"Carta ao Povo de Deus"
Reunidos desde a
última segunda-feira na Comunidade Sol de Deus, os 92 participantes da I Semana
Provincial de Lirturia da Províncial Eclesiástica de Pouso Alegre encerraram
suas atividades nesta sexta-feira, 28. O objetivo foi aprofundar a riqueza
dos Sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia, em suas dimensões teológica,
litúrgica e pastoral.
Como primeiro
ato, uma carta "Ao povo de Deus" foi emitida, demonstrando os
desafios e compromissos assumidos por todos.
Leia a
"Carta ao povo de Deus"
Nós, os
participantes da I Semana Provincial de Liturgia da Província Eclesiástica de
Pouso Alegre (MG), realizada na Comunidade Sol de Deus, em Itajubá (MG), de 24
a 28 de julho de 2017, experimentamos uma vez mais a bondade de Deus, que
realizou maravilhas nestes dias. E podemos cantar: "Ao Senhor dos
senhores cantai, maravilhas só Ele quem faz. Bom é Deus! Ao Senhor, pois,
louvai! Eterno é seu amor! (Sl 136).
Os Sacramentos
da Iniciação à Vida Cristã e Liturgia foi o tema que nos congregou, e fomos
iluminados pelo lema: "Então seus olhos se abriram e O reconheceram"
(Lc 24, 31).
Reunidos na Comunidade Sol de de Deus |
O esforço
conjunto de nossas Dioceses (Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) fundamentou-se
na firme convicção de que falar de liturgia é proclamar nossa certeza de que
ela é a primeira e mais significativa forma de transmissão de fé, que acompanha
o cristão desde sua iniciação até o final da vida.
Ressoou em nosso
meio a palavra de nossos bispos: "A iniciação à vida cristã depende da
integração entre o processo formativo e a liturgia. A Liturgia é fonte
inesgotável de formação do discípulo missionário, e as celebrações, pela
riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas
como 'catequese em ato'"(CNBB, Doc. 107, n.182).
Nossos corações
se aqueceram, e nossos olhos se abriram pela Palavra ouvida e celebrada, pelas
vivências mistagógicas, pela convivência, pela vida fraterna, pelas partilhas
de vida pessoal e comunitária, pela reflexão, pelos cantos, pela alegria,
testemunho de acolhida e solidariedade.
Hoje, voltamos
aos "Onze, reunidos com os outros", aos nossos pastores e nossas
comunidades, para "contar o que aconteceu pelo caminho e como conhecemos o
Senhor" (cf. Lc 24, 33-35).
O que vimos e
experimentamos com mais consciência?
- A centralidade
do mistério pascal na sagrada liturgia e a unidade dos sacramentos de iniciação
cristã;
- O Sacramento
do Batismo como mergulho no mistério da vida nova e luz para toda a nossa
existência histórica, pessoal e social;
- O Sacramento
da Crisma, como sacramento em que o Espírito nos unge e nos envia em missão;
- A Eucaristia,
celebração memorial do Mistério Pascal, como ponto mais alto e plenitude de
todo o processo de iniciação à vida cristã;
Como
desafios-oportunidades percebemos que ainda falta muito para que a tão sonhada
"participação ativa, piedosa e consciente" (cf. SC 14) de todo o povo
nas celebrações litúrgicas seja uma realidade em nossas assembléias. Não raras
vezes as celebrações dos sacramentos da iniciação cristã acontecem com pouca ou
nenhuma profundidade, o que nos desafia e mostra a urgência de uma catequese
litúrgica mais eficaz. Pela deficiência da linguagem simbólica, pouca atenção à
Palavra de Deus, "sucateamento" da ritualidade tão cara à tradição da
nossa Igreja, má formação dos agentes litúrgicos, e de uma concepção mais
social do que espiritual desses sacramentos, as celebrações se esvaziam de sua
dimensão mistagógica, isto é, não se mergulha plenamente no Mistério de graça e
do amor de Deus.
Que compromissos
assumimos?
Certamente,
sentimos "arder nosso coração" nestes dias em que mais intensamente
experimentamos e rezamos a presença do Ressuscitado. Cabe-nos, agora, comunicar
a todos que encontramos pelo caminho a certeza de que Ele está no meio de nós,
nos educa através das Escrituras, e nos alimenta com o Pão da vida, para
levarmos vida a um mundo tão necessitado dos sinais de ressurreição. Por isso,
nos comprometemos com a nossa formação e a de nossos irmãos e irmãs de nossas
comunidades; com liturgias mais mistagógicas, que façam sentido e provoque
encontros transformadores com Jesus Cristo; com a necessária interação entre as
dimensões catequéticas e litúrgica da ação pastoral; com a urgência de prestar
mais atenção à realidade sofrida do nosso povo brasileiro, que precisa
encontrar na experiência sacramental e litúrgica a certeza do amor de Deus que
os anima a seguir sempre em frente; e com uma maior integração dos sacramentos
da iniciação à vida cristã, teológica e pastoralmente.
Ao final da
Semana, podemos comprovar que "o mistério de Deus jamais poderá ser
esgotado por nossas fórmulas doutrinais, celebrativas ou pastorais" e
que "mergulhar no Mistério, contemplá-Lo e saboreá-Lo é, para o cristão
uma tarefa sem fim" (CNBB, Doc. 107, n. 136).
Assim, mesmo
que a Semana tenha sido intensa, acreditamos que "somos neófitos
permanentes" e que a compreensão maior dos sacramentos da Iniciação à vida
Cristã se dará num processo de conversão contínua de nossas Igrejas, paróquias
e comunidades.
Que Maria, a
grande mistagoga, a virgem Aparecida, ajude-nos a viver como discípulos e
missionários de Jesus Cristo, e que possamos, com mais alegria e coerência,
celebrar o que acreditamos e viver o que celebramos.
Imploramos a
todos as bênçãos de Deus, e pedimos que rezem por nós e por nossas
comunidades"
Itajubá, 28 de
julho de 2017
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Fonte: arq.mirade.com.br Texto: Pe. Andrey Nicioli
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