Sejam homens "em saída" e de diálogo
Cidade do
Vaticano (RV) – “Sair de si mesmo para anunciar o Evangelho a todos os cantos
do mundo”: esta foi a exortação que o Papa fez em sua homilia, na Missa que
celebrou na manhã deste sábado (17/9).
Participaram da
celebração na Capela da Casa Santa Marta os Núncios Apostólicos em Roma por
ocasião do seu Jubileu.
Núncios celebram com o Papa na Capela Santa Marta |
Francisco
agradeceu os Núncios pela disponibilidade em desempenhar a missão em um país
diferente, com alegria e entusiasmo.
A seguir,
partindo da parábola do Semeador, Francisco apreciou a obra dos Núncios, que
semeiam a Boa Nova em todas as partes do mundo. O Papa reconheceu que, muitas
vezes, a vida dos seus representantes é como a vida de um nômade devido aos
constantes deslocamentos:
“Ao aprender bem
um idioma, ouve o telefone tocar de Roma: “Oi como vai? Tudo bem?” Ele pensa
que o Santo Padre lhe quer muito bem para telefonar-lhe, uma ligação doce como
o açúcar... “Olha, eu lhe liguei por este motivo...”: preparar as malas e ir
para outro lugar, deixando seus amigos, seus costumes, todas as coisas que
fez... Sair de si mesmo, sair daquele lugar para ir a outro e lá recomeçar”.
Ao chegar a um
novo país – prosseguiu o Papa – o Núncio se depara com outra “saída”: “sair de
si mesmo para conhecer, dialogar, aprofundar a cultura e o modo de pensar
diferente”.
Semear a Palavra
Em tom de
brincadeira, Francisco disse “sair de si mesmo para ir a recepções, tantas
vezes tediosas, mas ali também se semeia: a semente é sempre boa. Alguém –
observou – poderia pensar que se trata de um trabalho funcionalista ou
administrativo que poderia ser desempenhado por leigos. E explicou:
“Outro dia,
falando sobre este assunto, o Secretário de Estado disse: “Vejam, muitos
parecem ser superficiais nas recepções, mostrando o hábito talar”. Mas, vocês
sabem muito bem o impacto que causaram naquelas pessoas: estar no ambiente
mundano sem pertencer a ele, tratando as pessoas como são, ouvi-las, dialogar
com elas... este também é um modo do Núncio 'sair de si mesmo', entendendo os
outros, dialogando com eles... é uma cruz”!
Jesus, –
acrescentou Francisco – diz que “o semeador semeia a semente e depois descansa,
porque depois Deus a faz germinar e crescer”. Da mesma forma o Núncio, – disse
– “deve sair de si e ir em direção ao Senhor, que faz crescer e germinar a
semente; deve sair de si diante do Sacrário, na oração e na adoração”.
Recomeçar
“Recomeçar
sempre com alegria e entusiasmo, apesar das dificuldades” – frisou o Papa –
explicando que “este é um grande testemunho que o Núncio pode dar: adorar
Aquele que faz crescer as coisas, Aquele que dá a vida”:
“Eis as três
“saídas” de um Núncio: “saída física, preparar as malas e fazer vida de nômade!
Digamos uma “saída cultural”: aprender lidar com uma nova cultura, aprender
outra língua... Naquele telefonema, ouviu-se: “Quais línguas você fala? Eu falo
bem o inglês, o francês e me arranjo em espanhol”... Bem... muito bem! Então
olhe “o Papa pensou em enviar-lhe para o Japão”! E se responde: “Mas eu nem
conheço uma palavra daquela língua!”. “Mas, você aprende!”.
Depois, o Papa
contou aos Núncios que havia ficado impressionado com um deles, que antes de
apresentar suas credenciais, havia aprendido uma língua difícil, na qual até
conseguia celebrar missa! Assim, ele empreendeu esta sua “saída” com entusiasmo
e alegria.
Serviço à Igreja
Os núncios estão
sempre em “saída” para servir a Igreja – afirmou ainda Francisco. Este aspecto
é bem mais evidente nos núncios eméritos. Trata-se de uma tarefa de
“fraternidade”: o núncio emérito reza mais, deve rezar mais por seus irmãos que
estão no ambiente mundano. Mas, – explicou o Papa – o núncio que está na
ativa jamais deve esquecer a adoração “para que Semeador faça crescer o que ele
semeou. E concluiu:
“São estas as
três saídas e os três modos de servir a Jesus Cristo e à Igreja. A Igreja lhes
agradece - por estas três “saídas”, lhes agradece muito, e eu também. Aprecio
muito todas as vezes que recebo de manhã cedo as suas comunicações! Olha como
ele está fazendo bem!”.
Por fim, o Papa
fez votos para que “o Senhor possa conceder a sua graça”, afim de que os
Núncios atualizem sempre estas “três saídas”, estas “três saídas de si mesmo”! (MT)
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Papa a Núncios Apostólicos:
“Não apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós”
Rádio Vaticano
(RV) – O Papa recebeu os Núncios Apostólicos na manhã deste sábado (17/09), na
conclusão do encontro que reuniu no Vaticano os representantes do Pontífice no
mundo inteiro.
Nunciatura Apostólica do Equador |
Mais cedo,
Francisco celebrou a
missa na Casa Santa Marta com os núncios.
Ao recordar as
palavras do Beato Papa Paulo VI, que reformou o serviço diplomático da Santa
Sé, o Pontífice sublinhou o papel dos Núncios.
“A sua missão
não deve se sobrepor ao bispo, nem substitui-lo ou impedi-lo, mas o
respeita, aliás, o favorece e apoia com o fraterno e discreto conselho”.
Não apontar o
dedo
Francisco
dividiu sua reflexão em três partes: na primeira falou sobre o serviço do
Núncio, que deve ser feito com “sacrifício como humildes enviados” em cada
realidade nacional.
“Não basta
apontar o dedo ou agredir quem não pensa como nós. Esta é uma mísera tática das
atuais guerras políticas e culturais, mas não pode ser o método da Igreja. O
nosso olhar deve ser vasto e profundo. A formação das consciências é o nosso
dever primordial de caridade e isso requer delicadeza e perseverança na sua
atuação”.
Casa do Papa
Francisco pediu
que as Nunciaturas sejam “verdadeiramente a Casa do Papa”.
Que sejam um
“lugar permanente de apoio e conselho a todo âmbito eclesial, um ponto de
referência às autoridades públicas, não somente para a função diplomática, mas
para o caráter próprio e único da diplomacia pontifícia. Vigiem para que as
Nunciaturas não sejam refúgio dos ‘amigos e amigos de amigos’. Fujam das
fofocas e dos carreiristas”.
A seguir, o Papa
ressaltou a necessidade de que os núncios “acompanhem as Igrejas com o coração
de pastores” e “acompanhem os povos nos quais a Igreja de Cristo está
presente”.
Por fim, ao
reenviar os núncios, Francisco concluiu: “Não somos vendedores de medo e da
noite, mas guardiões do alvorecer e da luz do Ressuscitado. O medo mora na
obscuridade do passado e é provisório. O futuro pertence à luz. O futuro é
nosso porque pertence a Cristo!”. (rb)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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