Cidade do
Vaticano (RV) - O Papa Francisco inaugurou o 29º Jubileu da história da Igreja
Católica – um Ano Santo extraordinário centrado no tema da Misericórdia que
decorre até 20 de novembro de 2016.
Papa Francisco na Abertura do Jubileu |
O Jubileu da
Misericórdia teve início com a abertura da Porta Santa na Catedral de Bangui,
na República Centro-Africana, no dia 29 de novembro.
Neste dia 8 de
dezembro, foi a vez da abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, algo
que não acontecia desde 2000.
Esta porta é
aberta apenas durante o Ano Santo, permanecendo fechada no restante do tempo, e
existem portas santas nas quatro basílicas papais: São Pedro, São João de Latrão,
São Paulo fora de muros e Santa Maria Maior.
O anúncio solene
do Ano Santo teve lugar com a leitura e publicação da bula pontifícia
(Misericordiae Vultus), junto da porta de São Pedro, no Domingo da Divina
Misericórdia (12 de abril).
Tradição
A Igreja
Católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII, em 1300, e
a partir de 1475 determinou-se um jubileu ordinário a cada 25 anos.
Até hoje, houve
26 Anos Santos ordinários e dois extraordinários (anos santos da Redenção): em
1933 (Pio IX) e 1983 (João Paulo II).
O jubileu
consiste num perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade
de renovar a relação com Deus e o próximo. Esta indulgência implica obras
penitenciais, como peregrinações e visitas a igrejas.
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Papa abre a Porta Santa; começa o Jubileu da Misericórdia
“Atravessar hoje a Porta Santa nos compromete a adotar a
misericórdia do bom samaritano”: este é o espírito com o qual se deve viver o
Jubileu Extraordinário, conforme disse o Papa Francisco na missa celebrada por
ocasião da Festa da Imaculada Conceição (08/12), na Praça S. Pedro.
Com a cidade de
Roma blindada e um forte aparato de segurança, com três mil agentes nas ruas da
capital, o afluxo de peregrinos começou na madrugada nos arredores da Praça,
que foi aberta às 6h30. Os controles policiais, com a passagem pelo detector de
metais, tardaram o ingresso dos fiéis. Cerca de 50 mil pessoas
participaram da celebração.
Pecado e graça
Na homilia que
antecedeu a abertura da Porta Santa, o Pontífice recordou o mesmo gesto
realizado em Bangui (Rep. Centro-Africana) e ressaltou a primazia da graça: “A
festa da Imaculada Conceição exprime a grandeza do amor divino. Deus não é
apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria, chega até a evitar a culpa
original, que todo o homem traz consigo ao entrar neste mundo. É o amor de Deus
que evita, antecipa e salva”.
Abramos nosso coração à misericórdia |
A própria
história do pecado só é compreensível à luz do amor que perdoa, explicou o
Papa. “Se tudo permanecesse relegado ao pecado, seríamos os mais desesperados
entre as criaturas. A promessa da vitória do amor de Cristo encerra tudo na
misericórdia do Pai.”
Também este Ano
Santo Extraordinário é dom de graça, prosseguiu Francisco. “Entrar por aquela
Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos
acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos procura, que
vem ao nosso encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da
misericórdia.”
Para o Pontífice,
é preciso antepor a misericórdia ao julgamento, se quisermos ser justos com
Deus. “Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não corresponde
a quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo
transforma”, exortou.
Concílio
Vaticano II
Em sua homilia,
o Papa fez um paralelo com outra porta “escancarada” 50 anos atrás pelos Padres
conciliares. O Concílio, afirmou, foi primariamente um encontro; um encontro
entre a Igreja e os homens do nosso tempo.
“Trata-se, pois,
de um impulso missionário que, depois destas décadas, retomamos com a mesma
força e o mesmo entusiasmo. O Jubileu exorta-nos a esta abertura e obriga-nos a
não transcurar o espírito que surgiu do Vaticano II, o do Samaritano, como
recordou o Beato Paulo VI na conclusão do Concílio. Atravessar hoje a Porta
Santa compromete-nos a adotar a misericórdia do bom samaritano.”
Porta Santa
Após a comunhão,
teve início o rito de abertura da Porta Santa, na entrada da Basílica de S.
