terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Francisco inaugura o 29º Jubileu da história da Igreja
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco inaugurou o 29º Jubileu da história da Igreja Católica – um Ano Santo extraordinário centrado no tema da Misericórdia que decorre até 20 de novembro de 2016.
Papa Francisco na Abertura do Jubileu
O Jubileu da Misericórdia teve início com a abertura da Porta Santa na Catedral de Bangui, na República Centro-Africana, no dia 29 de novembro.
Neste dia 8 de dezembro, foi a vez da abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, algo que não acontecia desde 2000.
Esta porta é aberta apenas durante o Ano Santo, permanecendo fechada no restante do tempo, e existem portas santas nas quatro basílicas papais: São Pedro, São João de Latrão, São Paulo fora de muros e Santa Maria Maior.
O anúncio solene do Ano Santo teve lugar com a leitura e publicação da bula pontifícia (Misericordiae Vultus), junto da porta de São Pedro, no Domingo da Divina Misericórdia (12 de abril).
Tradição
A Igreja Católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII, em 1300, e a partir de 1475 determinou-se um jubileu ordinário a cada 25 anos.
Até hoje, houve 26 Anos Santos ordinários e dois extraordinários (anos santos da Reden­ção): em 1933 (Pio IX) e 1983 (João Paulo II).
O jubileu consiste num perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo. Esta indulgência implica obras penitenciais, como peregrinações e visitas a igrejas.
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Papa abre a Porta Santa; começa o Jubileu da Misericórdia
“Atravessar hoje a Porta Santa nos compromete a adotar a misericórdia do bom samaritano”: este é o espírito com o qual se deve viver o Jubileu Extraordinário, conforme disse o Papa Francisco na missa celebrada por ocasião da Festa da Imaculada Conceição (08/12), na Praça S. Pedro.
Com a cidade de Roma blindada e um forte aparato de segurança, com três mil agentes nas ruas da capital, o afluxo de peregrinos começou na madrugada nos arredores da Praça, que foi aberta às 6h30. Os controles policiais, com a passagem pelo detector de metais, tardaram o ingresso dos fiéis.  Cerca de 50 mil pessoas participaram da celebração.
Pecado e graça
Na homilia que antecedeu a abertura da Porta Santa, o Pontífice recordou o mesmo gesto realizado em Bangui (Rep. Centro-Africana) e ressaltou a primazia da graça: “A festa da Imaculada Conceição exprime a grandeza do amor divino. Deus não é apenas Aquele que perdoa o pecado, mas, em Maria, chega até a evitar a culpa original, que todo o homem traz consigo ao entrar neste mundo. É o amor de Deus que evita, antecipa e salva”.
Abramos nosso coração à misericórdia
A própria história do pecado só é compreensível à luz do amor que perdoa, explicou o Papa. “Se tudo permanecesse relegado ao pecado, seríamos os mais desesperados entre as criaturas. A promessa da vitória do amor de Cristo encerra tudo na misericórdia do Pai.”
Também este Ano Santo Extraordinário é dom de graça, prosseguiu Francisco. “Entrar por aquela Porta significa descobrir a profundidade da misericórdia do Pai que a todos acolhe e vai pessoalmente ao encontro de cada um. É Ele que nos procura, que vem ao nosso encontro. Neste Ano, deveremos crescer na convicção da misericórdia.”
Para o Pontífice, é preciso antepor a misericórdia ao julgamento, se quisermos ser justos com Deus. “Ponhamos de lado qualquer forma de medo e temor, porque não corresponde a quem é amado; vivamos, antes, a alegria do encontro com a graça que tudo transforma”, exortou.
Concílio Vaticano II
Em sua homilia, o Papa fez um paralelo com outra porta “escancarada” 50 anos atrás pelos Padres conciliares. O Concílio, afirmou, foi primariamente um encontro; um encontro entre a Igreja e os homens do nosso tempo.
“Trata-se, pois, de um impulso missionário que, depois destas décadas, retomamos com a mesma força e o mesmo entusiasmo. O Jubileu exorta-nos a esta abertura e obriga-nos a não transcurar o espírito que surgiu do Vaticano II, o do Samaritano, como recordou o Beato Paulo VI na conclusão do Concílio. Atravessar hoje a Porta Santa compromete-nos a adotar a misericórdia do bom samaritano.”
