Insensibilidade de hoje escava abismos
Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu, neste domingo (25/09), na Praça São
Pedro, a celebração eucarística pelo Jubileu dos Catequistas que teve início na
última sexta-feira (23/09), e prosseguiu no sábado com momentos de reflexão e
oração em várias igrejas romanas. Participaram da missa cerca de 15 mil
catequistas provenientes de várias partes do mundo.
Em sua homilia,
o Pontífice sublinhou que o Apóstolo Paulo dirige a Timóteo, e a nós também,
algumas recomendações. Pede para guardar o “mandamento íntegro e sem mancha”.
Fala apenas de um mandamento a fim de que o nosso olhar se mantenha fixo no que
é essencial para a fé.
Anúncio pascal
“São Paulo não
recomenda uma multidão de pontos e aspectos, mas sublinha o centro da fé. Este
centro em torno do qual tudo gira, este coração pulsante que dá vida a tudo é o
anúncio pascal, o primeiro anúncio: O Senhor Jesus ressuscitou, o Senhor Jesus
nos ama e deu a vida por nós. Ressuscitado e vivo, está ao nosso lado e se
interessa por nós todos os dias. Nunca devemos nos esquecer disso.”
"É amando que se anuncia o Deus-Amor" |
“Neste Jubileu
dos Catequistas, nos é pedido para não nos cansarmos de colocar em primeiro
lugar o anúncio principal da fé: o Senhor ressuscitou. Não existem conteúdos
mais importantes, nada é mais firme e atual. Todo conteúdo da fé torna-se
perfeito se estiver ligado a este centro, se for permeado pelo anúncio pascal.
Se ficar isolado, perde sentido e força. Somos chamados continuamente a viver e
anunciar a Boa Nova do amor do Senhor.”
O mandamento de
que fala São Paulo faz-nos pensar também no mandamento novo de Jesus: «Que vos
ameis uns aos outros como Eu vos amei». “É amando que se anuncia o Deus-Amor:
nunca impondo a verdade e nem obstinando-se em torno de alguma obrigação
religiosa ou moral.”
Pessoa viva
“Anuncia-se
Deus, encontrando as pessoas, com atenção à sua história e ao seu caminho.
Porque o Senhor não é uma ideia, mas uma Pessoa viva: a sua mensagem se comunica
através do testemunho simples e verdadeiro, da escuta e acolhimento, da alegria
que se irradia. Não se fala bem de Jesus, quando nos mostramos tristes; nem se
transmite a beleza de Deus limitando-nos a fazer sermões bonitos. O Deus da
esperança se anuncia vivendo no dia-a-dia o Evangelho da caridade, sem medo de
o testemunhar inclusive com novas formas de anúncio.”
O Papa disse
ainda que “o Evangelho deste domingo nos ajuda a compreender o que significa
amar, especialmente a evitar alguns riscos. Na parábola, há um homem rico que
não se dá conta de Lázaro, um pobre que «jazia ao seu portão». Na realidade,
este rico não faz mal a ninguém, não se diz que é mau; e todavia tem uma
enfermidade pior que a de Lázaro, apesar de este estar «coberto de chagas»: Este
rico sofre duma forte cegueira, porque não consegue olhar para além do seu
mundo, feito de banquetes e roupas finas. Não vê além da porta de sua casa,
onde jazia Lázaro, porque não se importa com o que acontece fora. Não vê com os
olhos, porque não sente com o coração. No seu coração, entrou a mundanidade que
anestesia a alma”.
Buraco negro
“A mundanidade é
como um «buraco negro» que engole o bem, que apaga o amor, que absorve tudo no
próprio eu. Então só se veem as aparências e não nos damos conta dos outros,
porque nos tornamos indiferentes a tudo. Quem sofre desta grave cegueira,
assume muitas vezes comportamentos «estrábicos»: olha com reverência as pessoas
famosas, de alto nível, admiradas pelo mundo, e afasta o olhar dos inúmeros
Lázaros de hoje, dos pobres e dos doentes, que são os prediletos do Senhor.”
