultura da
misericórdia.
Dom Fisichella – Papa
Francisco na sua Carta não faz mais que aprofundar o tema muito caro a ele
sobre a misericórdia como dimensão essencial da fé e do testemunho cristão. A
provocação de reinterpretar as tradicionais obras de misericórdia corporal e
espiritual frente às novas pobrezas do mundo atual é um convite concreto para
que as comunidades cristãs e cada fiel deem espaço à fantasia da misericórdia
para aumentar uma ‘cultura da misericórdia’ baseada na redescoberta do encontro
com os outros: uma cultura em que ninguém olha o outro com indiferença nem vira
o rosto quando vê o sofrimento dos irmãos.
Com o Jubileu o
desejo do Papa foi aquele de fazer com que os fiéis realizassem a experiência
da misericórdia para se transformar, por sua vez, instrumentos de misericórdia.
(AC)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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