Não basta mudar
os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia
os livros litúrgicos para melhorar a qualidade da liturgia
“Portanto, nas
orações e nos gestos ressoa o "nós" e não o "eu"; a
comunidade real, não o sujeito ideal. Quando se recordam nostalgicamente
tendências passadas ou se querem impor novas, corre-se o risco de antepor a
parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à
comunhão, e na raiz, o mundano ao espiritual”, disse o Papa aos cerca de 80
participantes da Assembleia Plenária Congregação para o Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos.
Cidade do
Vaticano - “Trabalhar para que o Povo de Deus redescubra a beleza de encontrar
o Senhor na celebração de seus mistérios, e encontrando-o, tenha vida em seu
nome”. Este, é “o grande e belo” trabalho que vocês têm pela frente",
disse o Papa Francisco dirigindo-se aos participantes da Assembleia
Plenária da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos
Sacramentos, em andamento no Vaticano até a sexta-feira, 15.
Falando na
antessala da Sala Paulo VI aos cerca de 80 participantes do encontro, que
incluem 22 cardeais, 8 arcebispos e 11 bispos, além de funcionários e
consultores, o Pontífice enfatizou que a liturgia é a epifania da comunhão
eclesial. Para melhorar sua qualidade, é preciso mudar o coração, evitar cair
em estéreis polarizações ideológicas e cultivar a formação permanente do clero
e dos leigos. A mistagogia – afirmou – é um caminho idôneo para entrar no
mistério da liturgia.
Os primeiros
passos de um caminho
O Papa começou
recordando a instituição da Congregação para o Culto Divino por Paulo VI, em 8
de maio de 1969, com o objetivo “de dar forma à renovação desejada pelo
Vaticano II”. A tradição orante da Igreja, de fato, “tinha necessidade de
expressões renovadas, sem perder nada de sua riqueza milenar, antes pelo
contrário, redescobrindo os tesouros das origens".
Francisco e sua mensagem |
“Sabemos -
disse o Pontífice - que não basta mudar os livros litúrgicos para melhorar a
qualidade da liturgia. Somente isto seria um engano. Para que a vida seja
verdadeiramente um louvor agradável a Deus, é preciso de fato mudar o coração”,
e para esta conversão que “é orientada a celebração cristã, que é um
encontro da vida com o 'Deus dos vivos.'"
Colaboração
entre a Sé Apostólica e as Conferências Episcopais
Também hoje este
é o objetivo do trabalho exercido pela Congregação do Culto Divino e a
Disciplina dos Sacramentos, voltado a “ajudar o Papa a exercer o seu ministério
em benefício da Igreja em oração espalhada por toda a terra”. E na “comunhão
eclesial, atuam tanto a Sé Apostólica como as Conferências Episcopais, em
espírito de cooperação, diálogo e sinodalidade”:
Encontro e Colegialidade |
O voto – disse o
Papa – é “de prosseguir no caminho da mútua colaboração, conscientes das
responsabilidades envolvidas pela comunhão eclesial, na qual a unidade e a
variedade encontram harmonia. É um problema de harmonia”.
Estéreis
polarizações
Aqui também está
inserido o desafio da formação - observa o Santo Padre - sublinhando que “a
liturgia é vida que forma, não uma ideia a ser aprendida”. A este propósito –
acrescentou - é útil recordar que “a realidade é mais importante do que a
ideia”:
Saudação ao Papa |
A liturgia não é
"o campo do faça-você-mesmo" – alerta o Pontífice – “ mas a epifania
da comunhão eclesial”:
“Portanto, nas
orações e nos gestos ressoa o "nós" e não o "eu"; a
comunidade real, não o sujeito ideal. Quando se recordam nostalgicamente
tendências passadas ou se querem impor novas, corre-se o risco de antepor a
parte ao todo, o eu ao Povo de Deus, o abstrato ao concreto, a ideologia à
comunhão, e na raiz, o mundano ao espiritual”.
Formação
litúrgica do Povo de Deus
“A formação
litúrgica do Povo de Deus” é o tema desta Assembleia Plenária, e “a tarefa que
nos espera – diz Francisco - é “essencialmente difundir entre o povo de
Deus, o esplendor do mistério vivo do Senhor, que se manifesta na liturgia”:
“Falar da formação
litúrgica do Povo de Deus significa antes de tudo tomar consciência do papel
insubstituível que a liturgia desempenha na Igreja e para a Igreja. E pode
ajudar concretamente o povo de Deus a interiorizar melhor a oração da Igreja, a
amá-la como experiência de encontro com o Senhor e com os irmãos e, diante
disso, redescobrir nela o conteúdo e observar seus ritos”.
