Dos transmissores de Marconi às redes sociais
Em véspera de
Dia Mundial da Rádio, anualmente comemorado em 13 de fevereiro, recordamos
momentos marcantes que fizeram a história da emissora pontifícia. Do primeiro
programa científico até as postagens da era social, passando por oito Papas até
a informação multimídia de hoje produzida pelo Vatican News, Vatican Media e
Rádio Vaticano Itália.
Cidade do
Vaticano - No início dos anos 80, Fernando Bea era uma figura prestigiosa
dentro da Rádio Vaticano e foi quem deu vida a um livro sobre os primeiros 50
anos de vida da emissora pontifícia. Ao final da obra, o autor professou: “o
dinamismo excepcional e o zelo apostólico de João Paulo II de agora em diante
vão se tornar, dia a dia, hora a hora, o ritmo da sua Rádio, que vai seguir
cada passo”. Bea intuiu que o dinamismo do jovem Pontífice polonês traria
reflexos no trabalho da Rádio Vaticano, mas não podia imaginar a revolução que
trazia o Papa que “veio de um país distante”.
O livro de Bea
conta minuciosamente, com informações e episódios, os primeiros anos da
emissora vaticana, obrigada desde o início a mostrar sua capacidade de
“influencer”, em vez de se limitar a fornecer à Santa Sé um eficiente e
tranquilo serviço de radiotelegrafia, criado por Marconi a Pio XI.
Um baluarte
racional pela paz
Estúdio |
Microfone amigo
que fala em 30 línguas
Funcionários |
Rádio de opinião
Paulo VI é um
jornalista e quer que a “sua” Rádio ofereça chaves de leitura cristãs dos fatos
do mundo. Quer jornalistas que agitem as consciências, não somente técnicos que
façam funcionar a máquina. Isso é subentendido em 30 de junho de 1966 quando,
em meio ao maquinário do Centro de Transmissão, explica de querer melhorar a
Rádio Vaticano porque, diz ele: “para nada serve ter um magnífico
instrumento, se depois não sabemos utilizar magnificamente”.
Papa Pio XI e autoridades |
Velho e Novo
Momento atual |
O autor da
segunda parte é Alessandro De Carolis, que trabalha no jornalismo vaticano desde
o Jubileu de 2000. E é justamente o Ano Santo, com suas 6 mil horas de
transmissão, que se transforma num divisor de águas entre a Rádio pré-Internet
e aquela sucessiva que deveria mudar várias vezes a pele para se adaptar aos
condicionamentos impostos pela tecnologia e pelas mutações da web e das redes
sociais à informação, ou seja, aquele “areópago da comunicação moderna”, como
define Bento XVI durante sua visita à Rádio em 3 de março de 2006.
Rádio hoje |
Eugenio
Bonanata, Andressa Collet
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12 de fevereiro
de 1931,
dia em que o Papa inaugurou a Rádio
dia em que o Papa inaugurou a Rádio
Em 12 de fevereiro de 88 anos atrás, um dia depois do aniversário do Tratado de Latrão, Pio XI inaugurou a “Statio Radiophonica Vaticana”. O tesouro tecnológico construído por Guglielmo Marconi abre as fronteiras do mundo ao Magistério dos Papas. Eis a crônica da primeira transmissão papal ao vivo da história.
Guglielmo Marconi entre os maquinários da Rádio Vaticano |
Cidade do Vaticano - Sopra uma
tramontana discreta, em Roma, por volta das quatro e meia da tarde, mas não
preocupa a multidão que estava se reunindo em diferentes pontos do centro,
porque é um dia especial, 12 de fevereiro de 1931, e os aglomerados de pessoas
se notam sobretudo nos lugares onde há um aparelho de rádio.
Não que seja uma
novidade, mas desta vez é diferente. Há curiosidade pelo grande evento,
demonstrado pelas redações de jornais e até pelas lojas de itens elétricos que
penduraram alto-falantes do lado de fora. Entre a Via IV Novembre, Piazza
Vittorio, Via Nazionale e em outros lugares reúnem-se centenas de pessoas que
se tornam milhares, somando com as de Turim e outras cidades italianas, e
também de em Melbourne, Nova York, Québec e não só.
Edifício na
colina
Papa Pio XI |
Microfone livre
O primeiro a se
aproximar do grande microfone foi o grande arquiteto. Guglielmo Marconi tinha
56 anos e dois anos antes, Pio XI, que queria uma estação de rádio de última
geração para a recém-criada Cidade do Vaticano, fez-lhe tal proposta.
Primeiros equipamentos |
Os trabalhos de
construção começaram logo e quando se aproxima o segundo aniversário do
Tratado, que sancionou a independência da Santa Sé, se aproxima também a
inauguração da rádio que garantirá ao Centro da Igreja um maior grau de
liberdade.
Uma hora
inesquecível
Diante do
microfone, um Marconi emocionado que sublinha o aspecto mais marcante da
novidade. Depois de “vinte séculos” de magistério pontifício que se “fez ouvir”
com os documentos, é a “primeira vez” em que este pode ser ouvido
“simultaneamente” pela “voz viva” do Papa.
Papa no dia da inauguração |
Uma hora depois,
Pio XI e Marconi estão nas proximidades da Casina Pio IV, sede da Academia das
Ciências. Na presença de estudiosos membros da associação, o construtor da
Rádio do Papa foi solenemente nomeado membro da Academia a pedido do diretor da
emissora pontifícia, pe. Joseph Gianfranceschi, jesuíta e físico de fama
internacional.
Audição clara
As crônicas
detalhadas daquele dia refletem o interesse e o clamor suscitados pela primeira
transmissão papal ao vivo da história. O sucesso também é devido à excelente
qualidade da transmissão. Os jornais dos dias sucessivos noticiam aquela
extraordinária hora.
Papa e autoridades |
As observações
do repórter do “Times” em apontar que o discurso de Pio XI tinha sido “um pouco
mais rápido do que os dos lábios acostumados a transmissões de rádio”. Ou as
palavras do presidente da Sociedade Nacional Americana de Radiodifusão que de
Nova York refere a Marconi de transmissões captadas perfeitamente em “lugares
como Nassau, nas Índias Ocidentais”.
Mas, talvez, a
notícia mais curiosa tenha sido a do jornal do Papa. O l’Osservatore Romano
daqueles dias relata uma correspondência de Praga de um médico surdo que ouviu
a voz de Pio XI no rádio, graças a um aparelho que ele inventou. O título era:
“Até os surdos o ouviram”. Não é um milagre, mas é de tirar o chapéu para o
humorismo.
Alessandro De Carolis
Alessandro De Carolis
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Fonte: vaticannews.va
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