Ação que institui o aborto
Os bispos
concordam que é urgente “que o Governo implemente políticas públicas para
enfrentar efetivamente o vírus da zika, como, por exemplo, um eficiente
diagnóstico e acompanhamento na rede pública de saúde”. No entanto, consideram
estranho e indigno que se introduza nesse contexto da ADI a questão do aborto:
“É uma incoerência que ela defenda os direitos da criança afetada pela síndrome
congênita e, ao mesmo tempo, elimine seu direito de nascer”.
Intitulada
"Em defesa da integridade da vida", a Nota da CNBB destaca a
posição tradicional da Igreja sobre o aborto e traz uma denúncia sobre os
interesses de grupos que que se aproveitam para colocar a questão do aborto no
contexto do debate da ADI: “Repudiamos o aborto e quaisquer iniciativas que
atentam contra a vida, particularmente, as que se aproveitam das situações de
fragilidade que atingem as famílias. São atitudes que utilizam os mais
vulneráveis para colocar em prática interesses de grupos que mostram desprezo
pela integridade da vida humana”.
Os membros do
Conselho apontaram para o exemplo das paralimpíadas: “As paralimpíadas
trouxeram uma lição a ser assimilada por todos. O sentimento humano que brota
da realidade dos atletas paralímpicos, particularmente das crianças que
participaram das cerimônias festivas, nasce da certeza de que a humanidade se
revela ainda mais na fragilidade”. E os bispos concluem pedindo para que
as comunidades cristãs ofereçam acolhimento e apoio às vítimas da microcefalia:
“Solidarizamo-nos com as famílias que convivem com a realidade da microcefalia
e pedimos às nossas comunidades que lhes ofereçam acolhida e apoio”.
Leia a nota na
íntegra:
NOTA DA CNBB EM
DEFESA DA INTEGRIDADE DA VIDA
“Escolhe,
pois, a vida, para que vivas.” (Dt 30,19b)
O Conselho
Episcopal Pastoral – CONSEP, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB,
reunido em Brasília-DF, nos dias 20 e 21 de setembro de 2016, vem manifestar
sua posição com relação a Ação Direta de Inconstitucionalidade-ADI 5581 que
tramita no Supremo Tribunal Federal-STF. Essa ADI questiona a lei 13.301/2016
que trata da adoção de medidas de vigilância em saúde, relativas ao vírus da
dengue, chikungunya e zika.
Urge, de fato,
como pede a ADI, que o Governo implemente políticas públicas para enfrentar
efetivamente o vírus da zika, como, por exemplo, um eficiente diagnóstico e
acompanhamento na rede pública de saúde. Além disso, seja estendido por toda a
vida o benefício para criança com microcefalia e não por apenas três anos, como
estabelece o artigo 18 da lei 13.301/2016. Ao contrário do que prevê o
parágrafo segundo desse artigo, o benefício seja concedido imediatamente ao
nascimento da criança e não após a cessação do salário maternidade.
Causa-nos
estranheza e indignação a introdução do aborto na ADI. É uma incoerência que
ela defenda os direitos da criança afetada pela síndrome congênita e, ao mesmo
tempo, elimine seu direito de nascer. Nenhuma deficiência, por mais grave que
seja, diminui o valor e a dignidade da vida humana e justifica o aborto.
“Merecem grande admiração as famílias que enfrentam com amor a difícil prova de
um filho com deficiência. Elas dão à Igreja e à sociedade um precioso
testemunho de fidelidade ao dom da vida” (Papa Francisco, Amoris Laetitia,
47).
Repudiamos o
aborto e quaisquer iniciativas que atentam contra a vida, particularmente, as
que se aproveitam das situações de fragilidade que atingem as famílias. São
atitudes que utilizam os mais vulneráveis para colocar em prática interesses de
grupos que mostram desprezo pela integridade da vida humana.
As paralimpíadas
trouxeram uma lição a ser assimilada por todos. O sentimento humano que brota
da realidade dos atletas paralímpicos, particularmente das crianças que
participaram das cerimônias festivas, nasce da certeza de que a humanidade se
revela ainda mais na fragilidade.
Solidarizamo-nos
com as famílias que convivem com a realidade da microcefalia e pedimos às
nossas comunidades que lhes ofereçam acolhida e apoio. Rogamos a proteção de
Nossa Senhora, Mãe de Jesus, para todos os brasileiros e brasileiras.
Dom Sergio da Rocha - Arcebispo de Brasília - Presidente
Dom Murilo
Sebastião Ramos Krieger - Arcebispo de São
Salvador da Bahia - Vice-Presidente
Dom Leonardo
Ulrich Steiner - Bispo Auxiliar de Brasília - Secretário
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Fonte: cnbb.org.br
Fonte: cnbb.org.br
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