No contexto do
processo do Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro
deste ano, o arcebispo emérito de São Paulo (SP) e presidente da Comissão
Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), cardeal Cláudio Hummes, afastou alguns temores que poderiam se
manifestar em relação à assembleia sinodal. Sua exposição aconteceu no Conselho
Permanente de novembro de 2018.
Após revelar a
felicidade com o interesse que muitas pessoas, ainda naquela época, já
manifestavam em relação ao Sínodo, que deve apontar “novos caminhos para a
Igreja e para uma ecologia integral”, dom Cláudio buscou tranquilizar aqueles
que ainda estavam confusos sobre a proposta do Sínodo.
“Há certos
temores, até do Estado, da política brasileira e dos outros países. Mas ali não
precisa ter temor nenhum, porque a Igreja não está querendo de forma nenhuma
promover ali uma nova nação, um novo país, não. A Igreja fica como está, mas
temos que saber trabalhar e estarmos interligados, respeitando as diferenças”,
afirmou em entrevista.
Dom Cláudio
retomou aos bispos o papel da Conferência Episcopal no cumprimento de etapas
anteriores à assembleia, como a função de sintetizar os materiais de escutas
das dioceses que serão enviados à Santa Sé para que o Conselho Sinodal elabore
o texto de trabalho que os bispos utilizarão no encontro, em Roma, no mês de
outubro.
Outro
apontamento de dom Cláudio foi sobre o “novo sujeito eclesial” que nasce neste
contexto do sínodo. Para a localidade, a Pan-Amazônia, este “novo sujeito
eclesial”, o papa Francisco quer oferecer “um projeto de pastoral de conjunto e
missionário específico”.
Neste sentido,
ao contrário da criação de um novo país na região da Pan-Amazônia, ou de uma
nova conferência episcopal, há a proposta pastoral, ou seja, de atuação da
Igreja. Assim, o que até agora era definido em âmbito nacional pela CNBB, dará
lugar a um projeto que envolve outras conferências episcopais, dos outros
países da região (Bolívia, Colômbia, Peru, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname
e Guiana Francesa, que é um território francês).
“A CNBB, aqui no
Brasil, digamos, não terá toda essa responsabilidade de definir a pastoral
porque terá um outro plano de pastoral de conjunto, como a Conferência de
Aparecida (2007) disse que, ‘para a Pan-Amazônia, é necessário encontrar um
plano de pastoral de conjunto diferenciado’. Agora está se apresentando isso”,
explica.
É uma
descentralização que acontece e um trabalho em conjunto, que se expressa na
atuação da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), também presidida por dom
Cláudio. O cardeal destaca a positividade nesta “descentralização”: “Como o que
o papa diz, nós precisamos dar responsabilidades locais, regionais e não
centralizar tudo, porque a centralização ajuda de uma certa forma, mas pode
inibir qualquer criatividade e diferenças, que muitas vezes não são trabalhadas
em uma conferência nacional”.
O convite, neste
contexto de busca por novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia
integral, é para apoio e trabalho em conjunto. “É claro que sempre fará parte
da CNBB a nossa Amazônia, mesmo com um próprio plano de pastoral que inclui
também outras conferências. Mas é preciso procurar entender isso e ver não como
alguma coisa que atrapalha. Não. É um passo avante que nos ajuda a sermos
Igreja que aceita as diferenças e a diversidade”.
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Fonte: cnbb.org.br
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