Nova presidência
toma posse e concede entrevista coletiva
A nova presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tomou posse na manhã desta sexta-feira, dia 24, durante a sessão de encerramento da 53ª Assembleia Geral (AG) da entidade, iniciada no dia 15, em Aparecida (SP). Também tomaram posse os doze presidentes da Comissões Episcopais.
Dom Damasceno preside a Cerimônia de posse |
O arcebispo de
Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, na condição de presidente da
Conferência, fez uma série de agradecimentos aos participantes, parceiros e
colaboradores pela realização da 53ª AG. Também agradeceu pelos “frutos” do
trabalho. “A oração, a convivência fraterna, os temas que pudemos aprofundar,
sobre os quais pudemos dialogar, os documentos que aprovamos são alguns dos
frutos do nosso trabalho que nos fizeram crescer na corresponsabilidade
colegial pela Igreja no Brasil”, disse o cardeal.
Dom Damasceno
ainda expressou a gratidão ao episcopado pela confiança do mandato iniciado em
2011, o qual os permitiu “servir com limitações, mas com grande amor, à Igreja
no Brasil”.
No final de sua
fala, dom Raymundo desejou “votos de boas realizações” na condução dos
trabalhos da Conferência Episcopal.
O secretário
geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, reconduzido ao cargo, tomou a palavra para
saudar o cardeal Damasceno Assis e o arcebispo de São Luís (MA), dom José
Belisário, que ocupou a vice-presidência no último quadriênio.
Com Damasceno, Dom Sérgio e Dom Leonardo |
“Dom Raymundo e
dom Belisário, creio que todos nós que estamos aqui gostaríamos de expressar
uma palavra de profunda gratidão. São dois homens extraordinários. Simples,
argutos, perspicazes, um amor profundo à Igreja, um amor profundo à CNBB. São
dois homens extraordinários porque têm o senso do Evangelho, o bom humor, a
alegria, a simplicidade”, disse dom Leonardo.
O bispo auxiliar
de Brasília (DF) ainda testemunhou o amor pela CNBB presente nos ex-membros da
presidência. “Se todos nós tivermos o amor pela CNBB como esses dois homens,
nós continuaremos na comunhão, na colegialidade e no serviço à nossa Igreja no
Brasil”, sugeriu.
Voltando-se para
dom Damasceno, ressaltou a capacidade de ponderação do cardeal. “O senhor sempre
procurou ver todos os lados, todas as perspectivas para podermos assim tomar
decisões e encaminhamentos que nos ajudaram muito durante esses quatro anos”,
avaliou.
Após momento de
oração, foram chamados os presidentes das doze Comissões Episcopais de Pastoral
que cumpriram mandato até a 53ª AG e os escolhidos durante esta semana. Com um
aperto de mão, simbolizaram a passagem e continuidade do trabalho à frente das
respectivas comissões.
Entrevista
coletiva
Após a cerimônia
de posse e encerramento da 53ª AG da CNBB, o presidente e o secretário geral da
Conferência atenderam a imprensa em entrevista coletiva. Na ocasião, foram
divulgadas notas e mensagens aprovadas durante a reunião. As mensagens foram
dirigidas às pessoas da Vida Consagrada, por ocasião do Ano da Vida
Consagrada; aos cristãos perseguidos e ao povo armênio, por ocasião do
centenário do genocídio que ceifou a vida de 1,5 milhão de cristãos, canonizados
simbolicamente pelo líder da Igreja Armênia.
Bispos cumprimentam-se fraternalmente |
A nota divulgada
trata do momento nacional. Uma reflexão que partiu da análise
apreensiva do episcopado diante da realidade brasileira “marcada pela profunda
e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de
1988, e coloca em risco a ordem democrática do País”.
“Desta avaliação
nasce nossa palavra de pastores convictos de que ‘ninguém pode exigir de nós
que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer
influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das
instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que
interessam aos cidadãos’”, afirmaram citando a Exortação Apostólica do papa
Francisco, Evangelii Gaudium.
