Agir coerente
O mundo está
assustado com tanta corrupção. É incalculável a vulnerabilidade de quem lida
com muito dinheiro. As pessoas não medem o tamanho das consequências provocadas
por atitudes desonestas, injustas e irresponsáveis. Lesam a dignidade das
instituições. Quem sofre com isso são os mais fracos, que dependem das
condições mínimas para sobrevivência e uma vida digna.
Ainda bem
que nem tudo está perdido! Há possibilidade de uma sociedade diferente, de
práticas com mais transparência, com a atuação de pessoas eticamente bem
formadas. Os desonestos deveriam ser punidos com uma medida nas proporções do
roubo praticado. A impunidade é a principal causa do imbróglio que vemos.
As injustiças
dos últimos tempos no mundo, organizadas e maquinadas, afrontam as instituições,
as pessoas e o próprio Deus. Elas estão por todo lado, em todas as classes da
cultura moderna, surtindo efeito cascata, provocando um adágio muito
preocupante: “Fazem assim, porque eu também não posso fazer?”.
A bíblia fala do
valor da semente, quando plantada em terra boa. As consequências dependem da
identidade da semente e da terra onde é plantada. O dinheiro, em si, é bom. A
riqueza, também. O problema é a conduta de quem administra riquezas monetárias,
não as destinando para os fins para os quais são determinados.
No passado, a
infidelidade do povo judeu lhe custou o preço do exílio na Babilônia. O povo
foi punido exemplarmente, fazendo-o restaurar e revitalizar sua identidade,
fragilizada pela desorganização e descumprimento dos preceitos do Senhor. O ser
humano tem capacidade para ser diferente e retomar um caminho de credibilidade
e confiança das pessoas. O Brasil precisa fazer esse processo.
Portanto, agir
coerentemente tem sido desafio para muitos de nossos dirigentes. Faltam
princípios básicos para cimentar uma prática de honestidade em relação ao que é
do povo, da coletividade, e não de suprir interesses particulares. Estamos em
momento de esperança diante da publicidade e da ação da justiça em relação a
algumas pessoas que depredam, de forma injusta, e desviam bens impróprios,
prejudicando a outros. Que realmente sejam punidos.
Dom Paulo Mendes
Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração:contracorrupcao.org
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