Justiça do Reino
A felicidade do
ser humano não tem consistência duradoura se não se basear no fundamento da
justiça, que traz o equilíbrio da vontade humana pautada pela divina.
No íntimo do ser
humano há tendências para a prática do bem ou do mal. A noção do bem,
solidificada com a vontade de se pautar por um caminho de busca de um ideal
pautado por valores éticos, morais e religiosos, leva a pessoa a alcançar sua
realização humana na busca e conquista deste ideal elevado. Ao contrário, se
ela se deixar levar por saciar os desejos instintivos desenfreados e opostos
àqueles da boa consciência, sua realização e felicidade se tornam efêmeras e de
um vazio existencial. A felicidade do ser humano não tem consistência duradoura
se não se basear no fundamento da justiça, que traz o equilíbrio da vontade
humana pautada pela divina.
Jesus ensina a multidão |
Se todos
ouvissem a proposta divina, já percebida na consciência bem formada e na
revelação de Cristo, seríamos mais solidários, justos, compassivos e
altruístas. Superaríamos a concentração de recursos exagerados nas mãos de
poucos para promovermos mais justiça na terra. Seriam banidas a fome, as armas
e as guerras. A formação com famílias melhor estruturadas e assistidas, a
educação de melhor qualidade, a saúde melhor encaminhada e a segurança mais
estruturada, todo tipo de benefício social seria mais democratizado. Aconteceria,
de fato, a inclusão social mais justa e a cidadania haveria de modo extensivo a
todos. Deus quer o bem de todos, mas respeita nossa vontade e ação para usarmos
a inteligência e todos os recursos que Ele nos dá para fazermos nossa parte.
Assim, faríamos deste planeta um lugar de verdadeira justiça em que reinem o
amor e a fraternidade. Para isso, precisamos da sabedoria que não provém
simplesmente de nossas capacidades humanas e sim da sabedoria de Deus, como
lembra o apóstolo Paulo (Cf. 1 Coríntios 2,6-10).
A sabedoria
divina nos é dada para sabermos obedecer ao Criador, na prática da justiça e da
caridade. Quem as praticar e assim ensinar aos outros “será considerado grande
no reino dos céus” (Mateus 5,19). Não se trata simplesmente de um ensinamento
religioso, mas também autenticamente humano. Hoje precisamos demais de promover
o que realmente nos humaniza, com o exercício das virtudes do altruísmo e da
promoção do respeito à dignidade humana. Assim colaboramos com o bem comum e
nos tornamos felizes porque damos de nós pelo bem do semelhante e de toda a
sociedade. Afinal, marcamos presença de qualidade aqui na terra e nos
realizamos porque usamos dos dons de Deus para amar e servir, mesmo à custa de
nos sacrificarmos pela promoção da justiça humana permeada com a divina.
Dom José Alberto
Moura - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
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Fonte: cnbbleste2.org.br Ilustração: snpcultura.org
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