Porta Santa
Após a comunhão, teve início o rito de abertura da Porta Santa, na entrada da Basílica de S. Pedro. O diácono convidou os fiéis para a inauguração do Jubileu Extraordinário da Misericórdia com estas palavras: “Abre-se diante de nós a Porta Santa. É o próprio Cristo que, através do mistério da Igreja, nos introduz no consolador mistério do amor de Deus".
Em procissão, os concelebrantes se posicionaram na entrada da Basílica. Também estava presente o Papa Bento XVI. Diante da Porta Santa, o Pontífice fez uma oração e recitou a seguinte fórmula: “Esta é a porta do Senhor. Abri-me as portas da justiça. Por tua grande misericórdia entrarei em tua casa, Senhor”.
O Santo Padre abriu a Porta Santa e se deteve em silêncio em sua entrada. Francisco entrou por primeiro na Basílica de S. Pedro, seguido por Bento XVI, pelos concelebrantes e por alguns representantes de religiosos e fiéis leigos – momento em que foi entoado o Hino do Ano Santo da Misericórdia. No Altar da Confissão, o Papa fez uma oração e concendeu a todos a sua bênção apostólica. (BF)
Assista em VaticanBR
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Francisco:
Nossa Senhora, aurora da nova criação
Após abrir a Porta Santa da Basílica de São Pedro e iniciar assim o Jubileu da Misericórdia, o Papa recitou a oração mariana do Angelus a partir da janela do Palácio Apostólico.
Abaixo, publicamos a íntegra da alocução de Francisco.
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Caros irmãos e irmãs, bom dia!
A Solenidade da Imaculada Conceição nos faz contemplar Nossa Senhora que, por singular privilégio, foi preservada do pecado original desde a sua concepção. Mesmo vivendo em um mundo marcado pelo pecado, este não a macula: é nossa irmã no sofrimento, mas não no mal e no pecado. Aliás, nela, o mal foi derrotado antes mesmo que pudesse se aproximar dela, porque Deus a revestiu de graça. (cfr Lc 1,28);
Em nossa vida tudo é dom, tudo é misericórdia
A Imaculada Conceição significa que Maria é a primeira a ser salva pela infinita misericórdia do Pai, como premissa de salvação que Deus quer doar a cada homem e mulher, em Cristo.
Por isso, a Imaculada passou a ser ícone sublime da misericórdia divina que venceu o pecado. E nós, hoje, no início do Jubileu da Misericórdia, queremos olhar para este ícone com amor confiante e contempla-la em todo o seu esplendor, imitando a sua fé.
Na concepção imaculada de Maria somos convidados a reconhecer a aurora do novo mundo, transformado pela obra salvífica do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A aurora da nova criação feita pela divina misericórdia. Por isso a Virgem Maria, jamais contaminada pelo pecado e sempre recoberta de Deus, é mãe de uma nova humanidade.
Celebrar esta festa comporta duas coisas: acolher plenamente Deus e a sua graça misericordiosa na nossa vida; a nossa vez, sermos artífices de misericórdia mediante um autêntico caminho evangélico.
A festa da Imaculada se transforma então em festa de todos se, com os nossos “sim” quotidianos, conseguimos vencer o nosso egoísmo e tornar mais contente a vida de nossos irmãos, a doar-lhes esperança, secando algumas lágrimas e doando um pouco de alegria.
A exemplo de Maria, somos chamados a nos transformar em operadores de Cristo e testemunhas de seu amor, mirando antes de tudo àqueles que são privilegiados aos olhos de Jesus.
São aqueles que Ele mesmo nos mostrou: “Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me”. (Mt 25, 35-36)
A solenidade da Imaculada Conceição tem uma mensagem específica para nós: nos lembra que em nossa vida tudo é dom, tudo é misericórdia. A Virgem Santa, primícias dos salvos, modelo da Igreja, esposa santa e imaculada, amada pelo Senhora, nos ajude a redescobrir sempre mais a misericórdia divina como distintivo do cristão. Ela é a palavra-síntese do Evangelho. É o detalhe fundamental do rosto de Cristo: aquele rosto que nós reconhecemos nos diversos aspectos da sua existência: quando vai ao encontro de todos, quando cura os doentes, quando se senta à mesa com os pecadores e, sobretudo, quando, pregado na cruz, perdoa; ali vemos o rosto da misericórdia divina.
Por intercessão de Maria Imaculada, a misericórdia tome conta dos nossos corações e transforme toda a nossa vida.
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