“Mas o Senhor
olha para quem é transcurado e rejeitado pelo mundo. Lázaro é o único
personagem, em todas as parábolas de Jesus, a ser chamado pelo nome. O seu nome
significa «Deus ajuda». Deus não o esquece, o acolherá no banquete de seu
Reino, juntamente com Abraão, numa comunhão rica de afetos. Ao contrário, na
parábola, o homem rico não tem sequer um nome; a sua vida cai esquecida, porque
quem vive para si mesmo não faz a história. A insensibilidade de hoje escava
abismos intransponíveis para sempre”, disse ainda o Santo Padre.
Pobreza e
dignidade
O Papa frisou
que “há outro detalhe na parábola: um contraste. A vida opulenta deste homem
sem nome é descrita com ostentação: tudo nele são carências e direitos, tudo é
espalhafatoso. Mesmo na morte, insiste em ser ajudado e pretende os seus
interesses. Ao invés, a pobreza de Lázaro é expressa com grande dignidade: da
sua boca não saem lamentações, protestos nem palavras de desprezo. É uma válida
lição.”
“Como servidores
da palavra de Jesus, somos chamados a não ostentar aparência, nem procurar
glória; não podemos sequer ser tristes e lastimosos. Não sejamos profetas da
desgraça, que se comprazem em lobrigar perigos ou desvios; não sejamos pessoas
que vivem entrincheiradas nos seus ambientes, proferindo juízos amargos sobre a
sociedade, sobre a Igreja, sobre tudo e todos, poluindo o mundo de
negatividade. O ceticismo lamentoso não se coaduna com quem vive familiarizado
com a Palavra de Deus.”
Esperança
Segundo o Papa
Francisco, “quem anuncia a esperança de Jesus é portador de alegria e vê longe,
porque sabe olhar para além do mal e dos problemas. Ao mesmo tempo, vê bem de
perto, porque está atento ao próximo e às suas necessidades. Hoje o Senhor nos
pede isso: diante dos inúmeros Lázaros que vemos, somos chamados a
inquietar-nos, a encontrar formas de os atender e ajudar, sem delegar sempre a
outras pessoas nem dizer: «Ajudo você amanhã». O tempo gasto socorrendo é
tempo doado a Jesus, é amor que permanece: é o nosso tesouro no céu, que nos
asseguramos aqui na terra”.
O Santo Padre
concluiu a homilia pedindo a Deus para que “nos dê a força de viver e anunciar
o mandamento do amor, vencendo a cegueira da aparência e as tristezas mundanas.
Que Ele nos torne sensíveis aos pobres, que não são um apêndice do Evangelho,
mas página central, sempre aberta diante de nós”. (MJ)
Assista:
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Francisco no Angelus:
Papa reza pelo México a fim de que cesse a violência
No final da celebração eucarística, deste domingo (25/09),
pelo Jubileu dos Catequistas, o Papa Francisco rezou a oração mariana do
Angelus com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo que se encontravam
na Praça São Pedro.
Que Maria ajude os catequistas a perseverarem na missão |
Na alocução
antes da oração, o Pontífice recordou que foi beatificado, neste sábado
(24/09), em Würzburg, Alemanha, Engelmar Unzeitig, sacerdote da
Congregação do Missionários de Mariannhill. Morto por ódio à fé no campo de
extermínio de Dachau, ele sempre combateu o ódio com o amor e a resposta feroz
com a mansidão. “Que o seu exemplo nos ajude a ser testemunhas de caridade e
esperança em meio às tribulações”, disse Francisco.
A seguir, o Papa
disse:
“Uno-me de bom
grado aos Bispos do México em apoiar os esforços da Igreja e da sociedade civil
em favor da família e da vida, que neste momento exigem uma atenção pastoral e
cultural especial em todo o mundo. E também asseguro a minha oração para o
amado povo mexicano, a fim de que cesse a violência que nos últimos dias atingiu
também alguns sacerdotes.”
Ainda em seu
discurso, o Santo Padre recordou que neste domingo se celebra o Dia Mundial do
Surdo. “Saúdo todas as pessoas surdas, aqui representadas, e as encorajo a dar
a sua contribuição em prol de uma Igreja e uma sociedade cada vez mais capaz de
acolher a todos.”
A seguir, o Papa
dirigiu uma saudação especial aos catequistas:
“Queridos
catequistas! Obrigado pelo seu trabalho na Igreja a serviço da evangelização,
na transmissão da fé. Que Maria os ajude a perseverar no caminho da fé e a
testemunhar com a vida aquilo que vocês ensinam na catequese.” (MJ)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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