Festejamos hoje nosso querido Padroeiro
Iguais a José
Um dos eventos religiosos mais queridos dos católicos paraisopolenses é sem dúvida a festa do padroeiro São José, com sua bem planejada novena preparatória. Nas celebrações a participação é muito grande, a Matriz fica pequena para acolher a multidão de fiéis, que cantam, rezam e acompanham as homilias e reflexões dos sacerdotes convidados.
Há décadas a Festa de São José é sempre dessa forma: muita fé, grande entusiasmo e intensa alegria expressam o carinho dos fiéis para com o esposo dedicado de Maria e pai amoroso de Jesus. E vale sempre ressaltar que importantes são os frutos que essa participação deve fazer nascer no coração e na vida das pessoas e da comunidade. Para isso refletir sobre a vida de São José é sempre oportuno.
São José, abençoai-nos! |
Há décadas a Festa de São José é sempre dessa forma: muita fé, grande entusiasmo e intensa alegria expressam o carinho dos fiéis para com o esposo dedicado de Maria e pai amoroso de Jesus. E vale sempre ressaltar que importantes são os frutos que essa participação deve fazer nascer no coração e na vida das pessoas e da comunidade. Para isso refletir sobre a vida de São José é sempre oportuno.
Qual o motivo de nossos antepassados, desde a primeira capelinha, nos idos de 1820, terem se identificado e escolhido para seu padroeiro o pai terreno de Jesus? Que razões fundamentaram a permanência do esposo de Maria como o padroeiro da paróquia criada oficialmente no dia 31 de maio de 1850? Como explicar tão grande devoção de nossa gente ao carpinteiro de Nazaré nos dias de hoje? Diversas devem ser as respostas a esses questionamentos. Destacamos aqui uma delas, que julgamos ser importante para nossa reflexão e crescimento na fé e no compromisso com um mundo melhor: todos e todas somos bem semelhantes a São José.
José, homem simples, carpinteiro de profissão, sempre viveu do fruto de seu trabalho, do suor de cada dia. José, homem de fé, de profundo respeito a Deus, a quem amava acima de tudo. José, homem de seu tempo, cumpridor dos deveres familiares e civis. Tudo isso e muito mais poderia ser dito a respeito dele. O autor sagrado escolheu apenas uma palavra para sintetizar suas não poucas virtudes, o adjetivo justo. José era um “homem justo” (Mt 1,19).
Aqui residem exatamente alguns motivos da identificação de nossa gente com o seu Padroeiro. Todos aspiramos à justiça nas relações humanas. Nosso povo valoriza a simplicidade, a responsabilidade na profissão, a fé, o amor a Deus. Todos temos algo em comum com São José. Como ele, muitos já passaram por conflitos interiores, por dúvidas profundas, por sofrimentos, pela exclusão, pela perseguição. Somos, portanto, em muito semelhantes a São José.
Sua fidelidade e disponibilidade aos projetos divinos nos ensinam, educam e inspiram em nosso itinerário de crescimento na fé. Por isso, em 1870, foi declarado pelo Papa Pio IX, Patrono Universal da Igreja. Outros papas, entre os quais, Leão XIII e João Paulo II, exaltaram suas virtudes em encíclicas especiais. Benedito XV o proclamou patrono da justiça social. Pio XII instituiu uma segunda festa em sua homenagem, “São José, o trabalhador” no dia 1º de maio.
Que as festividades em homenagem ao nosso padroeiro ajudem a nos aproximarmos do modo de viver do Santo Carpinteiro de Nazaré, na humildade, no silêncio, na obediência e fidelidade a Deus, pois esse é o modo de viver de seu divino Filho Jesus, que cumpriu sempre a vontade do Pai. São José aponta o caminho, procuremos ser iguais a ele e seremos semelhantes a Jesus.
Luiz Gonzaga da Rosa
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São José, o
inspirador dos Papas
Uma ligação
especial liga os Papas dos últimos cem anos com a imagem de São José. O
“estilo” do esposo de Maria e guardião silencioso de Jesus inspirou de vários
modos o ministério petrino dependendo da época e da experiência pessoal.
Cidade do
Vaticano - A silhueta de São José estendida no sono, ao lado da mesa onde
estuda e assegura as necessidades da Igreja universal, está ali para recordar
que também em um sonho pode se esconder a voz de Deus. Papa Francisco tem ao
seu lado, desde sempre, nos quartos onde morou e estudou a pequena estátua de
São José dormindo.
