Cultivar a
Videira
“Eu contava com uvas de verdade, mas por que produziu ela uvas selvagens?” (Isaías 5,4).
Muitos plantam árvores
frutíferas e querem sua produção que satisfaça seu apetite e até renda dinheiro
com sua comercialização. Para isso, dão-se o trabalho do cultivo adequado com a
preparação do terreno, a irrigação e a poda, não se esquecendo de arrumar mudas
ou sementes boas. Ao contrário, podem produzir frutas azedas ou estragadas. Não
devem esquecer de proteger a plantação para não ser roubada a produção.
Nossa vida
pessoal e social pode ser comparada à plantação, com seu cultivo e
cuidado. Nem sempre seu surgimento é preparado adequadamente e as consequências
infelizes acontecem com os problemas de saúde física, emocional, familiar,
social e espiritual. Quando a família não é bem preparada e conduzida, temos
resultados de desequilíbrios para a vida toda. Remediar é pior do que preparar.
A formação do caráter de uma criança se dá com êxito de ajuste afetivo, sexual,
ético e moral para o decorrer da vida.
O profeta narra
a situação da vinha, ou seja, do povo hebreu, que não forneceu frutas boas de
vida conforme o projeto divino: “Eu contava com uvas de verdade, mas por que
produziu ela uvas selvagens?” (Isaías 5,4). A liberdade humana, quando não bem
usada, pode estragar a vinha, ou seja, a convivência na justiça, na promoção da
dignidade humana, na inclusão social, na guerra, na concentração de bens e
outros benesses nas mãos de poucos, no desrespeito ao meio ambiente...
Para a melhora
da convivência humana é preciso refundar-se a vida no sentido original
oferecido pelo Criador. Não à toa Jesus ensina que isso acontece só quando cada
um estiver disposto a dar de si pelo bem do outro. É o amor com a pureza de
intenção da oblação, sem a busca de vantagem pessoal. É o amor motivado no
divino. Vemos pessoas que fazem isso, com a doação total de si, trabalhando
pelo bem da boa educação, da inclusão social, da formação da família condizente
com o projeto divino e da política da real promoção do bem comum.
Na parábola da
vinha Jesus compara o arrendamento da mesma ao povo judeu. Este não entregou o
resultado de tal procedimento com o pagamento do percentual devido ao
proprietário. Antes, ele mandou até matar o filho do dono, que foi cobrar o
devido. Por isso, ele prometeu arrendar a vinha a outros: “O reino de Deus vos
será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos” (Mateus 21,43). De
fato, vamos prestar contas a Deus sobre o que fazemos da vida pessoal e
comunitária. Se julgarmos poder fazer o que bem entendermos de
nossa existência na terra, não nos comportando conforme os ditames do
bem, não teremos o resultado bom do mal que fizemos. Precisamos cultivar a
consciência e a prática do bem conforme o projeto divino. Não somos deuses e
sim sua imagem e semelhança. Não somos os donos e sim administradores de nossa
vida. O próprio Jesus lembra que, pelos frutos, se conhece a árvore!
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo
Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste..2.org.br
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