Jesus não é um Deus distante, reza sempre conosco
“Jesus, homem de
oração” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta
quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI. Antes de iniciar a leitura do texto,
o Santo Padre pediu desculpas aos fiéis por não se aproximar deles para
saudá-los como faz habitualmente, por causa das precauções que temos de ter
“diante dessa senhora que se chama Covid e nos faz tanto mal”, disse o
Pontífice.
Mariangela
Jaguraba - Vatican News - O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de
catequeses sobre a oração na Audiência Geral desta quarta-feira (28/10).
“Jesus, homem de oração” foi o tema deste encontro semanal, realizado na Sala
Paulo VI.
Antes de iniciar
a leitura do texto, o Santo Padre pediu desculpas aos fiéis por não se
aproximar deles para saudá-los como faz habitualmente, por causa das precauções
que temos de ter “diante dessa senhora que se chama Covid e nos faz tanto mal”,
disse o Pontífice.
Jesus reza com
os pecadores
Francisco
recordou que o início da missão pública de Jesus começou com o batismo no Rio
Jordão e que os Evangelistas narram o “modo como todo o povo se reuniu em
oração, e especificam que este encontro teve um claro caráter
penitencial". "As pessoas iam a João Batista para serem batizadas,
para o perdão dos pecados. Há um caráter penitencial, de conversão”, disse
ainda o Papa.
“O primeiro ato
público de Jesus é a sua participação numa oração comum do povo, uma oração ao
povo que procura o batismo, uma prece penitencial, na qual todos se reconhecem
pecadores. João Batista se opôs, dizendo: «Sou que devo ser batizado por ti e
Tu vens a mim!» Mas Jesus insiste: o seu é um ato que obedece à vontade do Pai,
um ato de solidariedade para com a nossa condição humana". E o Papa
acrescentou:
Ele reza com os
pecadores do povo de Deus. Coloquemos isso na cabeça: Jesus é justo, não é
pecador. Ele quis vir até nós, pecadores. Ele reza conosco. Quando nós rezamos
Ele está rezando conosco. Ele está conosco porque está no céu rezando por nós.
Jesus sempre reza com o seu povo, sempre reza conosco. Sempre. Nós nunca
rezamos sozinhos, sempre rezamos com Jesus. Ele não permanece na margem oposta
do rio, para marcar a sua diversidade e distância do povo desobediente, mas
mergulha os seus pés nas mesmas águas de purificação. Ele age como um pecador.
E esta é a grandeza de Deus que enviou seu Filho e se aniquilou e apareceu como
um pecador.
Jesus não é um
Deus distante
Segundo
Francisco, "Jesus não é um Deus distante, e não o pode ser. A
encarnação revelou-o de forma completa e humanamente impensável. Assim, ao
inaugurar a sua missão, Jesus coloca-se à frente de um povo de penitentes, como
se estivesse encarregado de abrir uma brecha pela qual todos nós, depois d'Ele,
devemos ter a coragem de passar. Mas a estrada, o caminho é difícil, mas ele
vai abrindo o caminho".
“Naquele dia,
nas margens do rio Jordão, encontra-se toda a humanidade, com os seus anseios
de oração não expressos. Há sobretudo o povo dos pecadores: aqueles que
pensavam que não podiam ser amados por Deus, aqueles que não se atreviam a ir
além do limiar do templo, aqueles que não rezavam porque não se sentiam dignos.
Jesus veio para todos, até para eles e começa precisamente por se unir a eles.
É o primeiro da fila”, frisou o Papa.
"O
Evangelho de Lucas destaca sobretudo a atmosfera de oração em que o batismo de
Jesus teve lugar: «Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E
estando Ele a orar, o céu abriu-se». Rezando, Jesus abre a porta do céu, e
daquela brecha desce o Espírito Santo. No turbilhão da vida e do mundo que
chegará a condená-lo, até nas experiências mais duras e tristes que deverá
suportar, inclusive quando experimenta que não tem onde reclinar a cabeça, até
quando o ódio e a perseguição se desencadeiam à sua volta, Jesus nunca está sem
o amparo de uma morada: habita eternamente no Pai."
A grandeza da
oração de Jesus
“Eis a grandeza
única da oração de Jesus: o Espírito Santo apodera-se da sua pessoa e a
voz do Pai atesta que Ele é o amado, o Filho em quem se reflete plenamente. Esta
prece de Jesus, que nas margens do Rio Jordão é totalmente pessoal, e assim
será ao longo da sua vida terrena, no Pentecostes se tornará, pela graça, a
oração de todos os batizados em Cristo. Ele obteve este dom para nós e
convida-nos a rezar como Ele rezou”, disse ainda o Papa, acrescentando:
Por esta razão,
se numa noite de oração nos sentirmos fracos e vazios, se nos parecer que a
vida tem sido completamente inútil, nesse momento devemos implorar que a prece
de Jesus se torne também nossa. Eu não posso rezar hoje, não sei o que fazer,
não sou digno, ou digna. Naquele momento Jesus, que a tua oração seja a minha.
Confiar que ele reze por nós. Naquele momento ele está diante do pai rezando
por nós. É o intercessor. Mostra ao Pai as suas chagas por nós. Confiamos nisso
e se confiamos, então ouviremos uma voz do céu, mais alta do que a voz que se
eleva da nossa ignomínia, sussurrando palavras de ternura: “Tu és o amado de
Deus, tu és filho, tu és a alegria do Pai que está nos céus”.
“Para nós, para
cada um de nós, ressoa a palavra do Pai: ainda se fôssemos rejeitados por
todos, pecadores da pior espécie. Jesus não desceu às águas do Jordão para si
mesmo, mas por todos nós.”
"Todo o
povo de Deus que se aproximava ao Jordão para rezar, pedir perdão, fazer o
batismo de penitência. Abriu os céus, como Moisés abriu as águas do mar
Vermelho, para que todos nós pudéssemos passar atrás dele. Jesus ofereceu-nos a
sua própria oração, que é o seu diálogo de amor com o Pai. Ele nos concedeu
como uma semente da Trindade, que quer criar raízes no nosso coração.
Acolhemo-la! Acolhamos este dom, o dom da oração. Sempre com Ele e não
erraremos”, concluiu o Papa.
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