O “solucionador”
Até hoje a
estátua de São José está sobre a sua escrivaninha na Casa Santa Marta. Esta
imagem, e a devoção de Francisco por aquilo que representa, teve uma imprevista
popularidade mundial quando alguns anos atrás o próprio Papa falou durante o
Encontro Mundial das Famílias em Manila.
Uma confidência
que revelou uma confiança total na força mediadora do pai putativo de Jesus e
uma admiração pelo papel e pelo estilo que José sempre encarnou:
“Amo muito São
José, porque é um homem forte e silencioso. Na minha escrivaninha, tenho uma
imagem de São José que dorme e, quando tenho um problema, uma dificuldade,
escrevo um bilhetinho e meto-o debaixo de São José, para que o sonhe. Este
gesto significa: reza por este problema!” (Encontro com as famílias em
Manila – 16 de janeiro de 2015).
Um nome para
muitos Papas
Depois de Pedro,
muitos Joãos, Bentos, Paulos, Gregórios, mas nenhum José. Nunca teve um Papa
com este nome. Porém, muitos deles, especialmente no último século, o tiveram
como nome de Batismo, como se os homens chamados para custodiar Jesus fosse um
viático para os homens chamados para custodiar a Igreja. No início do século XX
José Melchiorre Sarto torna-se Pio X e mais tarde sobem ao trono de Pedro
Angelo José Rocalli, Karol Józef Wojtyla e Joseph Ratzinger. Francisco não se
chama José, mas celebra, agradecido, a sua Missa de início de ministério dia 19
de março. Invocações que recordam o discreto modelo que inspira.
Muitos Papas por
um nome
As etapas que
levaram a Igreja a estabelecer o culto de São José foram muito longas, desde
Sisto V que no final do século XV fixou a data da festa para 19 de março até a
última decisão de Papa Francisco que, confirmando a vontade Bento XVI, no dia
1º de maio de 2013 decreta o acréscimo do nome de São José, Esposo da
Bem-Aventurada Virgem Maria, nas Orações eucarísticas II, III e IV
(precedentemente João XXIII tinha estabelecido em 13 de novembro de 1962 a
introdução no antigo Cânone romano da Missa, ao lado do nome de Maria e antes
dos Apóstolos). Foi também João XXIII, que querendo confiar ao “pai” terreno de
Jesus o Concílio Vaticano II, escreveu em 1961 a Carta Apostólica Le Voci,
na qual faz um tipo de sumário da devoção a São José sustentada pelos seus
predecessores. Não são opacas operações de “burocracia” litúrgica. Por trás de
cada novo decreto colhe-se um sentimento e uma consciência eclesial cada vez
mais enraizada como por exemplo, como aconteceu a Pio XII, podem chegar a
marcar também na vida civil.
Um Santo que
trabalha
No dia primeiro
de maio de 1955, era um domingo e a Praça São Pedro estava repleta de fiéis.
Pio XII faz um discurso enérgico aos presentes exortando todos a se orgulharem
da sua identidade cristã frente às ideologias socialistas que pareciam dominar
. No final surpreende a multidão com um “presente” que entusiasma todos:
“Para que todos
entendam este significado (…) queremos anunciar a Nossa determinação de
instituir – como de fato instituímos – a festa litúrgica de São José operário,
marcando-a no dia 1º de maio. Trabalhadores e trabalhadoras, agrada-vos o nosso
dom? Temos certeza que sim, porque o humilde artesão de Nazaré não só
personifica junto a Deus e a Santa Igreja a dignidade do trabalhador, mas é
também sempre providente guardião vosso e de vossas famílias” (Festa de S. José
Operário – 1º de maio de 1955).
“Papa José” não
é possível
Quatro anos mais
tarde a Igreja estava sendo guiada por um homem que queria se chamar “Papa
José”. Renunciou, disse, porque “não é usado entre os Papas”, mas a explicação
revela a nostalgia e a forte devoção que João XXIII tinha por São José:
“Faça com que
também os teus protegidos compreendam que não estão sós no seu trabalho, mas
saibam descobrir Jesus ao seu lado, acolhê-lo com a graça, custodiá-lo com a fé
como tu o fazes. E faça com que em cada família, em cada fábrica, oficina, onde
quer que trabalhe um cristão, tudo seja santificado na caridade, na paciência,
na justiça, na busca do fazer bem, para que desçam abundantes dons da celeste
predileção” (19 de março de 1959)
O homem dos
riscos
Paulo VI também
não se chama José, mas de 1963 a 1969 em particular, não deixa de celebrar uma
Missa na solenidade de 19 de março. Cada homilia torna-se uma peça que forma um
retrato pessoal com o qual Paulo VI mostra-se fascinado pela “completa e
submissa dedicação” de José à sua missão, do homem “talvez tímido” mas dotado
“de uma grandeza sobre-humana que encanta”.