Palavras de sabedoria |
Mistagogia,
caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia
O próprio
Catecismo da Igreja Católica – recorda Francisco - adota o caminho
mistagógico para ilustrar a liturgia, valorizando nela a oração e os sinais:
“A mistagogia:
eis um caminho idôneo para entrar no mistério da liturgia, no encontro vivo com
o Senhor crucificado e ressuscitado. Mistagogia significa descobrir a vida nova
que no Povo de Deus recebemos mediante os Sacramentos, e redescobrir
continuamente a beleza de renová-la”.
Formação
permanente
A formação
permanente do clero e dos leigos, especialmente aqueles envolvidos nos
ministérios ao serviço da liturgia, foi outro aspecto destacado pelo Santo
Padre em seu pronunciamento:
Bênção final |
Queridos irmãos
e irmãs - foi a exortação final do Pontífice - “todos somos chamados a
aprofundar e reavivar a nossa formação litúrgica”, e diante de vocês está
esta grande e bela tarefa: “trabalhar para que o povo de Deus redescubra a
beleza de encontrar o Senhor na celebração de seus mistérios, e encontrando-o,
tenha vida em seu nome (...). E peço a vocês para reservarem a mim sempre um
lugar - amplo - em suas orações".
Texto integral,
até o momento somente em italiano: https://is.gd/oz6wHt
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Papa em discurso na manhã desta quinta:
Investir
no desenvolvimento rural para combater a fome no mundo
"Minha presença deseja trazer a esta sede os anseios e as necessidades da multidão de nossos irmãos que sofrem no mundo", disse Francisco em seu discurso na cerimônia de abertura da 42ª sessão do Conselho de Governadores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco participou, nesta quinta-feira (14/02), da cerimônia de abertura da 42ª sessão do Conselho de Governadores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), agência das Nações Unidas.
O encontro realizou-se na sede do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma.
Em seu discurso aos participantes do evento, Francisco agradeceu ao presidente do Fida, Gilbert F. Houngbo, pelo convite feito a ele em nome do organismo.
“Minha presença deseja trazer a esta sede os anseios e as necessidades da multidão de nossos irmãos que sofrem no mundo."
“Gostaria que pudéssemos olhar para seus rostos sem ficarmos vermelhos de vergonha, pois finalmente seu clamor foi ouvido e suas preocupações foram atendidas.”
"Eles vivem em situações precárias: o ar está viciado, os recursos naturais dizimados, os rios poluídos, os solos acidificados; eles não têm água suficiente para si ou para suas colheitas; suas infraestruturas de saúde são precárias, suas casas escassas e defeituosas.”
Segundo Francisco, “essas realidades se prolongam no tempo, quando, por outro lado, a nossa sociedade alcançou grandes conquistas nas áreas do saber. Isso quer dizer que estamos diante de uma sociedade que é capaz de progredir em seus propósitos de bem, e vencerá também a batalha contra a fome e a miséria se a propor seriamente.
“Estar decididos nesta luta é primordial para que possamos ouvir, não como um slogan, mas realmente: “A fome não tem presente nem futuro. Apenas passado”. Para isso, é necessária a ajuda da Comunidade internacional, da sociedade civil e daqueles que possuem recursos.”
Não se foge das responsabilidades, passando-as de uns para outros, mas devem ser assumidas a fim de oferecer soluções concretas e reais.”
Incentivo da Santa Sé
A Santa Sé sempre incentivou os esforços feitos pelas agências internacionais para combater a pobreza. Em dezembro de 1964, São Paulo VI pediu, em Bombaim, atual Mumbai, na Índia, “e depois reiterou em outras circunstâncias, a criação de um Fundo mundial para combater a miséria e dar um impulso decisivo na promoção integral das áreas mais pobres da humanidade. Desde então, os seus sucessores não deixaram de animar e incentivar iniciativas semelhantes, e um dos exemplos mais conhecidos é o Fida”, sublinhou o Papa.
