A Bíblia é nossa
bússola
Não faz muito
tempo, a Bíblia não fazia parte da vida de muitos católicos. Para sanar esta
falha, em 1971, na Arquidiocese de Belo Horizonte, foi escolhido o mês de
setembro para promover estudos bíblicos. Aos poucos, essa proposta foi se
espalhando pelas dioceses do Brasil e assumida pela CNBB, que a cada ano sugere
um livro da Bíblia para ser estudado durante o mês. Por que setembro? Porque é
quando se celebra a memória de São Jerônimo, grande biblista na história da
Igreja.
Dom José Francisco Rezende Dias |
Atualmente, além
do Brasil, vários países da América Latina e África dedicam o mês de setembro à
celebração da Bíblia.
Neste ano, no Mês
da Bíblia, iremos estudar o livro do Deuteronômio. O texto-base quer oferecer
ao leitor atual a experiência de fé daqueles que, em primeiro lugar, procuraram
conhecer o que Deus queria revelar de si mesmo. É como se homens e mulheres de
outrora e de agora se reunissem para conversar sobre o Deus que se revelou e se
deixou conhecer. Esse texto-base é um instrumento para que as comunidades
possam estudar o livro do Deuteronômio e trazê-lo para o contexto vivido.
Quando se trata da
Bíblia, ainda tão desconhecida, uma das perguntas que, geralmente, são feitas é
a respeito das traduções. Por que num lugar a palavra é uma, e noutro lugar a
palavra é um sinônimo? Por que num lugar a linguagem é direta, e noutro a
linguagem é mais trabalhada?
Vejam bem, há
dezenas de edições e muitas traduções da Bíblia: existem algumas que se
tornaram mais conhecidas. Seria bom que tivéssemos um exemplar de cada Bíblia
em casa, para comparar as traduções. Mas os preços são impeditivos ao projeto.
Assim, se você tiver uma delas, considere-se um abençoado. Se ainda não tiver,
faça um esforço para adquirir. Mas, sobretudo, não a deixe empoeirada na
estante ou em alguma gaveta. Seria como uma chuva que não molha a terra.
No Brasil, temos
grandes traduções: A BÍBLIA DE JERUSALÉM, A BÍBLIA DO PEREGRINO, A BÍBLIA
CATÓLICA DO JOVEM, A BÍBLIA das Paulinas, A BÍBLIA JOVEM – YOUCAT, A TRADUÇÃO
ECUMÊNICA DA BÍBLIA e A BÍBLIA – TRADUÇÃO OFICIAL DA CNBB.
Quero destacar
esta última, a BÍBLIA – TRADUÇÃO OFICIAL DA CNBB, já chamada de “BÍBLIA DA
CNBB”, que foi publicada em 2018, depois de um árduo e intenso trabalho
realizado por uma equipe de estudiosos. Na época, o Cardeal Sérgio da Rocha,
então Presidente da CNBB, fez a apresentação, da qual destaco alguns
parágrafos:
“A longa e bela
história da tradução desta Bíblia, denominada, frequentemente, “Bíblia da
CNBB”, é motivo de gratidão e louvor a Deus. Esta nova tradução oficial da
Bíblia Sagrada tem como base documentos bíblicos originais, tomando por guia
a Nova Vulgata, com novas introduções e notas explicativas. Dela sejam
extraídos os textos citados nos documentos eclesiais publicados pela Igreja no
Brasil. O seu uso continua a ser recomendado para os estudos bíblicos, a
catequese, as reuniões, os encontros de oração e de formação, a leitura
individual e comunitária. Realçamos a finalidade, almejada desde o início e ora
conquistada, de oferecer uma tradução oficial da Bíblia para a proclamação da
Palavra de Deus na Liturgia, no Brasil. (…)
Atenta aos
ensinamentos do Papa Francisco, que convoca toda a Igreja a testemunhar a
alegria do Evangelho, a CNBB tem ressaltado a urgência da animação bíblica da
vida e da pastoral, na ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Esperamos que
esta tradução possa contribuir para a afirmação da centralidade da Palavra de
Deus, na vida das pessoas e das comunidades, especialmente na Liturgia, na
Catequese e na Evangelização. A Palavra seja sempre mais acolhida, meditada,
rezada, vivida e testemunhada, pessoalmente, e em comunidade, na Igreja”.
Vejam, meus
irmãos, a orientação é que a tradução oficial da CNBB seja utilizada nos
encontros de formação, de oração e de catequese, bem como na proclamação da
Palavra de Deus, na Liturgia. Se você ainda não possui uma Bíblia, faça um
esforço para adquiri-la. Se você já possui uma Bíblia e tiver condições,
adquira também a Bíblia da CNBB e comece a se aprofundar na comparação das
traduções.
Não faz muito
tempo, a Bíblia ainda não fazia parte da vida de muitos católicos. Graças a
Deus, agora faz! Como podem ver, não será por falta de opções que teremos
acesso restrito ao conhecimento da Palavra que transmite vida.
A Bíblia é a nossa
bússola. Com a Bíblia numa das mãos, o jornal do dia na outra, e os Sacramentos
no coração, não há como alguém se perder.
“Abre tua mão para
teu irmão” (Dt 15,11). Vamos ouvir muito isso no mês de setembro, Mês da
Bíblia. Este é o nosso imperativo ético. Sem ele, não há terreno, não há
plantio, não há colheita. Não há vida.
+ Dom José
Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói
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Fonte: arqnit.org
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