sábado, 29 de julho de 2017

Participantes da Semana Provincial de Liturgia emitem

"Carta ao Povo de Deus"


Reunidos desde a última segunda-feira na Comunidade Sol de Deus, os 92 participantes da I Semana Provincial de Lirturia da Províncial Eclesiástica de Pouso Alegre encerraram suas atividades nesta sexta-feira, 28. O objetivo foi aprofundar a riqueza dos Sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia, em suas dimensões teológica, litúrgica e pastoral. 
Como primeiro ato, uma carta "Ao povo de Deus" foi emitida, demonstrando os desafios e compromissos assumidos por todos. 
Leia a "Carta ao povo de Deus"
Nós, os participantes da I Semana Provincial de Liturgia da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (MG), realizada na Comunidade Sol de Deus, em Itajubá (MG), de 24 a 28 de julho de 2017, experimentamos uma vez mais a bondade de Deus, que realizou maravilhas nestes dias. E podemos cantar: "Ao Senhor dos senhores cantai, maravilhas só Ele quem faz. Bom é Deus! Ao Senhor, pois, louvai! Eterno é seu amor! (Sl 136).
Os Sacramentos da Iniciação à Vida Cristã e Liturgia foi o tema que nos congregou, e fomos iluminados pelo lema: "Então seus olhos se abriram e O reconheceram" (Lc 24, 31). 
Reunidos na Comunidade Sol de de Deus
O esforço conjunto de nossas Dioceses (Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) fundamentou-se na firme convicção de que falar de liturgia é proclamar nossa certeza de que ela é a primeira e mais significativa forma de transmissão de fé, que acompanha o cristão desde sua iniciação até o final da vida. 
Ressoou em nosso meio a palavra de nossos bispos: "A iniciação à vida cristã depende da integração entre o processo formativo e a liturgia. A Liturgia é fonte inesgotável de formação do discípulo missionário, e as celebrações, pela riqueza de suas palavras e ações, mensagens e sinais, podem ser consideradas como 'catequese em ato'"(CNBB, Doc. 107, n.182).
Nossos corações se aqueceram, e nossos olhos se abriram pela Palavra ouvida e celebrada, pelas vivências mistagógicas, pela convivência, pela vida fraterna, pelas partilhas de vida pessoal e comunitária, pela reflexão, pelos cantos, pela alegria, testemunho de acolhida e solidariedade. 
Hoje, voltamos aos "Onze, reunidos com os outros", aos nossos pastores e nossas comunidades, para "contar o que aconteceu pelo caminho e como conhecemos o Senhor" (cf. Lc 24, 33-35).
O que vimos e experimentamos com mais consciência?
- A centralidade do mistério pascal na sagrada liturgia e a unidade dos sacramentos de iniciação cristã;
- O Sacramento do Batismo como mergulho no mistério da vida nova e luz para toda a nossa existência histórica, pessoal e social;
- O Sacramento da Crisma, como sacramento em que o Espírito nos unge e nos envia em missão;
- A Eucaristia, celebração memorial do Mistério Pascal, como ponto mais alto e plenitude de todo o processo de iniciação à vida cristã;
Como desafios-oportunidades percebemos que ainda falta muito para que a tão sonhada "participação ativa, piedosa e consciente" (cf. SC 14) de todo o povo nas celebrações litúrgicas seja uma realidade em nossas assembléias. Não raras vezes as celebrações dos sacramentos da iniciação cristã acontecem com pouca ou nenhuma profundidade, o que nos desafia e mostra a urgência de uma catequese litúrgica mais eficaz. Pela deficiência da linguagem simbólica, pouca atenção à Palavra de Deus, "sucateamento" da ritualidade tão cara à tradição da nossa Igreja, má formação dos agentes litúrgicos, e de uma concepção mais social do que espiritual desses sacramentos, as celebrações se esvaziam de sua dimensão mistagógica, isto é, não se mergulha plenamente no Mistério de graça e do amor de Deus. 
Que compromissos assumimos?
Certamente, sentimos "arder nosso coração" nestes dias em que mais intensamente experimentamos e rezamos a presença do Ressuscitado. Cabe-nos, agora, comunicar a todos que encontramos pelo caminho a certeza de que Ele está no meio de nós, nos educa através das Escrituras, e nos alimenta com o Pão da vida, para levarmos vida a um mundo tão necessitado dos sinais de ressurreição. Por isso, nos comprometemos com a nossa formação e a de nossos irmãos e irmãs de nossas comunidades; com liturgias mais mistagógicas, que façam sentido e provoque encontros transformadores com Jesus Cristo; com a necessária interação entre as dimensões catequéticas e litúrgica da ação pastoral; com a urgência de prestar mais atenção à realidade sofrida do nosso povo brasileiro, que precisa encontrar na experiência sacramental e litúrgica a certeza do amor de Deus que os anima a seguir sempre em frente; e com uma maior integração dos sacramentos da iniciação à vida cristã, teológica e pastoralmente.
Ao final da Semana, podemos comprovar que "o mistério de Deus jamais poderá ser esgotado por nossas fórmulas doutrinais, celebrativas ou pastorais" e que "mergulhar no Mistério, contemplá-Lo e saboreá-Lo é, para o cristão uma tarefa sem fim" (CNBB, Doc. 107, n. 136).
Assim, mesmo  que a Semana tenha sido intensa, acreditamos que "somos neófitos permanentes" e que a compreensão maior dos sacramentos da Iniciação à vida Cristã se dará num processo de conversão contínua de nossas Igrejas, paróquias e comunidades. 
Que Maria, a grande mistagoga, a virgem Aparecida, ajude-nos a viver como discípulos e missionários de Jesus Cristo, e que possamos, com mais alegria e coerência, celebrar o que acreditamos e viver o que celebramos.
Imploramos a todos as bênçãos de Deus, e pedimos que rezem por nós e por nossas comunidades"
Itajubá, 28 de julho de 2017
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                                                               Fonte: arq.mirade.com.br   Texto: Pe. Andrey Nicioli

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