"Aquecimento climático põe o mundo à beira do suicídio"
A bordo do avião
Francisco concedeu a tradicional entrevista aos jornalistas que o acompanhavam
e afirmou que “o aquecimento climático põe o mundo à beira do suicídio” e que a
comunidade internacional reunida na Conferência do Clima de Paris (COP21) deve
alcançar um acordo “agora ou nunca”.
"Agora ou nuca se deve atuar diante das mudanças climáticas" |
“A quase
totalidade daqueles que estão em Paris querem fazer algo. Tenho confiança de
que o farão, têm boa vontade e rezo por eles”, disse ainda.
Outra pergunta
feita no voo foi a respeito da oposição da Igreja católica em relação ao uso de
preservativo no combate à Aids. Às vésperas do Dia Mundial de Luta contra a
doença (celebrado em 01/12), o Papa admitiu que a questão “é moralmente
complicada para a Igreja”. “O preservativo “é um dos métodos que pode
prevenir o alastramento do vírus e, consequentemente, da doença, mas... quando
as pessoas estão morrendo de sede e de fome (...), a sua questão parece demasiado
limitada”, rebateu o Papa ao jornalista que o questionou sobre o tema. “O
problema é maior”, insistiu, enumerando a desnutrição, o trabalho escravo, a
falta de água potável e o tráfico de armas.
Além disso, “a
África é continente que foi mártir da exploração” pelos países ricos que
cobiçam os seus recursos naturais e tentam impor valores ocidentais, em vez de
se concentrar no desenvolvimento.
Questionado
sobre o fundamentalismo religioso e a atuação dos líderes políticos, o Papa
criticou “a rede de interesses que se esconde atrás dos conflitos bélicos”, em
sua opinião provocados pelo “dinheiro e o poder”. Disse ainda que “não se pode
rechaçar uma religião porque tem grupos fundamentalistas: “Também os cristãos
devem pedir perdão por fatos do passado”. Neste sentido recordou Catarina de
Médici e a matança promovida em Paris no século XVI, conhecida como “o massacre
de São Bartolomeu” e completou: “O saque de Roma não foi feito pelos
muçulmanos!”.
Por fim, a
respeito do processo em andamento no Vaticano, o Papa admitiu que se cometeu um
erro ao confiar no Padre Vallejo Balda e em Francesca Chaouqui, que no início
do mês foram detidos por furto e divulgação de notícias e documentos
confidenciais.
O Papa referiu,
no entanto, que todo este caso não foi uma surpresa para ele: “Não me tirou o
sono, porque foi divulgado o trabalho que se começou a fazer com a Comissão de
Cardeais – o C9 – justamente para encontrar casos de corrupção e coisas que não
vão bem”.
Francisco
recordou que as denúncias sobre a “sujeira” na Igreja remontam ao fim do
pontificado de João Paulo II, quando o então Cardeal Joseph Ratzinger tomou “a
liberdade de dizer as coisas”. “Desde esse tempo, anda no ar a ideia de que há
corrupção no Vaticano”, acrescentou.
Em relação ao
julgamento, ele admitiu que gostaria que acabasse antes do início do Jubileu da
Misericórdia (8 de dezembro), e recusou a ideia de que a acusação aos dois
jornalistas envolvidos seja um ataque da Santa Sé à liberdade de imprensa.
“O fundamental é
ser realmente profissional; que as notícias não sejam manipuladas. Isto é
importante, porque denunciar injustiças e corrupção é um belo trabalho”, disse. (CM)
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Fonte: radiovaticana.va
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