As razões cristãs para o cuidado da criação
Em coincidência
com os últimos dias do Sínodo para a Amazônia e há quatro anos da Laudato si’,
foi publicado um livro que reúne textos e discursos do Papa Francisco sobre o
meio ambiente, além de um escrito inédito, com o objetivo de explicar a visão
cristã da ecologia.
Cidade do
Vaticano - Foi lançado
nesta quinta-feira (24) o livro “Nostra Madre Terra. Una lettura cristiana
della sfida dell'ambiente", com textos de documentos do Papa Francisco
sobre o meio ambiente, entre os quais um inédito (já publicado pelo Vatican News em 16 de outubro)
e com o prefácio do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I. O Patriarca recorda as
etapas da colaboração com o Santo Padre, principalmente nas mensagens por
ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, instituído em 2015,
que une a Igreja Católica e a Ortodoxa na comum “preocupação pelo futuro da
criação”.
Unidade da
família humana
No primeiro
capítulo, “Visão íntegra”, foram selecionados alguns textos, principalmente
trechos da Laudato si’, que mostram a necessidade de proteger a nossa casa
comum através da união de “toda a família humana na busca de um desenvolvimento
sustentável e integral”. Esta premissa é desenvolvida no capítulo “De um
desafio atual a uma oportunidade global” por meio da análise de alguns trechos
da Encíclica do Papa Francisco sobre a crise ambiental dos nossos dias, onde
poluição, aquecimento global, mudanças climáticas, perda de biodiversidades são
o efeito de uma exploração incontrolada destinada a crescer rapidamente se não
forem tomadas medidas imediatas para uma mudança de direção. É necessária a
conversão ambiental – observa o Papa – possível através da promoção de uma
verdadeira educação ecológica que crie, principalmente nos jovens, uma
conscientização e portanto uma consciência renovada.
Uma leitura
espiritual da ecologia
No escrito
inédito que conclui o livro “Nostra Madre Terra”, Papa Francisco oferece a
todos nós uma visão mais ampla de um assunto que não é simples preocupação para
a salvaguarda do meio ambiente. Mesmo compartilhando muitos aspectos, não é
comparável a uma visão leiga da ecologia. De fato, desenvolve a chamada teologia
da ecologia em um discurso profundamente espiritual.
O amor de Deus
no centro de tudo
A criação é
fruto do amor de Deus. O amor de Deus para com cada uma das suas criaturas e
principalmente pelo homem ao qual deu o dom da criação, lugar em que “somos
convidados a descobrir uma presença. Mas isso significa que é a capacidade de
comunhão do homem a condicionar o estado da criação (…) Portanto é o destino do
homem que determina o destino do universo”, escreve Papa Francisco. A conexão
entre homem e criação vive no amor e se este se acaba corrompe-se e não
reconhece o dom que lhe foi dado. A exploração dos recursos feita de modo
irresponsável para tomar posse de riquezas e poder, concentrando nas mãos de poucos,
cria um desequilíbrio destinado a destruir o mundo e o próprio homem.
Recomeçar do
perdão e do Espírito Santo
Não é suficiente
uma revolução tecnológica e compromisso individual. A tomada de consciência
passa principalmente através de um “autêntico espírito de comunhão”. Deve-se
recomeçar do perdão. Pedir perdão aos pobres, aos excluídos, antes de tudo,
para poder pedir perdão também “à terra, ao mar, à ar, aos animais…”. Para o
Papa Francisco pedir perdão significa rever totalmente o próprio modo de ser e
de pensar, significa renovar-se profundamente. E o perdão só é possível no
Espírito Santo. É uma graça a ser implorada com humildade ao Senhor. O perdão é
se tornar ativos, empreender um caminho juntos e nunca na solidão.
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Fonte: vaticannews.va
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