Pedro. O diácono convidou os fiéis para a inauguração do Jubileu Extraordinário
da Misericórdia com estas palavras: “Abre-se diante de nós a Porta Santa. É o
próprio Cristo que, através do mistério da Igreja, nos introduz no consolador
mistério do amor de Deus".
Em procissão, os
concelebrantes se posicionaram na entrada da Basílica. Também estava presente o
Papa Bento XVI. Diante da Porta Santa, o Pontífice fez uma oração e
recitou a seguinte fórmula: “Esta é a porta do Senhor. Abri-me as portas da
justiça. Por tua grande misericórdia entrarei em tua casa, Senhor”.
O Santo Padre
abriu a Porta Santa e se deteve em silêncio em sua entrada. Francisco entrou
por primeiro na Basílica de S. Pedro, seguido por Bento XVI, pelos
concelebrantes e por alguns representantes de religiosos e fiéis leigos –
momento em que foi entoado o Hino do Ano Santo da Misericórdia. No Altar
da Confissão, o Papa fez uma oração e concendeu a todos a sua bênção
apostólica. (BF)
Assista em VaticanBR
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Nossa Senhora, aurora da nova criação
Após abrir a Porta Santa da Basílica de São Pedro e iniciar
assim o Jubileu da Misericórdia, o Papa recitou a oração mariana do Angelus a
partir da janela do Palácio Apostólico.
Abaixo,
publicamos a íntegra da alocução de Francisco.
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Caros irmãos
e irmãs, bom dia!
A Solenidade
da Imaculada Conceição nos faz contemplar Nossa Senhora que, por singular
privilégio, foi preservada do pecado original desde a sua concepção. Mesmo
vivendo em um mundo marcado pelo pecado, este não a macula: é nossa irmã no
sofrimento, mas não no mal e no pecado. Aliás, nela, o mal foi derrotado antes
mesmo que pudesse se aproximar dela, porque Deus a revestiu de graça. (cfr Lc
1,28);
Em nossa vida tudo é dom, tudo é misericórdia |
Por isso, a
Imaculada passou a ser ícone sublime da misericórdia divina que venceu o
pecado. E nós, hoje, no início do Jubileu da Misericórdia, queremos olhar para
este ícone com amor confiante e contempla-la em todo o seu esplendor, imitando
a sua fé.
Na concepção
imaculada de Maria somos convidados a reconhecer a aurora do novo mundo,
transformado pela obra salvífica do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A
aurora da nova criação feita pela divina misericórdia. Por isso a Virgem Maria,
jamais contaminada pelo pecado e sempre recoberta de Deus, é mãe de uma nova
humanidade.
Celebrar esta
festa comporta duas coisas: acolher plenamente Deus e a sua graça
misericordiosa na nossa vida; a nossa vez, sermos artífices de misericórdia
mediante um autêntico caminho evangélico.
A festa da
Imaculada se transforma então em festa de todos se, com os nossos “sim”
quotidianos, conseguimos vencer o nosso egoísmo e tornar mais contente a vida
de nossos irmãos, a doar-lhes esperança, secando algumas lágrimas e doando um
pouco de alegria.
A exemplo de
Maria, somos chamados a nos transformar em operadores de Cristo e testemunhas
de seu amor, mirando antes de tudo àqueles que são privilegiados aos olhos de
Jesus.
São aqueles que
Ele mesmo nos mostrou: “Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me
destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes,
doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”. (Mt 25, 35-36)
A solenidade da
Imaculada Conceição tem uma mensagem específica para nós: nos lembra que em
nossa vida tudo é dom, tudo é misericórdia. A Virgem Santa, primícias dos
salvos, modelo da Igreja, esposa santa e imaculada, amada pelo Senhora, nos
ajude a redescobrir sempre mais a misericórdia divina como distintivo do
cristão. Ela é a palavra-síntese do Evangelho. É o detalhe fundamental do rosto
de Cristo: aquele rosto que nós reconhecemos nos diversos aspectos da sua
existência: quando vai ao encontro de todos, quando cura os doentes, quando se
senta à mesa com os pecadores e, sobretudo, quando, pregado na cruz, perdoa;
ali vemos o rosto da misericórdia divina.
Por intercessão
de Maria Imaculada, a misericórdia tome conta dos nossos corações e transforme
toda a nossa vida.
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Fonte: radiovaticana.va news.va
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