caminho de acompanhamento do Sínodo
Francisco
estabeleceu o início de um caminho que levará a uma Assembleia Eclesial daqui
três anos, consolidando o que foi realizado até agora, sem convocar um novo
Sínodo. Foi anunciado o Jubileu das equipes sinodais e dos organismos de
participação para outubro próximo. Cardeal Grech: concretizar o intercâmbio
entre as Igrejas locais e na Igreja como um todo
Não se trata de
um novo Sínodo, mas de uma Assembleia eclesial que será realizada no Vaticano
em outubro de 2028 e será precedida por um caminho de acompanhamento. Foi o
anúncio dado pelo Cardeal Mario Grech, secretário-geral da Secretaria Geral do
Sínodo, em uma carta enviada a todos os bispos e eparcas, bem como a todos os
patriarcas e arcebispos-mor das Igrejas Católicas Orientais.
Implementação do
Documento Final do Sínodo de 2024
O acompanhamento
mencionado foi aprovado pelo Papa no último dia 11 de março e se refere à fase
de implementação do Sínodo concluído em 2024, após um percurso de três anos,
que se concentrou no tema “Por uma Igreja sinodal. Comunhão, participação,
missão”. Como o Pontífice especificou logo em seguida, de fato, o Documento
final da 16ª Assembleia Geral “faz parte do Magistério ordinário do
Sucessor de Pedro” e, como tal, deve ser aceito. Isso implica, explicou o
cardeal, para “as Igrejas locais e os grupos de Igrejas”, o compromisso de
“implementar” as indicações do próprio Documento, por meio de processos de
“discernimento e decisão”.
Realizar o
intercâmbio entre as Igrejas e na Igreja
A fase de
implementação - especifica o Cardeal Grech - não deve ser entendida como “uma
simples aplicação de diretrizes vindas de cima”, mas sim como “um processo de
recepção” do Documento final de uma forma que seja “adaptado às
culturas locais e às necessidades das comunidades”, mantendo sempre o objetivo
de “tornar concreto” o intercâmbio e o diálogo “entre as Igrejas e na Igreja
como um todo”.
Envolver
sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos
De “importância
fundamental” para esse processo de implementação – continua - é o envolvimento
renovado de todas as pessoas que deram sua contribuição durante o Sínodo, para
que a “escuta de todas as Igrejas” e o discernimento de seus pastores possam
dar frutos. Portanto, os instrumentos básicos serão as “equipes sinodais
formadas por presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas,
acompanhados pelo seu bispo”. Por conseguinte, essas equipes - recomenda o
Secretário Geral - devem ser “valorizadas” e, se necessário, “renovadas,
reativadas e adequadamente integradas”.
Os Grupos de
trabalho e a Comissão de Direito Canônico
Todo o processo
- sublinha o Secretário Geral - constitui “o quadro” no qual se devem situar
também “os resultados dos trabalhos dos Grupos de Estudo e as contribuições da
Comissão de Direito Canônico”. Deve-se lembrar que os Grupos de Estudo, em
número de dez, foram instituídos pelo Papa Francisco em março de 2024, com a
tarefa de examinar questões que surgiram durante a primeira sessão da 16ª
Assembleia Sinodal, realizada em 2023. A Comissão de Direito Canônico, por
outro lado - como indicado no Instrumentum laboris da segunda sessão
da Assembleia, operativa desde 2023 - foi criada “do acordo com o Dicastério
para os Textos Legislativos, a serviço do Sínodo”.
De 24 a 26 de
outubro, o Jubileu das equipes sinodais
Em seguida, o
Cardeal Grech indicou as etapas em que o caminho de acompanhamento da fase de
implementação do Sínodo será dividido: para começar, neste mês de março, o
anúncio do caminho; em seguida, em maio, será realizada a publicação de
um Documento que indicará detalhes da realização do mesmo. Enquanto
os caminhos de implementação continuarão nas Igrejas locais e em seus
agrupamentos, no próximo mês de outubro, de 24 a 26, será convocado o “Jubileu
das equipes sinodais e dos organismos de participação”. Trata-se de “um
encontro importante”, explica o secretário-geral, que inscreve “o compromisso
com uma Igreja cada vez mais sinodal no horizonte da esperança que não engana”,
celebrado com o Ano Santo atualmente em curso.
Em três anos,
uma Assembleia Eclesial
Posteriormente,
entre o primeiro e o segundo semestre de 2027, serão realizadas Assembleias de
avaliação nas dioceses, eparquias, Conferências Episcopais nacionais e
internacionais, Estruturas Hierárquicas Orientais e outros agrupamentos de
Igrejas. O primeiro e o segundo semestre de 2028, por outro lado, serão
designados para as Assembleias Continentais de Avaliação e para a publicação
do Instrumentum laboris da Assembleia Eclesial de outubro de 2028.
Convite para
rezar pelo Papa
A carta do
Cardeal Grech termina com um convite para rezar pela saúde do Papa Francisco,
que está hospitalizado desde 14 de fevereiro no Hospital “Gemelli”, em Roma.
