Amor aos Frágeis
Ninguém é dono de nada e sim administrador dos dons divinos para servirem principalmente os mais fragilizados socialmente.
A bíblia está
cheia de enunciados e ações divinas e humanas, conotando a indicação, a
promoção e a defesa dos mais frágeis na comunidade. Aliás, todo ser humano é
muito fraco em relação a si mesmo, pelo fato de ser humano. Basta alguém ter
uma doença de certa gravidade para perceber que seus bens e atributos pessoais
e sociais não adiantam muito para resolver a superação de suas enfermidades. O
dinheiro não compra a vida perene nesta terra. Mesmo a pessoa de boa saúde não
pode se exaltar, pensando que tem o poder divino e tudo pode nesta terra.
Ninguém tem o poder divino. O certo é que todos nós vamos para a sepultura e
não vamos levar nada para a vida eterna, a não ser o bônus de nosso amor ao
semelhante. Jesus lembra que não adianta ganhar o mundo inteiro se a pessoa
perder a vida eterna feliz.
Enquanto temos
tempo nesta caminhada terrena precisamos ir entesourando méritos para sermos
dignos de que Deus olhe com benevolência para ver nosso esforço de corresponder
a seu amor e seguir seus preceitos. Nossas capacidades, como vida, inteligência
e outras qualidades, só nos são benéficas quando permeadas de amor e serviço ao
bem do semelhante e de toda a sociedade. Para isso, é preciso que formemos
nossa consciência cidadã, ou seja, a de ter compaixão e amor para com as
pessoas que vivem ao nosso redor, principalmente as mais fragilizadas e
necessitadas. Por que não ter o olhar de compaixão e benevolência para quem não
tem suporte e amparo para superar seus limites? A bíblia fala claramente para
não maltratarmos quem é estrangeiro, órfão e viúva, bem como não exploramos
quem nos deve, pois, eles clamarão por Deus. Ele os ouvirá e nós seremos
penalizados por isso (Cf. Êxodo 22,20-26).
Os bons exemplos
estimulam outros a também amar e servir o próximo com atenção e ajuda contínua
aos necessitados e às instituições filantrópicas. Fazem o bem às pessoas e à
comunidade sem busca de vantagens. Devem ser imitados, como lembra o apóstolo
Paulo. Ele é verdadeiro estímulo a ser seguido (Cf. 1 Tessalonicenses 1,5-10).
Temos inúmeras iniciativas de grupos que não medem esforços para a promoção da
vida e da dignidade humana, através de escolas, hospitais, creches, asilos de
idosos, obras de filantropia e caridade. Eles precisam de mais atenção da
sociedade e de políticas públicas que as apoiem para melhor ainda servirem as
pessoas carentes. Quanto dinheiro público e particular deveria, por dívida
moral, colaborar com essas entidades! Teríamos menos roubos e mais serviço
prestado ao bem comum. Pessoas ricas existem, que fazem obras de bem e são
louváveis! Mas deveríamos ter muito mais! Há ricos que são insaciáveis em cada
vez mais acumularem para si e deixarem heranças para os herdeiros até brigarem
e se matarem, sem hipoteca social. Um dia vão prestar contas a Deus por não
administrarem as fortunas conforme o desígnio divino. Ninguém é dono de nada e
sim administrador dos dons divinos para servirem principalmente os mais
fragilizados socialmente. A parábola do rico epulão e do pobre Lázaro vale
sempre!
Jesus lembra os
dois mandamentos fundamentais: amar a Deus e ao próximo (Cf. Mateus 22,34-40).
Se todos os seres humanos os assumissem e praticassem teríamos os antídotos
para todos os males da sociedade e resolveríamos os problemas de injustiças e
exclusões sociais. Basta nos conscientizarmos e ensinarmos isso a todos!
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste..2.org.br Ilustração:
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