Pastoral familiar
acolha também quem escolhe conviver sem se casar
“O horizonte da
pastoral familiar diocesana seja sempre mais amplo, assumindo o estilo próprio
do Evangelho, encontrando e acolhendo também aqueles jovens que escolhem
conviver sem se casar. É preciso testemunhar a eles a beleza do matrimônio!”,
exorta o Papa Francisco a participantes do Curso sobre matrimônio e família
promovido pelo Tribunal da Rota Romana.
Cidade do Vaticano - “O matrimônio
não é somente um evento ‘social’, mas um verdadeiro Sacramento que comporta uma
preparação adequada e uma celebração consciente. O vínculo matrimonial requer
da parte dos noivos uma escolha consciente, que pondere a vontade de construir
juntos algo que jamais deverá ser traído ou abandonado.”
Casais em crise:
atitude de escuta e compreensão
Foi o que disse
o Papa na tarde desta quinta-feira (27/09), na Basílica de São João de Latrão
aos cerca de 850 participantes do Curso de formação sobre matrimônio e família
promovido nos dias 24 a 26 de setembro pela Diocese de Roma e pelo Tribunal da
Rota Romana. Realizado na Basílica sede da diocese, o curso teve a participação
de párocos, diáconos permanentes, casais e agentes da pastoral da família.
Família, Igreja
doméstica e santuário da vida
Dirigindo-se aos
presentes ao término do referido curso, o Santo Padre ressaltou que o mesmo
lhes permitiu examinar os desafios e projetos pastorais concernentes à família,
considerada “Igreja doméstica e santuário da vida”.
Francisco disse
tratar-se de um campo apostólico amplo, complexo e delicado, ao qual “é
necessário dedicar energia e entusiasmo, no intento de promover o Evangelho da
família e da vida”.
Tendo evocado a
visão ampla e perspicaz de seus predecessores, disse ter desenvolvido nesta
esteira o tema em questão, especialmente na Exortação apostólica Amoris
laetitia (sobre o amor na família, ndr), “colocando no centro a
urgência de um caminho sério de preparação para o matrimônio cristão, que não
se reduza a poucos encontros.
Referindo-se à
experiência pastoral em várias dioceses do mundo concernente ao acompanhamento
dos noivos em vista do matrimônio, enfatizou que é importante oferecer-lhes “a
possibilidade de participar de seminários e retiros de oração, que envolvam
como animadores, além de sacerdotes, também casais de esposos de consolidada
experiência familiar e especialistas nas disciplinas psicológicas.
Falta de
acompanhamento eclesial após as núpcias
“Muitas vezes a
raiz última dos problemas, que se apresentam após a celebração do sacramento
nupcial, deve se procurar não somente numa imaturidade escondida e remota
manifesta inesperadamente, mas sobretudo na fraqueza da fé cristã e na falta de
acompanhamento eclesial, na solidão em que muitas vezes os recém-casados são
deixados após a celebração das núpcias”, observou o Pontífice.
Por isso,
“reitero a necessidade de um catecumenato permanente para o Sacramento do
matrimônio que diz respeito à sua preparação, celebração e aos primeiros tempos
sucessivos”, enfatizou Francisco dizendo tratar-se de “um caminho partilhado
entre sacerdotes, agentes pastorais e esposos cristãos”.
Quanto mais o
caminho de preparação for aprofundado e prolongado no tempo, mais os jovens
casais aprenderão a corresponder à graça e à força de Deus e desenvolverão
também os “anticorpos” para aprofundar “os inevitáveis momentos de dificuldades
e fadiga da vida conjugal e familiar”.
Preparação para
o matrimônio, tempo de graça
A experiência
ensina que o tempo da preparação para o matrimônio “é um tempo de graça, em que
o casal encontra-se particularmente disponível a ouvir o Evangelho, a acolher
Jesus como mestre de vida”, acrescentou o Papa.
A maior eficácia
do cuidado pastoral se realiza onde o acompanhamento não cessa com a celebração
das núpcias, mas, observou ainda, prossegue “ao menos nos primeiros anos de
vida conjugal”.
Francisco
dedicou a última parte de seu discurso aos cônjuges que vivem sérios problemas
em sua relação e se encontram em crise.
“É necessário
ajudá-los a reavivar a fé e a redescobrir a graça do Sacramento; e, em certos
casos – a ser avaliado com retidão e liberdade interior –, oferecer indicações
apropriadas para iniciar um processo de nulidade.”
Aqueles que se
deram conta do fato “que a união deles não é um verdadeiro matrimônio
sacramental e querem sair desta situação, possam encontrar nos bispos, nos
sacerdotes e nos agentes pastorais o auxílio necessário, que se expressa não
somente na comunicação de normas jurídicas, mas, em primeiro lugar, numa
atitude de escuta e de compreensão”.
Novo processo
matrimonial, instrumento válido
A esse
propósito, o Papa acrescentou que a normativa sobre o novo processo matrimonial
constitui um instrumento válido, que requer ser aplicado concretamente e
indistintamente por todos, em todos os níveis eclesiais, porque sua razão
última, precisou Francisco, “é a salus animarum!” (a salvação das
almas, ndr).
Com satisfação,
o Santo Padre disse ter tomado conhecimento que “muitos Bispos e Vigários
judiciais acolheram prontamente e aplicaram o novo processo matrimonial, para o
conforto da paz das consciências, sobretudo dos mais pobres e distantes das
nossas comunidades eclesiais”.
Testemunhar a
beleza do matrimônio
O Pontífice
concluiu fazendo votos de que “o horizonte da pastoral familiar diocesana seja
sempre mais amplo, assumindo o estilo próprio do Evangelho, encontrando e
acolhendo também aqueles jovens que escolhem conviver sem se casar. É preciso
testemunhar a eles a beleza do matrimônio!” – exortou-os por fim.
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Fonte: vaticannews.va
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