“São José, um
homem ‘comprometido’ como se diz agora, por Maria, a eleita entre todas as
mulheres da terra e da história, sempre sua virgem esposa, também fisicamente
sua mulher, e por Jesus, em virtude da descendência legal, não natural, sua
prole. A ele, os pesos, as responsabilidades, os riscos, as preocupações da pequena
e singular sagrada família. A ele o serviço, a ele o trabalho, a ele o
sacrifício, na penumbra do quadro evangélico, no qual nos agrada contemplá-lo,
e certamente, sem dúvida, agora que tudo conhecemos, chamá-lo feliz,
bem-aventurado. Isso é Evangelho. Nele os valores da existência humana assumem
medidas diferentes daquela que somos acostumados a apreciar: aqui o que é
pequeno torna-se grande” (Homilia de 19 de março de 1969).
O esposo sublime
Em 26 anos de
pontificado João Paulo II falou de São José em infinitas ocasiões e, sempre
disse que rezava intensamente pelo santo todos os dias. Essa devoção se resume
no documento que lhe dedica em 15 de agosto de 1989, com a publicação da
Exortação Apostólica Redemptoris Custos, escrita 100 anos depois da Quamquam
Pluries de Leão XIII. No documento Papa Wojtyla aprofunda a vida de José
em vários aspectos principalmente o do matrimônio cristão no qual oferece uma
profunda leitura da relações entre os dois esposos de Nazaré.
“A dificuldade
de se aproximar ao mistério sublime da sua comunhão esponsal levou todos, desde
o século II, a atribuir a José uma idade avançada e a considerá-lo guardião,
mais do que esposo de Maria. É o caso de supor, ao invés, que na época ele não
fosse um homem idoso, mas que a sua perfeição interior, fruto da graça, o
levasse a viver com afeto virginal a relação esponsal com Maria” (Audiência
Geral de 1996).
O pai silencioso
De São José não
se conhecem as palavras, apenas os silêncios. Bento XVI aprofunda-se na
aparente ausência de São José e extrai dela a riqueza de uma vida completa, de
um homem fundamental que com seu exemplo sem proclamações marcou o crescimento
de Jesus o homem-Deus:
“Um silêncio
graças ao qual José, em união com Maria, custodia a Palavra de Deus (…) um
silêncio marcado pela oração constante, oração de bênção do Senhor, de adoração
da sua santa vontade e de confiança sem reservas à sua providência. Não se
exagera quando se pensa que do próprio “pai” José, Jesus tenha tomado – no plano
humano – a robusta interioridade que é pressuposto da autêntica justiça, a
“justiça superior”, que ele um dia ensinará aos seus discípulos”. (Angelus de
2005)
O Santo da
ternura
Da pequena
“paróquia” de Santa Marta, Papa Francisco refletiu muito sobre o Santo ao qual
confia todas suas preocupações. “O homem que custodia, o homem que faz crescer,
o homem que leva adiante toda paternidade, todo mistério, mas não pega nada
para si”, disse um uma das Missas matutinas. Por fim, em 20 de março de 2017
sublinha que José é o homem que age também quando dorme porque sonha o que Deus
quer.
“Hoje gostaria
de pedir que nos conceda a todos a capacidade de sonhar, porque quando sonhamos
coisas grandes, bonitas, aproximamo-nos do sonho de Deus, daquilo que Deus
sonha sobre nós. Que conceda aos jovens — porque ele era jovem — a capacidade
de sonhar, de arriscar e de cumprir as tarefas difíceis que viram nos sonhos. E
conceda a nós a fidelidade que em geral cresce numa atitude correta, cresce no
silêncio e na ternura que é capaz de guardar as próprias debilidades e as dos
outros”.
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Cardeal Ravasi:
São José, a força eloquente do silêncio
Os textos
bíblicos relativos a São José são escassos, mas neste silêncio se encontra a
força do esposo de Maria e pai putativo de Jesus. Entrevista com o cardeal
Gianfranco Ravasi.