Gilbert F. Houngbo - Presidente do Fida |
“Nada disso será possível sem alcançar o desenvolvimento rural, um desenvolvimento do qual se fala há muito tempo, mas que não se concretiza.”
“É paradoxal que uma boa parte dos mais de 820 milhões de pessoas que sofrem de fome e desnutrição no mundo vivam nas áreas rurais, se dedicam à produção de alimentos e são camponesas. Além disso, o êxodo do campo para a cidade é uma tendência global que não podemos ignorar.”
“O desenvolvimento local tem valor em si mesmo e não em função de outros objetivos. Trata-se de garantir que cada pessoa e cada comunidade possa desenvolver suas próprias capacidades de maneira plena, vivendo assim uma vida humana digna desse nome”, frisou ainda o Papa.
Francisco exortou os responsáveis das nações, as organizações intergovernamentais e todos dos setores público e privado, “a desenvolverem os canais necessários para que medidas apropriadas possam ser implementadas nas áreas rurais da Terra, a fim de que as pessoas possam ser artífices responsáveis de sua produção e progresso”.
Papa e participantes |
Segundo o Papa, “os problemas que afetam negativamente o destino de muitos de nossos irmãos atualmente, não podem ser resolvidos de forma isolada, ocasional ou efêmera. Hoje, mais do que nunca, devemos unir forças, alcançar consenso e fortalecer vínculos”.
“Os desafios atuais são tão intrincados e complexos que não podemos prosseguir, enfrentando-os ocasionalmente, com resoluções de emergência. É necessário tornar protagonistas as pessoas afetadas pela indigência, sem considerá-las meras receptoras de uma ajuda que pode acabar gerando dependências.”
“Trata-se de afirmar sempre a centralidade da pessoa humana, recordando que «os novos processos em gestação nem sempre se podem integrar dentro de modelos estabelecidos do exterior, mas devem ser provenientes da própria cultura local», disse Francisco citando um trecho de sua Encíclica Laudato si’.
“Neste sentido, e como vem ocorrendo nos últimos anos, o Fida alcançou melhores resultados através de uma maior descentralização, promovendo a cooperação Sul-Sul, diversificando as fontes de financiamento e os modos de ação, promovendo uma ação baseada nas evidências e que, ao mesmo tempo, gera conhecimento.”
O Papa encorajou o organismo a “prosseguir neste caminho, que deve sempre visar a melhorar as condições de vida das pessoas carentes”.
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Graziano:
Papa é um grande inspirador na luta contra a fome
O brasileiro José Graziano da Silva foi um dos anfitriões do Papa Francisco na sede da FAO, para a abertura da 42ª Assembleia do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco tem sido um grande inspirador da luta contra a fome e contra a desigualdade no mundo: palavras do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Dr. José Graziano da Silva.
O brasileiro foi um dos anfitriões do Papa Francisco na sede da FAO, para a abertura da 42ª Assembleia do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA):
“O Papa Francisco tem sido um grande inspirador da luta contra a fome e contra a desigualdade no mundo de modo geral. Particularmente a palavra do Santo Padre no sentido de procurar uma alimentação mais saudável e que tenha um menor impacto no uso dos recursos naturais, principalmente das terras e águas em todo o mundo, tem sido fundamental para inspirar os nossos programas e projetos.”
Dr. Graziano se declara “honrado” em receber a visita do Papa, recordando que o Pontífice já esteve outras vezes na sede FAO, mas a visita é inédita numa conferência do FIDA:
“O FIDA é um dos maiores parceiros da FAO. Na verdade, a nossa colaboração com as três agências romanas – FAO, FIDA e PAM – tem crescido muito nos últimos anos. Particularmente com o FIDA temos uma ação com os agricultores familiares. O FIDA é um mecanismo de financiamento para os agricultores familiares e a FAO ajuda não só a elaborar os projetos que são apresentados, mas também ajuda muitas vezes a implementar esses projetos no terreno. Como vocês sabem, a agricultura familiar é muito importante para a FAO – são 500 milhões de agricultores em todo o mundo – e o paradoxo é que são entre os mais pobres e muitos deles passam fome porque não conseguem nem produzir o suficiente para alimentar a sua família. São os agricultores de subsistência, para quem também há um programa especial com o FIDA para torná-los mais produtivos e levar a sua produção aos mercados locais."
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Fonte: vaticannews.va
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