Papa no Coliseu:
Cristãos assassinados com o nosso silêncio
Cidade do
Vaticano (RV) – Nesta Sexta-feira Santa (03/04), o Papa Francisco presidiu a
tradicional Via-Sacra no Coliseu romano, com a participação de milhares de
fiéis.
Ao final da 14ª
estação, o Papa leu a seguinte oração:
Deus tem misericórdia infinita por nós |
“A tua via-sacra
é a síntese de tua vida, ícone de tua obediência à vontade do Pai. É a prova de
tua missão. O peso da tua cruz nos liberta de todos os nossos fardos. Na tua
obediência à vontade do Pai, nós nos damos conta da nossa rebelião e
desobediência. Em ti vendido, traído e crucificado pela tua gente, nós vemos
nossas cotidianas traições e infidelidades. Na tua inocência, vemos a nossa
culpa; no teu rosto desfigurado, vemos a brutalidade dos nossos pecados. Na
crueldade da tua paixão, vemos a crueldade do nosso coração e das nossas ações.
Ao sentir-te abandonado, vemos todos os abandonados pelos familiares, pela
sociedade. No teu corpo sacrificado, vemos os corpos dos nossos irmãos
abandonados nas ruas, desfigurados pela nossa negligência e indiferença. Em ti,
divino Amor, vemos ainda hoje os nossos irmãos perseguidos, decapitados e
crucificados pela sua fé em ti, sob nossos olhos ou com frequência com nosso
silêncio cúmplice. Imprime em nosso coração sentimentos de fé, esperança,
caridade, de dor pelos nossos pecados e leva-nos a nos arrepender pelos nossos
pecados que te crucificaram. Leva-nos a transformar a nossa conversão feita de
palavras em conversão de vida e de obras. Jesus Crucificado, reaviva em nós a
esperança, para que não se perca seguindo as seduções do mundo; guarda em nós a
caridade, que não se deixe enganar pela corrupção e a mundanidade. Ensina-nos
que a Santa-feira Santa é a estrada para a Páscoa da ressurreição. Ensina-nos
que Deus jamais esquece nenhum de seus filhos e jamais se cansa de nos perdoar
e de abraçar. E ensina-nos a não nos cansar de pedir perdão e de acreditar na
misericórdia sem limites do Pai.”
Depois da benção
final, Francisco acrescentou uma saudação: “Voltemos a nossas casas com a
lembrança de Jesus, de sua paixão, do seu grande amor, e também com a esperança
da sua jubilosa ressurreição".
Este ano, as
meditações foram confiadas ao Bispo emérito de Novara, Dom Renato Corti.
O texto que acompanhou as 14 estações foi publicado
também em português.
Os temas foram
os dramas familiares do mundo de hoje, a presença feminina na Igreja e a
“tristeza no abisso” de tantas almas feridas pela solidão, o abandono, a
indiferença, as doenças, a morte de um ente querido; o risco de ser “cristãos
mornos”, dramas coletivos como o tráfico de seres humanos, a condição das
crianças-soldado, o trabalho em regime de escravidão, os jovens roubados de si
mesmos, feridos em sua intimidade e barbaramente profanados com abusos sexuais;
a pena de morte ainda praticada em muitos países, e toda forma de tortura e
opressão violenta de inocentes.
Dom Corti
enriqueceu as meditações utilizando textos do Papa Paulo VI, do Cardeal Carlo
Maria Martini e do Ministro paquistanês Shahbaz Bhatti, assassinado em 2011.
Dois brasileiros
estavam entre as pessoas que carregaram a cruz de Jesus durante a Via-Sacra: os
irmãos Rafaela e Vitor, adotados no Brasil por um casal de italianos,
participaram da cerimônia ao lado dos pais na terceira estação. Além deles,
também levaram a cruz duas religiosas iraquianas e pessoas provenientes de
Síria, Nigéria, Egito e China, entre outras. (BF/CM)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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