Amazônia sofre
com mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro
Na manhã
deste sábado (6), Francisco enviou uma mensagem aos participantes do 2º Fórum
das Comunidades Laudato si’ que acontece em Amatrice, cidade italiana do Lácio,
na mesma região de Roma. No texto do Pontífice, o incentivo a novos estilos de
vida, seguindo as orientações da Encíclica e através três palavras: doxologia,
eucaristia e ascese. O Papa, porém, reflete novamente a sua preocupação com “a
grave e já insustentável situação da Amazônia e dos povos que moram lá”:
"o homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa
destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio".
Cidade do
Vaticano - O Papa enviou uma mensagem neste sábado (6) àqueles que se encontram
em Amatrice, cidade italiana do Lácio, na mesma região de Roma, para participar
do 2º Fórum das Comunidades Laudato si’. O movimento, idealizado pela Igreja de
Rieti e pelo Slow Food, reúne pessoas e associações na Itália empenhadas na
difusão do pensamento da Encíclica de Francisco através de encontros ou
iniciativas práticas. Outros locais no mundo, como é o caso de Brasília/DF,
também estão ativando essas comunidades, que inclusive contribuem ao movimento
ambientalista pelo ponto de vista da “ecologia integral” e da conexão estreita
pelo respeito à Casa Comum e à justiça social.
Na mensagem,
o Pontífice começou saudando a organização e os participantes que aceitaram
promover o evento “num território devastado pelo terremoto que atingiu a Itália
central em agosto de 2016” e fez muitas vítimas. “É um sinal de esperança”,
salientou o Papa, pelo evento acontecer em Amatrice para tratar de
“desequilíbrios que devastam a nossa Casa Comum”; e “é um sinal de proximidade”
aos irmãos que sofreram a tragédia, “os pobres que pagam o maior preço das devastações
ambientais”.
A já
insustentável situação da Amazônia
Francisco
então lembrou do tema enfrentado no ano passado pelo Fórum – “do plástico que
sufoca o planeta” – para dar seguimento à reflexão de hoje sobre “a grave e já
insustentável situação da Amazônia e dos povos que moram lá”. “Planeta
Amazônia” é uma inspiração oriunda do Sínodo dos Bispos de outubro deste ano
que irá analisar a realidade amazônica.
“A situação
da Amazônia é um triste paradigma do que está acontecendo em muitas partes do
planeta: uma mentalidade cega e destruidora que favorece o lucro à justiça;
coloca em evidência a conduta predatória com a qual o homem se relaciona com a
natureza. Por favor, não esqueçam que justiça social e ecologia estão
profundamente interligadas!”
"Aquilo
que está acontecendo na Amazônia terá repercussões em nível planetário, mas
prostrou milhares de homens e mulheres roubados do seu território, que se
tornaram estrangeiros na própria terra, depauperados da própria cultura e das
próprias tradições, quebrando o equilíbrio milenar que unia aqueles povos à sua
terra. O homem não pode permanecer um espectador indiferente diante dessa
destruição, nem a Igreja deve ficar em silêncio: o grito dos pobres deve
ressoar da sua boca, como já indicava São Paulo VI na sua Encíclica Populorum
progressio.”
Na mensagem,
Francisco também deu a sua indicação, na perspectiva pragmática de favorecer
novos estilos de vida, seguindo as orientações da Laudato si’ e através de três
palavras: doxologia, eucaristia e ascese.
A doxologia
O Pontífice
começou tratando da doxologia ao incentivar uma postura de louvor “diante do
bem da criação e, sobretudo, do bem do homem que é o ápice da criação, mas
também guardião”. Perante tanta beleza e com olhos de criança, “devemos ser
capazes de apreciar a beleza que nos circunda”. Afinal, explicou Francisco:
“O louvor é
fruto da contemplação, a contemplação e o louvor levam ao respeito, o respeito
torna-se quase veneração diante dos bens da criação e do seu Criador.”
A eucaristia
Sobre a
postura eucarística perante o mundo, o Papa comentou da importância de
identificar o dom que cada um carrega consigo, já que tudo nos é dado
gratuitamente. Dessa forma, “não é para ser depredado e ocupado”, mas para ser
“compartilhado, um presente a ser dado para que a alegria seja de todos e,
portanto, seja maior”.
A ascese
O Papa
finalizou a mensagem indicando a terceira palavra: ascese. “Toda forma de
respeito nasce de uma atitude ascética, isto é, da capacidade de saber
renunciar a algo por um bem maior, por um bem dos outros. A ascese nos ajuda a
converter a atitude predatória, sempre à espreita, para assumir a forma de
compartilhamento, de relacionamento ecológico, respeitoso e educado”, disse
Francisco, ao desejar que as Comunidades Laudato si’ possam ser “a semente de
um modo renovado de viver o mundo para lhe dar futuro, para preservar a beleza
e a integridade pelo bem de todos os seres vivos”.
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Fonte: vaticannews.va
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