Francisco:
As chagas de Jesus são chagas de misericórdia!
Cidade do
Vaticano (RV) – “As chagas de Jesus são chagas de misericórdia”. O Papa
Francisco dedicou a homilia da Missa deste II Domingo de Páscoa à
misericórdia divina, cuja festa celebrada hoje foi instituída por João Paulo
II. Durante a celebração, que também recordou o centenário do martírio
armênio, Gregório de Narek foi proclamado Doutor da Igreja.
Após a
ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos mostrando as suas chagas, para
que acreditassem não tratar-se de uma visão. “Hoje – disse o Papa – o Senhor
mostra também a nós, através do Evangelho, as suas chagas. São chagas de
misericórdia. É verdade! As chagas de Jesus são chagas de misericórdia”. E
“Jesus convida-nos a contemplar estas chagas, convida-nos a tocá-las – como fez
com Tomé – a fim de curar a nossa incredulidade. Convida-nos sobretudo a entrar
no mistério destas chagas, que é o mistério do seu amor misericordioso”:
O amor e a misericórdia de Deus são eternos |
“Através delas,
como por uma brecha luminosa, podemos ver todo o mistério de Cristo e de Deus:
a sua Paixão, a sua vida terrena – cheia de compaixão pelos pequeninos e os
doentes – a sua encarnação no ventre de Maria. E podemos remontar a toda a
história da salvação: as profecias – especialmente as do Servo de Yahweh –, os
Salmos, a Lei e a aliança, até à libertação do Egito, à primeira Páscoa e ao
sangue dos cordeiros imolados; e remontar ainda aos Patriarcas até Abraão e, mais
além na noite dos tempos, até a Abel e ao seu sangue que clama da terra. Tudo
isto podemos”.
O Papa observou,
que ficamos esmagados diante dos acontecimentos trágicos da história humana, e
perguntamo-nos: “Por quê?”:
“A maldade
humana pode abrir no mundo como que fossos, grandes vazios: vazios de amor,
vazios de bondade, vazios de vida. E surge-nos então a pergunta: Como podemos
preencher estes fossos? A nós, é impossível; só Deus pode preencher estes
vazios que o mal abre nos nossos corações e na nossa história. É Jesus, feito
homem e morto na cruz, que preenche o abismo do pecado com o abismo da sua
misericórdia”.
“Jesus
Crucificado e Ressuscitado, e de modo particular “as suas chagas cheias de
misericórdia” – afirmou o Papa – são “o caminho que Deus nos abriu para sairmos
da escravidão do mal e da morte e entrarmos na terra da vida e da paz”.
“Os Santos –
prosseguiu Francisco - ensinam-nos que se muda o mundo a partir da
conversão do próprio coração”:
“E isto acontece
graças à misericórdia de Deus. Por isso, quer perante os meus pecados, quer
diante das grandes tragédias do mundo, «a consciência sentir-se-á turvada, mas
não será abalada, porque me lembrarei das feridas do Senhor”.
Com o olhar
voltado para as chagas de Jesus Ressuscitado e com as expressões “O seu amor
dura para sempre” e “a sua misericórdia é eterna” gravadas no nosso coração, o
Papa Francisco convidou para que que caminhemos pelas estradas da história,
“com a mão na mão de nosso Senhor e Salvador, nossa vida e nossa esperança”.
Clique aqui para ler a homilia na íntegra e a mensagem
aos armênios. (JE)
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Papa aos armênios:
Esconder ou negar o mal
é como deixar que uma ferida continue a sangrar sem a tratar
A celebração recordou também o
centenário do martírio armênio, perpetrado em 1915 pelo Império Turco-otomano.
O Santo Padre entregou quatro cópias de uma mensagem aos dois Catholicos,
Karekin II e Aram I, ao Patriarca Católico Nerses Bedros XIX e ao Presidente da
Armênia Serz Azati Sargsyan, que ao final da celebração dirigiram uma saudação
ao Papa Francisco e rezaram pelo povo armênio.
Antes da Missa,
o Santo Padre dirigiu uma saudação aos fiéis armênios, onde inicialmente
recordou que em várias ocasiões, havia definido o tempo presente como “um tempo
de guerra, uma terceira guerra mundial combatida ‘por pedaços’”, onde nós
assistimos “diariamente a crimes hediondos, a massacres sangrentos e à loucura
da destruição”, fazendo referência novamente à perseguição aos cristãos:
Proximidade e solidariedade com os armênios |
“Ainda hoje,
infelizmente, ouvimos o grito, abafado e transcurado, de muitos dos nossos
irmãos e irmãs inermes que, por causa da sua fé em Cristo ou da sua pertença
étnica, são pública e atrozmente assassinados – decapitados, crucificados, queimados
vivos – ou então forçados a abandonar a sua terra”.
No século
passado – prosseguiu o Pontífice – a nossa humanidade viveu três grandes e
inauditas tragédias:
“A primeira, que
geralmente é considerada como «o primeiro genocídio do século XX» atingiu o
vosso povo armênio – a primeira nação cristã – juntamente com os sírios
católicos e ortodoxos, os assírios, os caldeus e os gregos. Foram mortos
bispos, sacerdotes, religiosos, mulheres, homens, idosos e até crianças e
doentes indefesos. As outras duas são as perpetradas pelo nazismo e pelo
estalinismo”.
Mais
recentemente, Francisco recordou que houve outros extermínios de massa, como os
do Camboja, do Ruanda, do Burundi, da Bósnia:
“E todavia
parece que a humanidade não consiga parar de derramar sangue inocente. Parece
que o entusiasmo surgido no final da II Guerra Mundial esteja a desaparecer e
dissolver-se. Parece que a família humana se recuse a aprender com os seus
próprios erros causados pela lei do terror; e, assim, ainda hoje há quem
procure eliminar os seus semelhantes, com a ajuda de alguns e o silêncio
cúmplice de outros que permanecem espectadores. Ainda não aprendemos que «a
guerra é uma loucura, um inútil massacre»”
No dia de hoje –
prosseguiu o Papa dirigindo-se aos fiéis armênios - recordamos o centenário
daquele trágico acontecimento, daquele enorme e louco extermínio que cruelmente
sofreram os vossos antepassados:
“Recordá-los é
necessário, antes forçoso, porque, quando não subsiste a memória, quer dizer
que o mal ainda mantém aberta a ferida; esconder ou negar o mal é como deixar
que uma ferida continue a sangrar sem a tratar”.
O Santo Padre
concluiu, reafirmando a certeza de que “o mal nunca provém de Deus,
infinitamente Bom” e de que “a crueldade não pode jamais ser atribuída à ação
de Deus e, mais, não deve de forma alguma encontrar no seu Santo Nome qualquer
justificação”.
Clique aqui para ler a íntegra da mensagem e a homilia
da Missa. (JE)
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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