O presidente da
CNBB, cardeal Sergio da Rocha, durante cerimônia de lançamento da Campanha da
Fraternidade 2019, na sede provisória da Conferência, na manhã desta
Quarta-feira de Cinzas, dia 6 de março, reforçou a importância de ligar o tema
da Campanha da Fraternidade (CF) com a espiritualidade quaresmal: A
Campanha “ocorre durante a quaresma porque quer ser sinal e instrumento de
vivência quaresmal“. Ele ainda recordou: “sabemos que uma das principais
exigências da espiritualidade quaresmal é justamente a fraternidade, o amor
fraterno, com seus vários níveis e exigências“. Ele estava acompanhado na
cerimônia pelo secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, e a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Além deles, também foram
convidados para o ato Geniberto Paiva Campos, médico cardiologista do
Observatório do Distrito Federal; Gilberto Vieira dos Santos,
secretário-adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi); e Vânia Lúcia
Ferreira Leite, membro da Pastoral da Criança e do Conselho Nacional de Saúde.
Dom Sergio
recordou, ema sua intervenção na cerimônia, a mensagem do Papa Francisco para a
Campanha da Fraternidade que foi lida no início da cerimônia: os cristãos “devem
buscar uma participação mais ativa na sociedade como forma concreta de amor ao
próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e
na justiça”.
Objetivos da CF
“Um dos
principais objetivos da CF“, disse o cardeal, “é contribuir para o conhecimento
da importância do tema e promover uma participação maior na elaboração de
políticas públicas nos diversos âmbitos da vida social (saúde, educação, segurança
pública, meio ambiente…) temas já trabalhados em temas anteriores. De tal modo,
que esta Campanha, com um tema de caráter mais abrangente, retoma e dá
continuidade a outras que tiveram temas mais específicos. Ela estimula o
exercício consciente e responsável da cidadania, despertando o interesse pelas
políticas públicas, tema exigente e aina pouco conhecido”.
Dom Sergio
explicou: “Durante o tempo quaresmal, teremos a ocasião especial para conhecer
melhor o tema desta Campanha. É importante refletir sobre o tema por meio de
encontros de formação, palestras, debates e rodas de conversa. Há diversos
modos de participar da vida política, muito além da militância em partidos
políticos, como participação em conselhos paritários, em audiências públicas,
em movimentos sociais e tantas outras iniciativas de cidadania responsável”.
Missão profética
Dom Sergio da Rocha |
Dom Sergio ainda
disse que “o lema ‘serás libertado pelo direito e pela justiça’, extraído do
Profeta Isaías (Is 1,27) ilumina e anima esta Campanha, orientando as nossas
ações. Mais uma vez, a Igreja não pretende oferecer soluções técnicas para os
problemas sociais, nem se deixa guiar por ideologias ou partidos. Cumpre a sua
missão profética nas condições concretas da história, oferecendo aquilo que tem
de mais precioso: a luz da fé, a Palavra de Deus, os valores do Evangelho. A
Igreja oferece critérios, princípios, valores éticos, a serem acolhidos na ação
político partidária e demais iniciativas no âmbito político, tendo como grandes
fontes a Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja”.
Sociedade
O presidente da
CNBB fez a seguinte constatação: “Graças a Deus, a Campanha da Fraternidade tem
repercutido não apenas no interior das comunidades católicas, mas também nos
diversos ambientes da sociedade. Pela sua natureza, ela sempre muito além da
Igreja Católica. Tem contado, cada vez mais, com a participação de muitas
entidades da sociedade civil, de escolas, de outras igrejas cristãs e de órgãos
públicos. A Campanha exige ações comunitárias, além das iniciativas pessoais.
Exige sempre com muito diálogo, reflexão e ação conjunta, especialmente para
desenvolver o tema das políticas públicas. A construção de políticas públicas
deve ser tarefa coletiva numa sociedade democrática e participativa”.
