Francisco
recordou que “o nosso mundo, como observou São João Paulo II quarenta anos
atrás, «parece não deixar espaço para a misericórdia». Cada um de nós é chamado
a inverter a rota”. Segundo o Papa, isso “é possível se nos deixarmos tocar em
primeira pessoa pelo poder da misericórdia de Deus. O lugar privilegiado para
fazer esta experiência é o Sacramento da Reconciliação".
Mariangela Jaguraba - Vatican News - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (25/09), na Sala Clementina, no Vaticano, os sócios do Clube São Pedro.
“Oração, ação e sacrifício.” Este é o lema da
associação, palavras que “representam os três princípios cardeais nos quais se
baseia a vida do grupo”. O Pontífice recordou que no encontro do ano passado,
concentrou sua reflexão na primeira palavra, oração. Este ano, se detém na
palavra ação.
A pandemia, com
a exigência de distanciamento interpessoal, pediu-lhes para repensar as
modalidades concretas das obras de caridade que vocês realizam em favor dos
pobres de Roma. Juntou-se às necessidades das pessoas que vocês costumam servir
a exigência de responder às necessidades urgentes de tantas famílias, que se
viram em dificuldades financeiras da noite para o dia.
Segundo o Papa,
a “uma situação extraordinária não se pode dar uma resposta usual, mas é
necessária uma reação nova e diferente".
“Para isso, é
preciso ter um coração que saiba “ver” as feridas da sociedade e mãos criativas
na caridade operosa. Estes dois elementos são importantes para que uma ação
caritativa possa ser sempre fecunda.”
Em primeiro lugar,
é urgente identificar novas formas de pobreza na cidade que se transforma
rapidamente. Vocês bem sabem que existem muitas: pobreza material, pobreza
humana e pobreza social. Cabe a nós vê-las com os olhos do coração. É preciso
saber olhar as feridas humanas com o coração para “levar a sério” a vida do
outro. Portanto, este não é mais apenas um estranho que precisa de ajuda, mas,
acima de tudo, um irmão que implora por amor. Somente quando levamos alguém a
sério, podemos responder a esta expectativa. É a experiência da misericórdia:
miseri-cor-dar, dar o coração aos míseros.
A misericórdia
nos convida a ter “fantasia” em nossas mãos
Francisco
recordou que “o nosso mundo, como observou São João Paulo II quarenta anos
atrás, «parece não deixar espaço para a misericórdia». Cada um de nós é chamado
a inverter a rota”. Segundo o Papa, isso “é possível se nos deixarmos tocar em
primeira pessoa pelo poder da misericórdia de Deus. O lugar privilegiado para
fazer esta experiência é o Sacramento da Reconciliação. Ao apresentar nossas
misérias ao Senhor, somos envolvidos pela misericórdia do Pai. Esta é a
misericórdia que somos chamados a viver e a doar”.
Depois de ver as
chagas da cidade em que vivemos, a misericórdia nos convida a ter “fantasia” em
nossas mãos. Foi o que vocês fizeram neste tempo de pandemia: tendo aceitado o
desafio de responder a uma situação concreta, vocês souberam adaptar o seu
serviço às novas necessidades impostas pelo vírus. Também gosto de lembrar um
pequeno-grande gesto que o grupo jovem do Clube fez aos sócios idosos: uma
rodada de telefonemas para ver se estava tudo bem e para lhes fazer um pouco de
companhia. Esta é a fantasia da misericórdia.
Responder com
ousadia às necessidades dos pobres
O Papa os
encorajou “a prosseguir com compromisso e alegria em suas obras de caridade,
sempre atentos e prontos a responder com ousadia às necessidades dos pobres”.
“Não se cansem de pedir essa graça ao Espírito Santo na oração pessoal e
comunitária”, ressaltou Francisco, agradeço-lhes por serem expressão concreta
da caridade do Papa que cuida dos pobres de Roma, e pelo Óbolo de São Pedro que
todos os anos eles coletam nas igrejas da cidade e oferecem ao pontífice.
Por fim,
Francisco confiou a Maria, Salus Populi Romani, e à intercessão dos santos
padroeiros de Roma Pedro e Paulo, todos os membros do Clube São Pedro, seus
familiares e todas as pessoas que eles prestam assistência diariamente.
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