São José, homem
justo e dócil, capaz de ouvir a Deus, é recordado, nesta terça-feira (19/03),
como Esposo de Maria e Padroeiro da Igreja. O seu silêncio que se opõe à
palavra “gritada, brutal e agressiva, como estamos acostumados a ver”, explica
na entrevista o biblista e presidente do Pontifício Conselho para a Cultura,
cardeal Gianfranco Ravasi, “permanece um exemplo e uma advertência constante”.
São José
trabalhador, carpinteiro e dormindo são algumas representações do pai putativo
de Jesus. “Uma presença bastante limitada”, sublinhou o purpurado, mas em seu
silêncio, extremamente eloquente:
Cardeal Ravasi: A
figura de São José tem uma presença limitada. Ele está em primeiro plano
somente em relação ao início da vida de Jesus. O Evangelho de Mateus dedica-lhe
a Anunciação do Anjo, ao contrário de Lucas que dedica a Maria. Podemos dizer
que é somente no início absoluto de sua existência, da existência de Cristo,
que apare essa figura. Aparece por duas razões e aqui entramos também na
questão da “desobediência”. Aparece, em primeiro lugar, porque é ele quem tem
essa ascendência, que naturalmente no mundo oriental era bastante vago, com
Davi, e portanto dá a linha davídica a Jesus, introduzindo-o no grande rio do
messianismo. Por outro lado, é ele quem vive a experiência do vínculo com Maria
e dessa surpresa que abala sua vida, e ele se sentiria pronto para romper o
vínculo com Maria, como se desobedecesse a esse projeto que tinha construído:
de estar junto com essa moça, com essa mulher. Não nos esqueçamos de que José
provavelmente não era o idoso representado também no imaginário artístico,
iconográfico. Está pronto para interromper esse projeto comum, mas é nessa
escolha que irrompe a Anunciação, que muda radicalmente o seu projeto e o torna
obediente por excelência: torna-se instrumento fundamental para o
reconhecimento de Jesus no contexto social, como pai putativo.
Numa sociedade
onde a palavra conta muito, aliás, quanto mais falamos, mais gritamos, o que
São José pode nos dizer?
Cardeal Ravasi: Diz
uma coisa fundamental porque, diferentemente de muitos outros personagens dos
Evangelhos, é um personagem central no início, mas é mudo: não temos uma
palavra sequer. Em relação a Maria temos seis frases, digamos cinco frases e um
canto, o “Magnificat”. Na verdade, é pouco também para Maria, pois são frases
breves as cinco palavras de Maria. Ao contrário, para José temos o silêncio
absoluto. Eu diria que o “preferir” é uma lição constante dentro dos
Evangelhos, como Jesus prefere os últimos. Como dizia o poeta francês, Paul
Valéry, preferir sempre a palavra “moindre”, a menor, a mais delicada em
relação à palavra gritada, brutal e agressiva que estamos acostumados a ver no
âmbito político, na informática, onde domina não somente a agressividade mas
também a vulgaridade. A palavra que é acesa até ficar quente. Sabemos bem que a
palavra é uma “criatura viva”: dizia outro poeta francês, Victor Hugo, e como
tal pode também ferir, se não às vezes até matar.
O Papa Francisco
é muito devoto de São José e tem uma imagem pequena sempre consigo...
Cardeal Ravasi: Sim.
É a imagem de São José dormindo. Sabemos que existe também na iconografia.
Bassano, por exemplo, representou José dormindo que recebe a anunciação ou
recebe os sonhos que, como sabemos, na linguagem bíblica são uma maneira de
representar uma comunicação transcendente, espiritual: não é necessariamente
tudo o que concebemos através da visão psicanalítica, a leitura onírica com uma
interpretação “científica”. Enquanto que para a tradição bíblica, e para toda a
antiga tradição oriental, é uma maneira de expressar a profunda experiência
religiosa, portanto, uma experiência espiritual, ascética e mística. Essa
figura já é significativa, porque José é por excelência o homem que recebe
essas mensagens à noite, nos momentos dramáticos da existência de seu filho
oficial, seu filho jurídico. É por esse motivo que podemos dizer que seja, mais
uma vez, uma figura sugestiva, porque tem a capacidade de ir em profundidade,
sem muita conversa. Os evangelhos apócrifos acrescentam muitos detalhes, mas há
um evangelho apócrifo chamado “José, o carpinteiro” que representa sua morte,
José deitado numa espécie de névoa do fim da vida, que tem Cristo ao seu lado.
Ele diz as últimas palavras em relação a Maria: “Eu amei essa mulher com
ternura”, e depois morre.
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Fonte: vaticannews.va
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