“Precisamos compreender
a forte mensagem deste domingo de misericórdia”
No segundo
domingo da Páscoa, conhecido também como “Domingo Branco”, muitas pessoas
recordam o dia da sua Primeira Comunhão, ou da sua Comunhão Solene. Isso
porque, em anos idos, era neste dia que se celebrava, preferencialmente, a
primeira comunhão das crianças. Era uma forma de ligar a Eucaristia à Páscoa,
completando, desta forma a alegria pela ressurreição de Jesus.
Dom Armando Bucciol |
No segundo
domingo da Páscoa também a Igreja celebra a Divina Misericórdia, convidando os
cristãos a se aproximarem de Deus sem medo de serem menosprezados ou
rejeitados. A motivação partiu de São João Paulo II, em maio de 2000, e
encontra amparo na consciência de que “foi na ressurreição que o Filho de Deus
experimentou de modo radical a misericórdia do Pai, que é mais forte do que a
morte” (João Paulo II, Carta Encíclica Dives in Misericordia).
O presidente da
Comissão para a Liturgia da CNBB, dom Armando Bucciol, explica que a decisão do
papa tem uma longa história, ligada de maneira especial a Santa Faustina
Kowalska, mística polonês, que aos 22 de fevereiro de 1931, numa das primeiras
revelações de Jesus, recebeu o pedido que se celebrasse a “Festa da Misericórdia”.
“A escolha deste domingo encontra motivações significativas nos textos
litúrgicos. A oração do dia reza: ‘Ó Deus de eterna misericórdia, que
reacendeis a fé do vosso povo na renovação da festa pascal’. A divina
misericórdia acompanha a vida do povo de Deus que renova a sua fé com a
celebração do mistério pascal”, afirma dom Armando.
Na pintura, Santa Faustina recebeu
o pedido de Jesus para que se celebre a “Festa da Misericórdia”
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Em breve análise
litúrgica, dom Armando explica que a escolha do segundo domingo de Páscoa não
foi casual e encontra “sábias’’ e “certas” motivações nos textos bíblicos e
eucológicos. Ele cita como exemplo o Evangelho de João – 20, 19-31 – cuja
página é de “extraordinária confirmação da divina misericórdia”. “Jesus
ressuscitado aparece aos seus amigos, amedrontados e confusos, e lhes doa a paz
e o perdão, junto com a missão de perdoar. Em seguida, o diálogo de Jesus com
Tomé, o apóstolo desconfiado, representante de todos os que pretendem provas
concretas. A ele, Jesus pede para tocar suas chagas, sinal vivo de amor e
misericórdia”, comenta o bispo.
Dom Armando
também destaca a 2ª leitura do dia – 1 João 5,1-6 – que realça a dimensão da
misericórdia. “Jesus é o Filho de Deus que veio pela água e pelo sangue.
Recordamos que, do lado aberto de Jesus, saiu sangue e água”, diz. Dom Armando
afirma, ainda, que é por isso que cantamos no Salmo: “Dai graças ao Senhor,
porque Ele é bom! Eterna é a sua misericórdia”. E na oração do dia, o bispo
afirma que somos convidados “todos a compreender profundamente com que banho
fomos lavados, com que espírito regenerados e com que sangue redimidos”.
O papa Francisco
e a Misericórdia
Para dom Armando
é impossível falar de misericórdia sem lembrar do papa Francisco, que fez dela
um dos aspectos mais significativos de seu serviço eclesial. O pontífice
decretou, inclusive, o Jubileu do Ano Santo da Misericórdia, que teve
início em 2015 e seguiu até novembro de 2016. “No ano da misericórdia que
celebramos, fomos convidados a crescer mais e mais nessa dimensão essencial ao
ser discípulos do Senhor”, comenta dom Armando.
Francisco, o Papa da Misericórdia |
O bispo relata
que toda essa insistência do papa em falar da misericórdia revela, porém, uma
deficiência e uma urgência. “Quando se fala muito de alguma coisa, significa
que está em falta. Assim, podemos observar com a água, com a pureza do ar, a
qualidade dos alimentos, a paz”, chama atenção. Para ele hoje muitos agem – em
suas ações cotidianas – com desprezo e sem misericórdia. “De verdade,
precisamos compreender e acolher a forte mensagem deste domingo”, exorta o
bispo.
“Pedimos ao
Espírito do ressuscitado que ensine a viver o pedido de Jesus: “Sede
misericordiosos como vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). Quem participa e
vive da liturgia, à escola da Palavra e alimentado pelo Pão do amor, com
certeza, aprenderá a ser mais coerente com a fé que professa. A Palavra de hoje
(1ª leitura) oferece, ainda, o exemplo da Comunidade de Jerusalém, onde os
“fiéis eram estimados por todos. Entre eles ninguém passava necessidade”. A
misericórdia se torna solidariedade, partilha e amor generoso, finaliza.
Neste segundo
Domingo de Páscoa, dia 08, o Santo Padre preside a Celebração Eucarística na
Praça São Pedro com os missionários da misericórdia, grupos e movimentos
ligados a esta devoção e fiéis, às 10h30 de Roma (transmissão a partir das
05h25, horário de Brasília).
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Fonte: www.cnbb.net.br
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