A maioria dos jovens no Brasil quer se casar
Apesar das
fragilidades já identificadas no país pela pobreza funcional e estrutural
vivida pelas famílias, um estudo internacional também reconhece a força que
brota de dentro de casa: com a valorização dos vínculos no lar, o matrimônio
tem sido desejado por cerca de 80% dos jovens. Esses dados foram antecipados
pelo coordenador da pesquisa no Brasil, Pe. Rafael Fornasier, e serão
apresentados nesta terça-feira (23), em encontro virtual, através da plataforma
do Observatório Internacional da Família.
Luca e a brasileira Letícia estão prestes a celebrar 2 anos de matrimônio (Archivio Personale di Letícia Schafer) |
Andressa Collet -
Vatican News - O relatório da
primeira parte de uma pesquisa internacional intitulada “Família e Pobreza”
será apresentado nesta terça-feira (23), às 15h na Itália (10h no horário de
Brasília). O link de acesso será disponibilizado no dia do evento no site www.familymonitor.net.
O próprio Observatório Internacional da Família (Family International Monitor),
do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio
e da Família, está coordenando o projeto que conta com a colaboração da
Universidade Católica de Múrcia, na Espanha, e do Centro Internacional de
Estudos sobre a Família (CISF), de Milão, na Itália.
Family International Monitor |
Quem explica no
detalhe como está acontecendo esse grande trabalho de abrangência internacional
é o Pe. Rafael Fornasier, diretor da seção brasileira do Pontifício Instituto,
com mestrado e doutorado em Família. Ele coordena a parte da pesquisa no
Brasil:
“A ideia
justamente é mapear como a família vem lidando com a questão da pobreza não
somente econômica, não somente estrutural, mas, como a gente anunciou também,
com a pobreza relacional. O Brasil, dentre tantos países participantes dessa
pesquisa – são vários países envolvidos, com várias instituições de ensino e
centros acadêmicos – deu a sua contribuição com um relatório de aproximadamente
de 15 a 20 páginas; procurando também fazer esse mapeamento a partir de estudos
que nós temos realizado aqui no Brasil. E tentando justamente perceber quais
são as forças e as fragilidades da família ao lidar com essa questão relacional
e também com a pobreza relacional e econômica.”
A força das
gerações dentro de casa
Sobre a realidade
brasileira, o Pe. Rafael pôde antecipar o que será apresentado no relatório. O
professor explica que as famílias, caracteristicamente “ampliadas”, ganham com
a força e a solidariedade de outros atores envolvidos no lar, como avós e tios.
Se de um lado, porém, existe essa riqueza, do outro corre a pobreza com “uma
queda muito acelerada da taxa de natalidade no país”:
“Sublinhando um
pouco do que a gente percebe que acontece no Brasil, a família é entendida como
família ampliada, ou seja, não só aquela nuclear – constituída de pais e filhos
–, mas envolvendo também os avós e os tios. Então, tem uma força
intergeracional muito grande, por isso também uma solidariedade intergeracional
muito grande, sobretudo no momento em que o Brasil está envelhecendo cada vez
mais. Então, temos essa riqueza intergeracional e, por sua vez, também já
identificamos uma pobreza, porque estamos diminuindo também o acolhimento das
novas gerações com um decréscimo, uma queda muito acelerada da taxa de
natalidade no país. Obviamente que isso está ligado à pobreza estrutural e
econômica nas famílias, que não têm filhos porque não se sentem seguras para
criar filhos neste mundo, não tendo o apoio necessário econômico: o trabalho, a
escola, a creche, a saúde, enfim, tantas coisas das quais nós necessitamos para
viver dignamente. Então, essa é uma fragilidade, uma pobreza que a gente
identifica ligada à pobreza estrutural, a pobreza relacional que seria aquela
da relação parental e da relação também de filiação.”
O matrimônio
desejado por 80% dos jovens
O Pe. Rafael
aponta ainda, sempre com base no Brasil, outra força que se identifica dentro
de casa com a valorização da família, sobretudo porque o matrimônio tem sido um
desejo de cerca de 80% dos jovens; e outra fragilidade:
“A gente
identifica também uma pobreza na fragilidade dos vínculos conjugais: o aumento
de divórcios no país, embora haja uma outra riqueza aí, isto é, a valorização
da família, como toda a família de origem, uma família vista como todo como o
maior bem, enfim, pelas novas gerações é algo muito valorizado. No entanto, há
um grande receio em se constituir família, embora se aponte também que o
casamento ainda continua sendo desejado por grande parte da juventude: entre 70
e 80%.”
Mapeamento como
base para melhor atuação
Entender o aspecto
relacional da pobreza e as implicações na realidade familiar podem ajudar a
Igreja, e também o Estado, para melhor intervir e apoiar ações para superar “as
pobrezas relacionais e estruturais”:
“Agora é
importante que se trabalhe justamente para fortalecer os vínculos familiares,
identificando justamente – como é um pouco o papel dessa pesquisa – onde estão
as fragilidades, onde estão as riquezas e como não só a própria família, mas o
Estado também é chamado em causa e, no nosso caso também, a Igreja.”
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Fonte: vaticannews.va
Fonte: vaticannews.va
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