Respostas aos
jornalistas
Após a leituras
das notas, os jornalistas puderam fazer perguntas ao presidente e secretário
geral da CNBB. Confira trechos de algumas respostas:
• Acusações de
atitudes favoráveis ao partido do governo
Dom Sérgio da
Rocha
“Nós deixamos
muito claro que a CNBB, na sua história e no momento presente tem sempre se
pautado por aquilo que é a Doutrina Social da Igreja. Nós temos sim o dever de
nos pronunciar sobre as questões sociais e fazemos isso sempre na fidelidade a
Cristo, iluminados pela palavra dele”
“A palavra da
Igreja é profética, é de anúncio é de denúncia, sempre fundamentada na palavra
de Deus. É a palavra de Deus que está sendo proclamada nas condições concretas
do nosso tempo, do nosso país. De nossa parte, nós não temos adotado e não
queremos adotar nenhuma posição que seja político-partidária. E no caso da
Reforma Política, até mesmo existem outros projetos diversos daquele que a
Coalizão, da qual a CNBB participa, está propondo. Então não é justo, às vezes
as pessoas não estão muito atentas aos detalhes, às vezes vão misturando as
coisas. Por exemplo, o fato da Igreja falar da reforma política, mostrar a
importância da palavra política não quer dizer que esteja adotando uma posição
que seja do governo que aí está ou então de um partido ou outro. Nós fazemos
isso [falar da reforma política], com sentimento de corresponsabilidade e de
responsabilidade na vida social.
“Eu deixo muito
claro que se há equívocos, a gente respeita, até mesmo pessoas que possam ter
uma postura mais crítica, mas, de nossa parte, aquilo que tem sido e que
continuará a ser é uma postura de autonomia, de independência diante daquilo
que é posição político-partidária. Lamentavelmente, às vezes, acaba-se
confundindo as coisas dependendo daquilo que se fala”.
• Continuidade
de posicionamentos sobre questões sociais e políticas com a nova presidência
Dom Sérgio da
Rocha
Nova Presidência da CNBB e das Comissões Episcopais |
“A eleição de
uma nova presidência não significa uma mudança radical nos rumos da Conferência
Episcopal. A presidência não age sozinha. Nós estamos, em primeiro lugar,
procurando dar sequência àquilo que tem sido o papel da CNBB na Igreja no
Brasil nesses anos todos”.
“Essa postura
profética que sempre acompanhou a vida da Igreja, a vida da CNBB, vai
continuar”.
Na elaboração de
notas e nos Conselhos Episcopais “não se reflete aquilo que é o sentir da
presidência, mas do episcopado”.
“Não podemos
renunciar a esse aspecto que é próprio da missão da Igreja e da CNBB na Igreja
no Brasil, que é o profetismo, uma postura de anúncio da Palavra de Deus nas
condições concretas do mundo de hoje, principalmente denunciando aquilo que vai
contra a palavra de Deus, contra o Reino de Deus, independente da matéria que
esteja em pauta”.
• Vistas ao papa
e à presidência da República
Dom Leonardo
Steiner
Dom Leonardo explicou
que a presidência da CNBB apresenta a cada ano o resultado das Assembleias
Gerais. Um momento de diálogo e para “ouvir as orientações”. Ele ressaltou sua
experiência com o “jeito afável e próximo” de Bento XVI e a “expansividade” do
papa Francisco, o qual tem sempre a curiosidade de saber como está o trabalho
da Conferência.
“É praxe da nova
presidência fazer uma visita ao presidente, no nosso caso, a presidente, até no
período da ditadura. A CNBB coloca suas preocupações. Também estabelece contato
com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o procurador geral da
República”.
“Às vezes a
gente sente que alguns pensam que a visita no caso da presidente é para
reforçar o Partido dos Trabalhadores (PT). Não! É uma visita de relação de
entidades. Nós não visitamos, portanto, partidos. Nós sempre vamos com pontos
para discutir, para propor. E sempre com uma preocupação muito importante. Não
para a igreja se impor, mas a questão realmente dos pobres”.
Nos ministérios,
é comum dom Leonardo acompanhar integrantes de comunidades tradicionais, como
indígenas e quilombolas, em nome da CNBB para que sejam expostas suas
necessidades às autoridades.
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Fonte: cnbb.org.br Fotos: 12.com (Thiago Leon e Ivan Simas)
Fonte: cnbb.org.br Fotos: 12.com (Thiago Leon e Ivan Simas)
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