O Senhor
nos pergunta
onde está o irmão necessitado no nosso coração
À pergunta:
“Onde está o teu irmão?”, o Papa Francisco convida a não responder com frases
de circunstância. O nosso irmão é o faminto, o doente e o encarcerado.
Cidade do Vaticano - Assim como a
Caim, o Senhor dirige também a nós pessoalmente a pergunta: “Onde está o teu
irmão?”. Na homilia da missa na Casa Santa Marta, o Papa exortou a responder
pessoalmente, mas não com respostas de circunstância para fugir do problema.
Francisco recordou que se trata do irmão doente, encarcerado, faminto, como diz
o Evangelho de Mateus no capítulo 25.
O caso de Caim e
Abel, proposto pela Primeira Leitura da Liturgia do dia, esteve no centro da
reflexão do Papa. Uma leitura que faz parte daquele gênero literário que se
repete várias vezes na Bíblia: “podemos chamar de ‘perguntas incômodas’ e
respostas de ‘circunstâncias’”. De fato, é “uma pergunta constrangedora” que
Deus dirige a Caim: “Onde está o teu irmão?”. E a resposta neste caso é “um
pouco de circunstância”, mas também dada para se defender: “Mas o que eu tenho
a ver com a vida do meu irmão? Por acaso sou eu o seu custódio? Eu lavo as
mãos. E assim Caim tenta escapar do olhar de Deus”, notou o Papa.
Perguntas
incômodas
Francisco depois
se concentrou nas “perguntas incômodas” que Jesus fez. Muitas vezes as dirigiu
a Pedro, por exemplo quando lhe perguntou três vezes: “Me amas?”. Tanto que, no
final, Pedro não sabia mais o que responder. Do mesmo modo, perguntou aos
discípulos: “O que as pessoas dizem de mim?”. E eles responderam: “um profeta,
o Batista ...”. “Mas vós, o que dizeis?”, perguntou Cristo. “Uma pergunta
constrangedora.”
Deus a Caim fez
outra pergunta: onde está o teu irmão? “Esta é uma pergunta incômoda, disse o
Papa, é melhor não fazê-la. E nós conhecemos muitas respostas: mas é a sua
vida, eu a respeito, lavo as mãos... eu não me intrometo na vida dos outros”,
cada um é livre de escolher a própria estrada... O Papa, com esses exemplos,
evidencia que na vida de todos os dias, a essas perguntas incômodas do Senhor,
“respondemos um pouco com princípios genéricos que não dizem nada, mas dizem
tudo, tudo aquilo que está no coração”.
Respostas de
circunstância
Portanto, a cada
um de nós o Senhor hoje faz está pergunta: “Onde está o teu irmão?”. Talvez,
alguém um pouco mais distraído pode responder que está em casa com a esposa,
mas o Papa esclareceu que se trata do irmão doente, faminto, encarcerado, do
perseguido pela justiça:
“Onde está o teu
irmão?” – “Não sei” – “Mas o teu irmão tem fome!” – “Sim, sim, certamente está
almoçando na Caritas da paróquia, sim certamente lhe darão de comer”, e com
esta resposta, de circunstância, salvo a minha pele. “Não, o outro, o
doente...” – “Certamente está no hospital!” – “Mas não tem lugar no hospital! E
os remédios?” – “Mas é uma coisa que diz respeito a ele, eu não posso me
intrometer na vida dos outros... terá parentes que lhe darão remédios”, e lavo
as mãos. “Onde está o teu irmão, o encarcerado?” – “Ah, está pagando aquilo que
merece. Ele cometeu, que pague. Nós estamos cansados de tantos delinquentes na
rua: pague”. Mas talvez você nunca vai ouvir esta resposta da boca do Senhor.
Onde está o teu irmão? Onde está o teu irmão explorado, que trabalha no mercado
informal nove meses por ano para retomar, depois de três meses, outro ano? E
assim não existe segurança, não existem férias … “Eh, hoje não existe emprego e
se faz aquilo que aparece …”: outra resposta de circunstância .
Com estes
exemplos concretos, o Papa pede para que cada um tome esta Palavra do Senhor
como se fosse dirigida a cada um de nós pessoalmente:
“O Senhor me
pergunta: “onde está o seu irmão?”, e põe o nome dos irmãos que o Senhor nomeia
no capítulo 25 de Mateus: o doente, o faminto, o sedento, aquele que não tem
roupas, aquele irmão pequenino que não pode ir à escola, o usuário de droga, o
encarcerado ... onde está? Onde está o seu irmão em seu coração? Existe espaço
para essas pessoas em nosso coração? Ou falamos sim das pessoas e
descarregamos a consciência dando uma esmola.”
Mas que essas
pessoas não incomodem muito por favor, porque, continua o Papa, “com essas
coisas sociais da Igreja”, acaba parecendo “um partido comunista e isso nos faz
mal”. Tudo bem, mas o Senhor disse: onde está seu irmão? Não é o partido, é o
Senhor”. “Estamos acostumados a dar respostas de ocasião, respostas para
fugir do problema, para não ver o problema e não tocar no problema”.
Francisco pede
novamente para “fazer uma lista” de todos aqueles que o Senhor nomeia no
capítulo 25 de Mateus. Caso contrário, começa a ser criada “uma vida escura”: o
pecado está agachado à sua porta, diz o Senhor a Caim, e “quando carregamos
esta vida escura sem tomar pela mão o que o Senhor Jesus nos ensinou, à porta
está o pecado, agachado, esperando para entrar e nos destruir”, recorda,
exortando também a fazer-se outra pergunta contida no livro do Gênesis, aquela
que Deus fez a Adão depois do pecado: “Adão, onde você está”?
“E Adão se
escondeu de vergonha, de medo. Talvez tenhamos sentido essa vergonha. Onde está
o seu irmão? Onde você está? Em que mundo você vive que não percebe essas
coisas, esses sofrimentos, essas dores? Onde está o seu irmão?... Onde você
está? Não se esconda da realidade. Responda abertamente, com lealdade e com
alegria a estas duas perguntas do Senhor.”
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Assista:
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Fonte: vaticannews.va
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