Isabella Piro – Vatican News
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Cardeal Grech:
Entrevista com o
Secretário-Geral do Sínodo: “A Assembleia Eclesial de 2028 será a ocasião para
reunir eclesialmente todos os frutos que amadureceram”
Andrea Tornielli
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Cardeal Mario Grech |
“O sentido do
percurso que a Secretaria do Sínodo está propondo às Igrejas locais não é
acrescentar trabalho ao trabalho, mas ajudar as Igrejas a caminhar no estilo
sinodal”. Com essas palavras, o Cardeal Mario Grech, Secretário-Geral do
Sínodo, apresenta à mídia do Vaticano o acompanhamento da fase de implementação
aprovada pelo Papa Francisco.
Eminência, o
Sínodo sobre a sinodalidade parecia concluído... e agora recomeça, a pedido do
Papa Francisco, que do Hospital Gemelli aprovou o calendário dos trabalhos para
os próximos três anos.
É verdade,
muitos pensaram que o Sínodo tinha se concluído com a celebração da segunda
sessão da Assembleia em outubro passado. Na realidade, a Constituição
Apostólica Episcopalis Communio “transformou” o Sínodo de um evento
em um processo articulado em três fases: preparatória, celebrativa e de
implementação (EC, art. 4). Essa transição exige uma verdadeira “conversão”,
uma mudança de mentalidade que leva tempo para se enraizar na prática da
Igreja. Mas essa articulação é fundamental: não é suficiente a publicação de um
“documento” para que o que emergiu nas duas fases do processo sinodal seja
implementado na vida da Igreja. Aquele “documento” deve ser “recebido” como
fruto de um discernimento eclesial e como horizonte de conversão. E foi assim
que aconteceu: o Santo Padre, que é princípio de unidade da Igreja e garante do
processo sinodal, com o Documento Final confia às Igrejas locais e
seus agrupamentos a tarefa de colocar as recomendações da Assembleia em seu
próprio contexto local, como ele recomenda em sua “Nota de Acompanhamento”
ao Documento Final. E muitas Igrejas já responderam generosamente e se
colocaram em movimento: assim, de fato, o trabalho nunca parou após o término
da Assembleia.
O que acontecerá
até 2028?
O que está sendo
anunciado agora é antes de tudo um processo de acompanhamento e avaliação da
fase de aplicação que já está em andamento: uma decisão que o Santo Padre
amadureceu também com a contribuição do Conselho Ordinário da Secretaria Geral
do Sínodo, composto em grande parte por membros eleitos durante a Assembleia. E
esse processo não compromete o protagonismo de cada Igreja em receber e aplicar
de modo original os frutos do Sínodo: com isso, o Papa estimula toda a Igreja a
um exercício de responsabilidade, aliás, de grande corresponsabilidade, porque,
justamente valorizando as Igrejas locais, associa ao mesmo tempo o Colégio dos
Bispos no exercício do seu ministério.
Então, qual é
exatamente o objetivo desse percurso?
Trata-se de um
processo que visa a promover o diálogo entre as Igrejas sobre as intuições
obtidas na fase de aplicação. Após um período dedicado ao trabalho de cada
realidade local (até 2026), deseja-se, no estilo sinodal, criar espaços para o
diálogo e troca de dons entre as Igrejas. Esse é um dos aspectos mais valiosos
que emergiu do caminho sinodal até agora. O objetivo é que a implementação não
ocorra de forma isolada, como se cada diocese ou eparquia fosse uma entidade
separada, mas que os vínculos entre as Igrejas no nível nacional, regional e
continental sejam fortalecidos. Ao mesmo tempo, esses momentos de confronto
permitirão um autêntico “caminhar juntos”, oferecendo a oportunidade de
avaliar, em um espírito de corresponsabilidade, as escolhas feitas. Assim
sendo, os encontros planejados para 2027 e início de 2028 acompanharão de modo
natural o caminho para a Assembleia Eclesial em outubro de 2028. Então essa
Assembleia conclusiva poderá oferecer ao Santo Padre elementos preciosos, fruto
de uma verdadeira experiência eclesial, para o seu discernimento como Sucessor
de Pedro, com perspectivas a serem propostas a toda a Igreja. A implementação e
a avaliação devem prosseguir juntas, entrelaçando-se em um processo dinâmico e
compartilhado: essa é precisamente a cultura da prestação de contas evocada
pelo Documento Final.
O senhor poderia
explicar o que é a Assembleia Eclesial de 2028? A carta declara explicitamente
que não será um novo Sínodo...
Eu diria que o
Sínodo 2021-2024 foi “a primeira vez” para muitas coisas. Foi a primeira vez
que as normas da Episcopalis Communio foram aplicadas na íntegra; foi
a primeira vez que toda a Igreja e todos na Igreja tiveram a oportunidade de
participar do processo sinodal; foi a primeira vez que Membros não-Bispos
participaram da Assembleia; foi a primeira vez que um Documento Final foi
imediatamente aprovado pelo Santo Padre, participando assim de seu Magistério
ordinário. Agora - na terceira fase do processo sinodal - é a primeira vez que
acontece uma Assembleia Eclesial. Tratando-se da primeira vez de uma Assembleia
Eclesial em nível de toda Igreja, muitas coisas ainda precisam ser
especificadas, embora possamos nos basear na experiência das Assembleias da
Etapa Continental, que foram todas eclesiais.
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