Renunciar
“Qualquer um de
vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” (Lucas
14,33).
Quando nos
apegamos a pessoas, lugares, animais, dinheiro ou a qualquer coisa, nem sempre
é fácil renunciá-los. O que dirá dos vícios! Somente com o fortalecimento da
vontade e em vista de uma necessidade ou um valor muito maior é que o fazemos.
Jesus nos
desafia: “Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser
meu discípulo!” (Lucas 14,33). Para fazer isso, precisamos conhecer bem
quem é Ele e sua proposta de benefício. Se alguém somente vir nele um líder
religioso, pode não levar muito a sério o que Ele diz. Ele fala de seu Reino a
se implantar aqui na nossa vida e ser coroado na eternidade. Mas ele já morreu.
Como podemos conseguir o Reino definitivo feliz? No entanto, Ele está
presente entre nós e estará na eternidade porque não ficou na morte, como nós
mortais. Sua ressurreição nos dá a certeza de quem Ele é. Por isso, suas
palavras devem ser levadas em consideração. Precisamos sim renunciar a tudo, ou
seja, superar nosso apego a tudo para nos ligarmos de forma total a Ele. As
afeições humanas são relativas e devem ser pautadas pelo absoluto de Deus. Daí
o respeito aos valores que superam o puro animalesco e instintivo. Tudo é bom,
mas assumido e usado dentro dos parâmetros do Criador. A ética, a moral, o
respeito à dignidade da vida, da pessoa humana, da família, do sexo e de todos
os valores inerentes à lei natural e divina revelada pelo Filho são
indispensáveis para vivermos como pessoas humanas que têm dignidade.
O próprio Divino
Mestre nos ensina sobre a cruz na vida. Ela está presente em nossos limites,
desafios, transtornos e dificuldades pessoais e relacionais. Ninguém se priva
disso. Mas podemos reverter a amargura de tudo em tentos de resultado positivo,
quando tudo suportamos com amor à causa e ao porquê da vida de sentido,
assumidas para realizar o bem. Dessa maneira compreendemos porque Ele diz que
está conosco ajudando-nos a carregá-la. Nosso mérito será grande diante dele.
Tudo é armazenado na caução de benefício para aqui e a eternidade. Aliás, vemos
até nossos sacrifícios serem motivo de prazer, quando, por exemplo, lutamos
para a aquisição de casa própria. O esforço pode ser grande, mas, uma vez
atingido o objetivo, vemos que o esforço foi compensado. É justamente em vista
do objetivo da vida assumida conforme o projeto divino é que renunciamos a
outras opções, mesmo prazerosas, em vista de um valor maior, sabendo da
recompensa divina. Ao contrário, se já temos a recompensa aqui na terra, na
busca desenfreada de satisfações lícitas e ilícitas moralmente falando, não
teremos o benéfico eterno prometido pelo Filho de Deus.
Vale a pena a
renúncia, em vista da obtenção de valores superiores. Quem usa a vida para
chantagear, prejudicar e diminuir o semelhante, certamente não terá um
resultado bom para a eternidade e até mesmo aqui na terra. Muitos pensam que a
justiça humana não vai acontecer para muitos desmandos. Mas essa também pode
chegar para os falsos, inescrupulosos, imorais e corruptos.
Deus é
misericordioso e quer a conversão dos injustos e pecadores. Aliás, o Filho veio
justamente para salvá-los. No entanto, é preciso haver a aceitação desses para
acontecer o perdão e a mudança de vida. Enquanto é tempo, faz-se necessária a
mudança de vida de quem se encaminha para o desvio de conduta na prática da
injustiça. Da parte de quem já é convertido, a continuação da penitência e
conversão deve ser permanente, pois, quem está de pé precisa firmar-se
para não cair.
Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes
Claros (MG
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Fonte: cnbbleste2.org.br Ilustração: vindeafonte.blogspot.com.br
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