10º Domingo do Tempo Comum
Depois que o
homem comeu da fruta da árvore, o Senhor Deus chamou Adão, dizendo: “Onde
estás?” E ele respondeu: “Ouvi tua voz no jardim, e fiquei com medo,
porque estava nu; e me escondi”. Disse-lhe o Senhor Deus: “E quem te disse
que estavas nu? Então comeste da árvore, de cujo fruto te proibi comer?” Adão
disse: “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto
da árvore, e eu comi”. Disse o Senhor Deus à mulher: “Por que fizeste
isso?” E a mulher respondeu: “A serpente enganou-me e eu comi”.Então o Senhor
Deus disse à serpente: “Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os
animais domésticos e todos os animais selvagens! Rastejarás sobre o ventre e
comerás pó todos os dias da tua vida! Porei inimizade entre ti e a mulher,
entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o
calcanhar”.
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Salmo: 129
– No Senhor toda graça e redenção!
– No Senhor toda graça e redenção!
– Das
profundezas eu clamo a vós, Senhor,/ escutai a minha voz!/ Vossos
ouvidos estejam bem atentos/ ao clamor da minha prece!
– Se
levardes em conta nossas faltas,/ quem haverá de subsistir?/ Mas em
vós se encontra o perdão,? Eu vos temo e em vós espero.
– No Senhor
ponho a minha esperança,/ espero em sua palavra./ A minh’alma espera
no Senhor / mais que o vigia pela aurora.
– Espere
Israel pelo Senhor,/ mais que o vigia pela aurora!/ Pois no Senhor se
encontra toda graça/ e copiosa redenção./ Ele vem libertar a Israel/ de
toda a sua culpa.
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2ª Leitura: 2Cor 4,13-18.5,1
Sustentados pelo
mesmo espírito de fé, conforme o que está escrito: “Eu creio e, por isso,
falei”, nós também cremos e, por isso, falamos, certos de que aquele que
ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará também com Jesus e nos colocará ao
seu lado, juntamente convosco. E tudo isso é por causa de vós, para que a
abundância da graça em um número maior de pessoas faça crescer a ação de graças
para a glória de Deus. Por isso, não desanimemos. Mesmo se o nosso homem
exterior se vai arruinando, o nosso homem interior, pelo contrário, vai-se
renovando, dia a dia.
Com efeito, o
volume insignificante de uma tribulação momentânea acarreta para nós uma glória
eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos
olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é
visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno.
De fato, sabemos
que, se a tenda em que moramos neste mundo for destruída, Deus nos dá uma outra
moradia no céu que não é obra de mãos humanas, mas que é eterna.
Evangelho: Mc 3,20-35
Jesus voltou
para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem
sequer podiam comer. Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram
para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si.
Os mestres da
Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu,
e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios.
Então Jesus os
chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? Se
um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. Se uma
família se divide contra si mesma, ela nos poderá manter-se. Assim, se
Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será
destruído.
Ninguém pode
entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só
depois poderá saquear sua casa. Em verdade vos digo: tudo será perdoado
aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas
quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado
de um pecado eterno”.
Jesus falou
isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”. Nisso
chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram
chamá-lo. Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram:
“Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”. Ele respondeu:
“Quem é minha
mãe, e quem são meus irmãos?” E olhando para os que estavam sentados ao
seu redor, disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade
de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
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Reflexão
O fechamento à graça de Deus
A contar pelo
contexto literário, os textos anteriores ao nosso nos permitem ter o pano de
fundo a partir do qual é feita a acusação pelos escribas oriundos de Jerusalém,
de que Jesus agia impulsionado por um espírito mal, Beelzebu. Efetivamente, o
modo como Jesus interpretava e praticava a Lei de Moisés não só punha em crise
como fazia desmoronar o sistema de pureza e a prática da Lei, pautada por um
rigorismo tal que, mais adiante no relato de Marcos, Jesus dirá ser “tradição
humana” (cf. Mc 7,8.13) que deixa de lado o “mandamento de Deus”.
Os escribas e
com eles os fariseus, entre outros, se sentiam ameaçados em seu modo de
praticar a religião. A esclerocardia deles (cf. Mc 3,5) impedia-os de
questionar o seu próprio modo de viver a religião. Julgando-se justos por essa
prática da Lei, para eles todos os demais estavam equivocados. Daí a crítica
intempestiva e contraditória a Jesus.
O ouvinte e o
leitor do evangelho que conhecem o relato do batismo de Jesus sabem que é
revestido do Espírito Santo (Mc 1,9-11); é essa força interior que inspira as
palavras e impulsiona a ação de Jesus. Por isso, não pode admitir, a não ser como
absurda, a acusação dos escribas. Ninguém podia fazer o bem que Jesus fazia se
Deus não estivesse com ele (cf. Jo 9,33).
A blasfêmia
contra o Espírito Santo é fechamento à graça de Deus. Ela fecha o caminho da
salvação. Ela consiste em sustentar que em Jesus age um espírito impuro. É essa
acusação que é portadora do mal. A vida de Jesus era desconcertante não somente
para os opositores de Jesus, mas também para a sua família.
O início do
evangelho de hoje já nos informa acerca do juízo e da intenção da família de
Jesus (cf. vv. 20-21). No entendimento da família de Jesus, ele estava “fora de
si”. Essa é a razão pela qual a família de Jesus, chegando ao lugar onde ele se
encontrava, manda chamá-lo, mas permanece do lado de fora da casa. Ora, para os
que estão do lado de fora, parece loucura o que Jesus faz e ensina (cf. Mc
3,20.31). Mas, para os que estão ao redor de Jesus e dentro da casa, o que
Jesus ensina e faz, o modo como vive, não somente faz sentido, mas dá sentido à
vida e faz viver. O episódio é a ocasião para afirmar que tudo na vida de Jesus
é expressão e engajamento para a realização da vontade de Deus. O que
caracteriza o povo, a família, que se reúne em torno dele, é a disposição de
fazer a vontade de Deus.
Reflexão: paulinas.org.br Banner: cnbb.org.br Ilustração: franciscanos.org.br
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