Além da
intervenção de Dom Sérgio, os outros convidados especiais tiveram um tempo para
falar sobre o tema. No final, o cardeal agradeceu a todos e pediu: “Deus abençoe
a todos os que se empenharem na realização desta Campanha e torne fecundo o
trabalho a ser realizado. Amém”.
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Raquel Dodge:
A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, participou da cerimônia de
abertura da Campanha da Fraternidade 2019, realizada na manhã desta
Quarta-feira de Cinzas, na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), em Brasília (DF). Em sua fala, a chefe do Ministério Público
Federal (MPF) enfatizou a promoção da fraternidade, “como princípio que move a
Igreja e deve mover o Estado brasileiro”. Para a procuradora, a CF “pede
políticas públicas que ensejem vida digna para todos”.
“Esta edição da
Campanha toca em uma dimensão da fraternidade que fala ao Estado brasileiro,
aos gestores públicos, aos serviços públicos que todos utilizamos ou são postos
à nossa disposição. Fala também aos cristãos leigos e a todos os cidadãos da
sua atuação no campo da política”, afirmou Raquel Dodge, que continuou
ressaltando que a CF “toca na esperança dos brasileiros, nas suas
perplexidades, em suas dores e expectativas de solução para problemas concretos
que enfrentam no cotidiano de suas vidas”.
Vida digna e
políticas públicas
Raquel Dodge, ao
destacar o pedido por políticas públicas que ensejem vida digna para todos,
elencou vários exemplos que devem ser atingidos de forma solidária com a
abordagem da temática proposta pela CNBB neste tempo da Quaresma: “os que
sofrem de doenças raras ou incuráveis, que necessitam de mais pesquisa
científica ou de medidas que aliviem a dor; com os que padecem de doenças
curáveis ou controláveis e necessitam de diagnóstico mais rápido, de
medicamentos constantes e de assistência mais próxima de suas casas; com os que
perdem a vida em estradas mal preservadas e mal sinalizadas; com os que sofrem
sede de água potável ou são forçados a sobreviver com acesso precário ou águas
impróprias para consumo humano; com os que precisam de educação de qualidade,
para romper o ciclo da miséria e para garantia do desenvolvimento nacional”.
Raquel Dodge |
Citando o Papa
Francisco, para quem a “fraternidade manifesta-se nos deveres de solidariedade,
de justiça social e de caridade universal”, a procuradora apontou para
políticas públicas que estimulam relações fraternas entre brasileiros e
imigrantes. Continuou enumerando realidades que podem ser tocadas pela
fraternidade: redução da violência cotidiana; enfrentamento das muitas formas
de corrupção, de crime organizado e ações ilícitas “que fragilizam direitos e
deixam milhares de pessoas submetidas à força destrutiva da avareza e da
manipulação”.
Ainda: o
estímulo ao trabalho mais vigoroso pela erradicação da violência doméstica; o
tratamento adequado e prioritário ao fenômeno da violência e dos abusos contra
crianças e adolescentes; o impedimento à destruição das florestas, à extinção
da fauna e à degradação de recursos naturais.
Direito e a
justiça
Raquel Dodge
encerrou ressaltando que o Estado deve considerar as dimensões do Direito e da
Justiça, expressos no lema da Campanha da Fraternidade 2019: “Esta Campanha nos
convida, finalmente, a refletir sobre o modo como realizaremos o justo. Propõe
que estimulemos fraternidade nos objetivos, na idealização e na implementação
de políticas públicas, que protejam a dignidade humana em uma sociedade livre,
justa, pluralista e solidária”.
“Estou segura de
que esta Campanha fortalecerá políticas públicas de qualidade, comprometidas
com a proteção devida a todos, sobretudo aos mais frágeis e marginalizados. E,
nos passos do Papa Francisco, também concluo: ‘A força da fraternidade […] é a
nova fronteira do cristianismo’ e da humanidade”, finalizou.
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Fonte: cnbb.org.br
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