A vida política
está entre as preocupações da Igreja reforçadas após o Concílio Vaticano II. A
Constituição Pastoral Gaudium et Spes ensina que, sobre estas
realidades, “devem resplandecer os princípios e as luzes que provêm de Cristo e
que dirigirão os cristãos e iluminarão todos os homens na busca da solução para
tantos e tão complexos problemas”. Mas neste período eleitoral, pode aparecer o
questionamento de até onde a Igreja deve ir.
“Resplandecer os
princípios e as luzes que provêm de Cristo”, talvez seja um indicativo para
este questionamento. Para as eleições gerais no Brasil, várias são as
iniciativas que visam contribuir para a formação de consciência cidadã, dando
luzes e princípios para bem escolher em quem votar.
O bispo de Santa
Cruz do Sul (RS), Aloísio Alberto Dilli, destaca a política como exercício do
bem comum, recordando a fala do papa Francisco de que a política é uma das
formas por excelência da caridade, sendo esta uma orientação geral e o sentido
de como a Igreja deve entrar na política.
“Nós,
evidentemente, não nos manifestamos em público em termos partidários, porque
essa questão precisa sim acontecer no momento concreto do voto, mas é a pessoa,
na sua liberdade, que, orientada por princípios gerais de política, se expressa
concretamente dentro da eleição, dentro de um partido”, explica.
O bispo também
ressalta: “nesse sentido, é claro que nós não devemos também assumir
candidaturas. A Igreja orienta que o clero não tome uma candidatura porque ele
vai possivelmente dividir sua comunidade. E nós temos que ser pessoas de
unidade, de paz, de conciliação”, afirma. Ele pondera ainda que, “dentro
da realidade nós também vamos ter que nos definir por um candidato que
pertencerá a um determinado partido”, considerando a hora do voto.
Dom Aloísio Dilli |
Entre as várias
iniciativas eclesiais voltadas para as eleições, destaca-se a cartilha de
orientação política preparada pelo regional Sul 2 da CNBB (baixe
aqui). No material, retoma-se que a Igreja é chamada a ser “advogada da
justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e
econômicas, que clamam ao céu”, como ensina o Documento de Aparecida.
Em artigo
publicado no portal da CNBB, dom Vital Corbellini recorda as indicações
contidas no material e ressalta o papel da Igreja no processo político. Em
cinco pontos, a Igreja:
1. Incentiva os
fiéis para que interajam em relação às eleições e que participem da política
como algo essencial para a transformação da sociedade
2. Aprecia as
pessoas que se dedicam ao bem da nação, ao serviço das pessoas
3. Elabora textos
para conscientizar eleitores sobre a responsabilidade do voto
4. Promove
iniciativas em paróquias e dioceses a respeito de debates sobre os candidatos e
programas, além da formação de consciência política dos leigos e leigas
5. Colaborou no
empenho em moralizar as campanhas políticas com elaboração da lei contra a
corrupção eleitoral e da Lei da Ficha Limpa
Outra iniciativa
de repercussão nacional é a Campanha da arquidiocese de Aparecida (SP) e do
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida “Eu sou o Brasil Ético”.
“Este projeto
direciona nosso olhar para a vida do povo. Queremos mais respeito pelo povo,
mais vida, mais dignidade, mais emprego, mais pão na mesa e também mais
participação de todos na vida social. Este ano eleitoral não é e não será igual
aos outros. Diante de toda esta manifestação sobre corrupção que vimos entrar
em evidência, está comprovado que a nossa política deve e pode melhorar. Quero
convidar todo o povo brasileiro a acreditar no voto!”, escreveu o arcebispo de
Aparecida, dom Orlando Brandes na apresentação da campanha.
Entre as várias
indicações e reflexões contidas no material, há um capítulo dedicado às
orientações normativas sobre condutas e posturas assumidas pela instituição e
seus meios de comunicação. O objetivo é evitar confusão de conceitos e
entendimento em relação à presença de candidatos, por exemplo, no Santuário.
Os meios de
comunicação do Santuário (TV e rádio Aparecida e portal A12.com) são impedidos
de mostrar rostos políticos eleitos ou em disputa eleitoral nas missas e eventos,
exceto em necessidade de cobertura jornalística, além convite para participação
especial em programas de TV. Atenção também é dada para discursos e falas,
tanto em celebrações, quanto em redes sociais e entrevistas à imprensa.
Sobre as redes
sociais, a orientação é que os Missionários Redentoristas não declarem em suas
redes sociais pessoais o apoio a determinado partido ou político. “Orienta-se
ainda o cuidado com os discursos nas mídias digitais, bem como com o
compartilhamento de informações e marcações em fotos e eventos”, encontra-se no
texto.
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Fonte: cnbb.org.br
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