O Homem do Sudário
Desde o dia 12
de maio passado pode-se ver, em Salvador, a exposição internacional gratuita
intitulada "Quem é o Homem do Sudário?" (Adianto que essa exposição
se encontra no Shopping Bahia, irá até o dia 30 de junho, e está aberta
diariamente, das 9 às 22h).
Santo Sudário |
As referências
mais antigas ao Santo Sudário encontram-se no Evangelho. O evangelista Mateus
observou: "Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José,
que também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu
o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. José,
tomando o corpo, envolveu-o num lenço limpo e o colocou num túmulo novo,
que mandara escavar na rocha" (Mt 27,57-60a). O evangelista João,
depois de descrever a mesma cena (cf. Jo 19,38-40), testemunhou que ele próprio
foi ao túmulo de Jesus, "no primeiro dia da semana, bem de
madrugada". Pedro o acompanhava, mas ele, João, chegou antes ao
local. "Inclinando-se, viu as faixas de linho no chão, mas não
entrou. Simão Pedro... chegou também e entrou no túmulo. Ele observou
as faixas de linho no chão, e o pano que tinha coberto a cabeça de Jesus:
este pano não estava com as faixas, mas enrolado num lugar à parte"
(Jo 20,1-8).
O Santo Sudário
tem uma longa história; foi objeto de numerosos estudos por parte de cientistas.
Sua autenticidade tem defensores e também detratores. Estudos
recentes confirmam que se trata de um pano com cerca de dois mil anos; que
até recentemente não havia técnica alguma que possibilitasse uma
falsificação tão perfeita; que o que ele encerra de segredos é inimaginável
etc. É importante lembrar que não se trata de matéria de fé; por
isso, reconhecendo que não tem competência para julgar questões
científicas, a Igreja confia esses estudos aos cientistas.
O interesse pelo
Santo Sudário se deve ao fato de ele ser uma referência a Jesus Cristo, o
mistério mais profundo da história humana. Alguém já observou que tal mistério
tem como causa ser ele filho de uma mulher humilde e simples; ter nascido
numa gruta e vivido numa cidade (Nazaré) tão pouco importante que no
Antigo Testamento nunca houve uma referência a ela. Ali, até os trinta
anos, trabalhou como carpinteiro. Depois, por três anos, percorreu
sua terra, falando do "Reino de Deus". Nunca esteve em algum
lugar que ficasse a mais de 300 quilômetros do local onde nascera. Nada
nos deixou por escrito. Não constituiu família. Não estudou no Templo de
Jerusalém, embora, quando tinha doze anos, lá discutisse com os Doutores
da Lei. Nunca buscou o "sucesso". Abandonado pelos amigos, morreu
crucificado. Três dias depois, no sepulcro em que estava, ficou só o
lençol que o cobria. Ressuscitado, apareceu diversas vezes aos apóstolos.
Comeu com eles e deixou que tocassem em suas chagas... Passados vinte
séculos, continua sendo a figura central da humanidade. O tempo histórico
da vida humana é reconhecido como o antes e o depois dele.
Guardemos para
nós dois testemunhos: "O Sudário é um ícone [= imagem] escrito com o
sangue; sangue de um homem flagelado, coroado de espinhos, crucificado e ferido
no lado direito" (Bento XVI, 02.05.2010). "O precioso linho nos
pode servir de ajuda para melhor compreender o mistério do amor do Filho
de Deus por nós" (João Paulo II, 24.05.1998).
Dom Murilo S.R.
Krieger - Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil
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Fonte: cnbb.org.br Ilustração: diocesedecoxim.org.br
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