A vida cristã não é museu
Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja segue sua caminhada graças às surpresas do Espírito Santo. Este é um dos trechos da homilia do Papa na missa matutina desta terça-feira (28/04) na Casa Santa Marta. Detendo-se à pregação do Evangelho aos pagãos, narrada nos Atos dos Apóstolos, Francisco destacou que também hoje é preciso ter “coragem apostólica” para não transformar “a vida cristã em um museu de recordações”.
Ao chegarem em
Antioquia, os discípulos de Cristo começam a predicar não somente aos judeus,
mas também aos gregos, aos pagãos e um grande número deles acreditou e
converteu-se ao Senhor. O Papa inspirou-se no trecho dos Atos dos Apóstolos, na
Primeira Leitura, para destacar o quanto é fundamental na vida da Igreja
abrir-se sempre ao Espírito Santo. Muitos, na época, ficavam inquietos ao saber
que o Evangelho era pregado para além dos judeus. Mas quando Barnabé chega a
Antioquia se alegra porque vê que as conversões dos pagãos são obras de Deus.
Não temer o Deus
das surpresas
Além disso,
destacou o Papa, já nas profecias estava escrito que o Senhor viria salvar
todos os seus povos, como no capítulo 60 de Isaías. Entretanto, nem todos
compreendiam estas palavras:
"O avançar da Igreja é obra do Espírito Santo" |
“Não entendiam.
Não entendiam que Deus é o Deus das novidades. ‘Eu renovo tudo’, nos diz. Que o
Espírito Santo veio para isso, para nos renovar e continuamente faz esse
trabalho de nos renovar. Isto provoca temores. Na História da Igreja podemos
ver daquele momento até hoje quantos temores diante das surpresas do Espírito
Santo. É o Deus das surpresas”.
“Porém – disse o
Papa – existem novidades e novidades”. Algumas novidades, admitiu, “vê-se que
são de Deus”, outras não.
Como podemos
fazer essa distinção? Na realidade, observou o Papa, seja Barnabé assim como
Pedro, diz-se que sejam homens cheios do Espírito Santo. “Em ambos – reiterou –
há o Espírito Santo que permite que a verdade seja vista. Nós, sozinhos, não
podemos. Com a nossa inteligência não podemos”. “Podemos estudar toda a
História da Salvação, podemos estudar toda a Teologia – advertiu – mas sem o
Espírito Santo não podemos entender. É justamente o Espírito que nos faz
entender a verdade ou – usando as palavras de Cristo – é o Espírito que nos faz
conhecer a voz de Jesus”: “As minhas ovelhas escutam a minha voz e eu as
conheço e elas me seguem”.
A Igreja avança
com as novidades do Espírito Santo
“O avançar da
Igreja - continuou - é obra do Espírito Santo”, que nos faz ouvir a voz do
Senhor. “E como posso fazer - se pergunta o Papa - para estar certo de que
a voz que ouço é a voz de Jesus, que o que eu sinto que tenho que fazer é obra
do Espírito Santo? Rezar”:
“Sem oração, não
há lugar para o Espírito. Pedir a Deus para nos enviar esse dom: “Senhor,
dai-nos o Espírito Santo para que possamos discernir em cada momento o que nós
devemos fazer', que nem sempre é o mesmo. A mensagem é a mesma: a Igreja
avança, a Igreja vai em frente com essas surpresas, com essas novidades do
Espírito Santo. É preciso discerni-las, e para discerni-las devemos rezar,
pedir esta graça. Barnabé estava cheio do Espírito Santo e entendeu
imediatamente; Pedro viu e disse: “Mas quem sou eu para negar aqui o
Batismo?”. É ele que não nos faz errar. “Mas, Padre, por que entrar
nestes problemas? Vamos fazer as coisas da maneira que sempre fizemos, assim
estamos mais seguros ... '”
A vida cristã
não seja um museu de recordações
Mas fazer como
sempre foi feito, advertiu, é uma alternativa “de morte”. E exortou a correr o
“risco, com a oração, com a humildade de aceitar o que o Espírito" nos
pede para "mudar”: Este é o caminho”.
“O Senhor
nos disse que, se comermos o seu corpo e bebermos o seu sangue, teremos vida.
Agora vamos continuar esta celebração, com esta palavra: 'Senhor, Tu que estas
aqui conosco na Eucaristia. Tu estarás dentro de nós, dá-nos a graça do
Espírito Santo. Dá-nos a graça de não ter medo quando o Espírito, com
segurança, nos diz para darmos um passo avante". E nesta Missa, vamos
pedir essa coragem, essa coragem apostólica de levar a vida e não fazer da
nossa vida cristã um museu de recordações”. (RB-SP)
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Fonte: radiovaticana.va
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