Joio e Trigo
Quem vive como o trigo não se apavora com a realidade do joio a seu redor.
O julgamento
precipitado pode fazer a pessoa arrancar o trigo junto com o joio, prejudicando
o bom produto das pessoas de bem.
Na parábola do
plantio do trigo Jesus sabiamente ensina a paciência e a se esperar pela
maturação da vida de virtude e valor frente às pessoas de má conduta (Cf.
Mateus 13, 24-30). Não se deve condenar antes da hora para não se cometer
injustiça com quem é do bem e tudo faz para contribuir com uma convivência de
promoção da vida digna para todos. Por parte de pessoas de mau caráter há
muitas tentativas de condenação dos bons. Inventam males e interpretam
maldosamente atitudes de quem age com lisura e realiza benefícios ao próximo e
a toda a comunidade. Pelos frutos se conhece a árvore. Sabe-se, no entanto, que
a inveja, as acusações infundadas e o ataque ao outro sem provar nada que o
desabone, são armas muito usada por culpados para desviarem o foco de suas
ilicitudes. Até se sabe que os bons muitas vezes são perseguidos porque os maus
não aguentam ver seus bons exemplos. Aliás, é conhecido o ditado: “a árvore
frutífera é a que recebe pedradas”.
O julgamento
humano nem sempre acerta com a verdade, a justiça e o bem das pessoas. Muitas
vezes falha. Há quem já foi condenado à morte e perdeu a vida sendo inocente!
No entanto, temos que acreditar na justiça. Mas o maior justo é Deus. Ele não
julga nem condena antes da hora. A última palavra é a dele. Por isso, o que
mais devemos observar é nossa atitude, para não sermos julgados por Deus.
Aliás, Ele nos dá toda a chance de nos converter e apresenta meios e
oportunidade de revisão e mudança de encaminhamento da vida para superarmos
nosso erros. Ele não quer nossa condenação. Oferece o perdão e penalização
pedagógica para sairmos de uma conduta errada e infeliz para nosso próprio bem.
Por isso, apresenta-nos a justiça misericordiosa, embutindo em nossa
conversão a força da reconciliação e da vida nova.
A justiça humana
deveria usar a penalização adequada como meio de regeneração e mudança de vida.
Mas, muitas vezes, é usada como castigo ou retaliação, que não traz recuperação
nem melhor inserção da pessoa na convivência social de mais justeza e
equilíbrio de relações. Vejamos, por exemplo, o sistema prisional, que, ao
invés de corrigir, faz degradar mais ainda a pessoa humana, tornando-a mais
desumana. Nossas prisões, em maior parte, são desumanas e não parece haver
vontade política para mudar esse infeliz quadro.
Quem vive como o
trigo não se apavora com a realidade do joio a seu redor. Não pensa em destruir
o joio, mas sim em cooperar para ser um exemplo de quem não tem medo de
praticar a justiça, a misericórdia e todo o bem possível. Contribui para uma
convivência humana e solidária com a sociedade. Isso acontece na família, no
trabalho e em toda a vida social. Aproveita sempre as oportunidades para fazer
o bem mesmo a quem faz o mal, acreditando na força da graça divina, que pode
tocar nos corações para sua conversão. Quantas pessoas já se comportaram como
joio e se converteram. Enquanto temos vida, podemos endereçá-la melhor para uma
convivência mais promotora do bem comum. Para isso, precisamos usar bem a
inteligência para sabermos corrigir os males sociais com atitudes e
determinações legais e éticas de penalização acertada a quem precisa de
correção.
Dom José Alberto Moura - Arcebispo de Montes Claros (MG)
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Fonte: cnbbleste2.org.br Ilustração: sabercatolico.blogspot.com.br
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